Você ainda é o mesmo, mas eu não

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Naquele dia em que você bateu na minha porta outra vez e sorriu como se nada tivesse acontecido entre nós, eu pensei em te deixar entrar. Pensei que você tinha mudado e que nada seria como já foi um dia. É, talvez você tivesse mudado seu jeito imaturo e parado de soltar aquele sorriso de deboche que soltava toda vez que queria me irritar; eu odiava aquele seu sorriso. Ou talvez, você tivesse parado de ouvir rock e começado a ouvir reggae ou rap. Podia também ter parado de frequentar aquelas baladas imundas e de disputar com seus amigos quem conseguia beijar mais garotas em uma só noite. Você podia ter parado de mentir, de fazer besteiras e de me magoar tão facilmente como sempre fazia. Podia ter mudado o corte de cabelo e ter começado a fazer a barba; aliás, nunca entendi o motivo de você tanto odiar fazê-la, eu já havia lhe dito que sua barba bem feita lhe deixava com um ar de homem maduro, mas você nunca acreditava. É meu bem, você podia ter mudado seu jeito machista e galinha. Podia ter parado de soltar seus apelidos toscos para mim e de dizer o tempo todo que não era o cara certo. Talvez, se você tivesse feito esforço, podia ter sido o cara certo para mim. Mas você não fazia. A única coisa que fazia era ficar colocando barreiras numa coisa que deveria ser fácil e simples, ficar colocando empecilhos no nosso amor. Você só sabia fazer besteira. E eu já tinha me acostumado com isso quando você decidiu partir, mas naquela tarde, quando você voltou e eu imaginei outro rumo para nossa história... Percebi que não queria mais que você fosse o cara certo e que você mudasse toda sua vida para ficar comigo. Finalmente compreendi que você não era mais digno de uma nova chance e de voltar pra minha vida; não era mais digno do meu amor. Você podia sim ter mudado, mas sabe, nesse passar de tempo em que ficamos separados, quem acabou mudando fui eu. Mudei tudo, até meu guarda-roupa e meu jeito de agir, e acima de tudo, quando eu mudei, eu deixei de ser sua. Hoje eu já sou outra, e ao ser outra, eu não pertenço mais a você.

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