Epílogo

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- Amor, podemos ir em uma livraria? – Perguntou Sam, erguendo a sobrancelha sugestivamente para o homem a seu lado. - Tem um livro que alguém nunca terminou de ler pra mim... 

Ele corou violentamente, sabendo exatamente a que ela se referia com aquilo. Já fazia um ano que os dois estavam juntos, mas mesmo assim, a mulher ainda brincava com as coisas que Christopher fez enquanto ela dormia. E por mais que ele achasse engraçado, toda santa vez, fingia-se de chateado para ganhar alguns pontos com a namorada. Ninguém é de ferro, não é? 

- Dá para esquecer isso, Samantha? – Perguntou, emburrado. 

- Oh, que fofo você com essa carinha. Tá merecendo um milk-shake! Acho que tem uma sorveteria aqui perto. Quem sabe eu não te deixo lamber do meu braço? - Sugeriu, gargalhando ao ver a carranca do namorado. 

- Vem aqui, sua malvada. – Replicou Chris, dando um bote e lhe pegando pela cintura, jogando-a pendurada em seu ombro. 

- Christopher, seu retardado, estamos no meio do clube, por Deus! - Sam berrou, dando tapinhas nas costas dele e balançando as pernas. 

O homem continuou a caminhar, ignorando as pessoas que passavam por eles, como se nada estivesse acontecendo. Ele havia acabado de busca-la no Clube Santa Mônica, onde ela trabalhava desde que Dr. James a liberou para voltar à ativa. Os horários dos dois eram complicados, principalmente diante da irregularidade dos turnos de Christopher, mas ela entendia, não só seus horários malucos, como os riscos que ele precisava passar todos os dias para salvar vidas. Samantha entendia, para a surpresa e admiração dele. 

Samantha, por sua vez, vivia cada dia como um presente e agradecia a ele por isso todas as noites. Ela ficou seis meses frequentando uma psicóloga, e mesmo não tendo resolvido todas as questões relacionadas ao acidente, no geral, a mulher parecia em paz, tranquila, mesmo sentindo falta de sua família constantemente. 

- Olha só, você não precisa ficar demonstrando que tem músculos e que é tão gostoso para todo mundo ver. Eu já sei, acredite em mim. – Suspirou, cansando de se debater. Ela apoiou os cotovelos nas costas do rapaz. - Agora me solta. 

- Não. – Respondeu Chris. 

- Eu ouvi bem? – Rangeu os dentes, e arqueou a sobrancelha, mesmo que ele não pudesse ver. 

- Não até que você deixe pra lá essa coisa de ficar me zoando pelas coisas que disse enquanto estava em coma. 

- Por que eu faria isso, se é tão divertido zombar de você? – Perguntou Sam. – Não gosta do som da minha risada, é isso? 

- Sam, todo mundo sabe, por Deus! O que é dito durante o coma, fica no coma! - Ele respondeu, fazendo a gargalhar alto. 

Ela sabia que ele tinha revirado os olhos ao ouvi-la gargalhando. Quando se acalmou, suspirou e passou as mãos pelos olhos, limpando-as lágrimas que deixou escapar. Aproveitando-se da visão da bunda dele e de seu acesso a ela, ela esticou sua mão e deu um tapa nela, que foi prontamente revidado por ele. 

- Babaca. – Murmurou Samantha, revirando os olhos. 

Chris não era o rei das manifestações de carinho em público. 

- Eu ouvi isso. - Ele disse. 

- Era pra ouvir mesmo. Me larga, Christopher! - Pediu, debatendo-se novamente. 

- Diz que vai parar! 

- Digo nada! 

- Então aprenda a viver aí, por que eu não vou te soltar. - Christopher respondeu, decidido. 

- Chris, amor, seja racional. Eu estou até confortável. Você que vai cansar. - Sam disse, fingindo apoiar os braços no ar e deitando a cabeça sob eles. 

O homem parou, refletindo um pouco sobre o que ela tinha dito. Samantha provavelmente não aguentava mais a posição, mas mesmo assim, insistia em dizer que estava confortável. Ele sorriu e a mulher pensou estar ganhando a disputa entre eles, mas, nunca seria capaz de realmente saber o motivo pelo qual o homem sorria. 

