Capítulo IV.

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Antes:

Após o ataque no banheiro, Kajka se vê diante de algo que ameaça a todos na nave. Algo que apenas ele poderia impedir. Então, ele retorna ao espaço orientado por Nabu-Rellier, mas num rompante abandona as instruções e decide agir por conta própria.

*

*

*

Agora:


Bastou a porta se fechar atrás de mim para uma legião de pessoas entrarem. Kloéh, Nabu-Rellier, Saifo, alguns outros homens-touro e até Faéro se esgueiraram em minha direção afobados e pasmos.

Kloéh foi a primeira a me alcançar.

Açu Zele rá, Kajka! ― bradou antes de me evolver com seus braços. ― Você está bem? Como você fez aquilo?

― Eu...

Então todos desembestaram a falar. Nabu-Rellier reclamou de eu ter estragado o traje e se apressou em tirá-lo de mim com a ajuda dos outros homens-touro. Saifo começou a tagarelar sobre querer conversar comigo sobre a sensação de estar dentro do "evento" e Kloéh sobre fazer mais alguns exames e se eu estava cansado ou algo do tipo.

Faéro pigarreou e todos se calaram.

― Kajka, em nome de todos nessa nave eu lhe agradeço! ― disse. ― O que fez hoje não será esquecido e, para garantir isso, eu gostaria de integrar você a tripulação da Prismhélio Mill, pelo menos até recuperar sua memória e escolher seu verdadeiro caminho. Isso, claro, se você aceitar.

Sem saber o que dizer, olhei para Kloéh. Ela sorria, mas era um sorriso diferente. Forçado.

― Eu aceito! ― falei, olhando para Faéro.

Com um sorriso de satisfação, ele caminhou até mim, ajoelhou-se ficando mais ou menos na minha altura e esticou seu braço. Estiquei o meu, meio sem saber exatamente para o quê, até Faéro cobrir meu antebraço com sua mão. Toquei no dele em resposta.

EntôCochê Roodon! ― entoou ele. ― Significa...

― A carruagem e o cocheiro! ― completei.

― Exato! Vejo que está começando a lembrar e isso é bom. ― depois soltou meu braço, levantou e disse a Kloéh: ― Se precisar fazer algum exame ou teste, a hora é agora. E quando acabar leve ele para um aposento no seu andar.

Ela fez uma reverência desajeitada e sinalizou para que eu a seguisse. Já estávamos quase no fim do corredor quando olhei para trás e vi todos nos olhando. Faéro, Saifo, Nabu-Rellier e seus auxiliares. Todos me olhavam, curiosos. Mas o que mais chamou a atenção foi a rápida aparição de uma criaturinha oculta nas sombras do outro lado do corredor. Ela encarava a cena, atenta e fugiu quando percebeu que eu a notei. Tudo foi muito rápido, porém foi suficiente para que eu me lembrasse dela pressionando uma faca contra minha garganta num banheiro.

*

Kloéh quase não falou enquanto me examinava. O máximo de sua voz que eu ouvia, era quando ela dizia onde eu devia pôr a mão ou o que fazer. O olhar dela parecia perdido. Ela estava triste, mas não perguntei o motivo. Se quisesse me dizer, me diria.

Depois que acabou os exames, ela me levou ― em silêncio. ― via cabine flutuante até uma área da nave que eu não conhecia. Era cinza e sem graça como quase todo o resto. Kloéh me guiou para uma parede aleatória e tocou num lugar aleatório que fez a "parede" se abrir e revelar um gigantesco quarto.

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