Capítulo V.

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Antes:

Após salvar a nave, Kajka percebe que Kloéh age diferente com ele. À noite, ela pede para que o rapaz a acompanhe junto das criaturas que o atacaram no banheiro. Relutante, ele aceita e acaba descobrindo que algo terrível acontece do outro lado da nave.

Agora:

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― Abaixa! ― falou Kloéh me puxando para baixo e cobrindo sua cabeça com um capuz prateado que eu nem tinha notado que ela usava. ― Não podem nos ver aqui. Especialmente você. Toma ― ela me ofereceu um gorro e um tipo de óculos preto que aceitei, relutante. ― Não vai disfarçar muito, mas é o melhor que podemos fazer.

― Espera! Eu quero entender. Como assim essa é a verdadeira...

― Eu vou explicar ― disse ela, pausadamente. ― Mas não aqui, porque é muito perigoso. Tem muito monitoramento e acontecerão coisas ruins se nos virem aqui. Por enquanto só coloca isso e vem comigo.

Sem nem esperar minha resposta, Kloéh se levantou e seguiu para uma escadaria. Enfiei o gorro na cabeça, coloquei os óculos super-rápido e a segui.

Descemos as escadas até um extenso corredor muito diferente dos outros da nave ― cheio de aberturas que davam a impressão de camarotes para o mar de dor que era aquele lugar. ― Kloéh empurrou uma das paredes revelando uma outra escadaria e me mandou entrar. Depois que a obedeci, ela veio comigo fechando a "porta" atrás dela.

Kloéh segurou novamente minha mão e me puxou escada abaixo.

Descemos uma infinidade de degraus até finalmente pararmos no que parecia ser apenas uma sala vazia. A doutora então soltou minha mão e sinalizou para que eu fizesse silêncio. De braços abertos, ela encostou numa das paredes e deu dois tapinhas no metal. Em seguida subiu os braços e fez o mesmo mais acima, depois sussurrou alguma coisa e beijou a parede.

Linhas douradas surgiram no metal ― Kloéh voltou para meu lado, mas não falou, logo, achei que não devia falar também. ― As linhas dançaram pela superfície prateada formando um círculo e o preenchendo totalmente com sua luz. Por um tempo nada aconteceu, até que notei que a área dourada parecia mole. Como se estivesse derretendo e abrindo passagem para uma sala secreta dentro daquela outra sala secreta.

― Vamos ― disse Kloéh, seguindo em frente.

No segundo que passamos pela abertura, ela desapareceu. Respirei fundo. Não queria ferir Kloéh, mas talvez o faria se ela me levasse para alguma armadilha. Eu não podia matá-la. Isso estava muito claro para mim.

Afastei aqueles pensamentos. Se houvesse algum problema, improvisaria. Mas não podia continuar a pensar em matar Kloéh.

Seguimos por um corredor vagamente iluminado por luzinhas vermelhas. A certa altura Kloéh voltou a segurar minha mão. Não para guiar-me, apenas porque quis. Viramos vários corredores silenciosos até a doutora falar:

― Desculpe por esse caminho gigante. Tínhamos que fazer de um jeito que não deixasse qualquer um nos encontrar.

― Eu ia perguntar de quem você está falando, mas acho que já sei a resposta ou a falta dela. ― comentei. ― Mas pelo menos me diga se falta muito.

― Na verdade já chegamos.

E, num piscar de olhos, haviam dezenas de pessoas bem diante de nós.

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