Mais cedo, ao caminhar até o clube, Christopher passou por uma joalheria e viu na vitrine um anel que gritava pelo dedo de Sam, tão perfeito e delicado quanto ela - talvez a parte da delicadeza não parecesse tanto. Não estava planejando pedi-la em casamento tão cedo, muito menos procurando por um anel, mas não pôde ignorar a sensação crescente na boca de seu estômago que surgiu quando o viu. Ali mesmo, no meio da rua, ele decidiu que aquele seria o anel que pertenceria a sua futura noiva. Por um impulso, sacou um pouco do dinheiro que tinha em uma conta reservada para ocasiões especiais e comprou a joia. Não se arrependeu nem um pouco, e tinha certeza que assim que pedisse a mão da mulher, o sorriso dela faria valer à pena cada centavo. 

Porém, agora não parecia mais ter sentido esperar para pedi-la em casamento. Ele a queria como sua noiva, por que não fazer isso agora? Com isso em mente, e com a caixinha contendo o anel guardada em seu bolso, Christopher teve uma ideia. 

Começou a caminhar em direção à piscina do clube. Não poderia deixá-la em suas costas por muito tempo, para que não descobrisse sua nova aquisição, mas também não tinha como pegar a caixinha sem que ela visse. Por isso, fez a primeira coisa que veio em sua mente. Samantha provavelmente iria ficar possessa, mas ele não se importou, então, quando se aproximou da piscina e a mulher percebeu o que ele faria, ela berrou: 

- Chris.. Não se atreva! S... – A fala de Samantha foi interrompida assim que ela caiu na água, afundando na piscina. 

Sua roupa toda começou a grudar no corpo e ela prometeu mentalmente que mataria Chris assim que tivesse a chance. Porém, quando emergiu, a cena que viu a fez arregalar os olhos e quase gritar de felicidade instantaneamente. Seu namorado estava em sua frente, abaixado, segurando uma pequena caixinha que continha o anel mais bonito que ela já vira em sua vida. 

- Você é retardado? - Ela perguntou, a cabeça tombando para o lado e as mãos sendo levadas a boca imediatamente. 

- Talvez um pouco. - Christopher respondeu, dando de ombros. - Mas eu precisava de uma distração e não tinha como e... 

- Então você resolveu me jogar na piscina? - Samantha fingiu indignação quando na verdade segurava a risada e seus olhos enchiam de lágrimas de felicidade. 

- Sim. - Respondeu simplesmente, dando de ombros. - Você pode calar a boca e me deixar falar? - Samantha riu e apertou os lábios, ficando em silêncio. - Eu comprei esse anel hoje, mas não planejei essa situação. Eu vi o anel na vitrine e tudo que consegui enxergar foram seus olhos e a felicidade e calma que eles me trazem, então eu soube que, mesmo não planejando propor, eu precisava comprar pra quando o momento chegasse. E ele chegou antes que eu imaginava, com você pendurada em meus ombros e dizendo que estava super confortável. Ali eu percebi que não tinha porque esperar. Hoje, amanhã ou depois, meu amor por você só vai aumentar. O carinho e a admiração que eu sinto vão crescer cada dia mais. Você quer casar comigo? 

Samantha berrou inúmeros sim, com certeza, o que fez Christopher abrir um sorriso imenso e aproximar-se para beija-la. A mulher, porém, foi mais rápida e passou os braços ao redor do pescoço dele, puxando-o para dentro da piscina antes mesmo que ele pudesse abrir a boca para reclamar. Assim que emergiu, Chris olhou para ela e cruzou os braços. 

- Ah, não me olha com essa carranca, meu bem! Você fez isso primeiro! - Ela acusou, jogando água nele. 

- Você é uma idiota. – Replicou, revirando os olhos e aproximando-se dela, puxando-a pela cintura. 

- Sou a idiota que você ama. – Complementou, docemente, fazendo um biquinho. - E agora, sou sua noiva. 

- E agora, é minha noiva. - Christopher repetiu e sorriu, aproximando os lábios dos dela e lhe dando um selinho. O homem encarou os belos olhos de Samantha, como o bobo apaixonado que era e repentinamente teve uma realização. - Espera! Então isso quer dizer que você vai parar de zombar de mim por tudo que fiz enquanto você tava em coma? - Perguntou, piscando para a mulher. 

Ela riu e replicou com seu natural tom provocativo, aquele que ele ouviria pelo resto de sua vida: 

- Vai sonhando.

HaloWhere stories live. Discover now