Capítulo 51: A Missão da Doutora Naoko - Parte 2

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Não deve ser tão ruim assim, pensava ele. Era a grande chance de se tornar um cientista de renome, mesmo com apenas dezenove anos de idade. Por um momento suspirou de decepção, mas voltou a se animar:

— Você quer ficar com ele até chegarmos lá? - perguntou a Naoko.

— Deixe pra quando chegarmos ao aeroporto, sim? Por enquanto pode ficar com ele em seu pulso. Só não toque nele aqui!

De repente, uma voz interfere na conversa dos dois passageiros:

— Puxa, enfim encontrei vocês aqui! Como esse avião é enorme!

Os dois olham para cima e vêem a imagem de um homem alto, branco, olhos verdes e cabelos loiros se posicionar ao lado deles com um sorriso. Ele vestia um notável terno vinho e tinha a voz mansa e aparentemente amistosa. Jackson sorriu de volta, surpreso:

— Senhor Karmack! Como vai o senhor? Que coincidência! Também está indo para a Austrália?

— Bem, podemos dizer que sim! Na verdade, estou cumprindo a mesma missão da doutora Naoko!

A doutora imediatamente se impõe:

— Eu... conheço o senhor?

— Seguramente, não! E isso é natural, pois sou um agente que trabalha de forma anônima!

— Agente anônimo? Pode me provar o que está dizendo?

— Bem, eu até poderia, mas você não tem, digamos... A autorização para ver minha credencial, já que sou um agente de elite!

— Oh, não se preocupe! Eu sou uma cientista a mando da Interpol, garanto que tenho todas as autorizações que imaginar! Agora, se estiver mesmo dizendo a verdade e estiver cumprindo uma missão secreta, ordeno que me apresente sua credencial!

— O garoto me conhece! Eu financiei o projeto dele.

— Isso é verdade? - pergunta Naoko, olhando para Jackson.

— S...sim! Ele pagou todos os custos da minha invenção e disse que acreditava em mim!

— É mesmo? - Naoko voltou a olhar para Karmack -  E qual o interesse do senhor nisso?

— Eu queria investigar até onde o garoto poderia chegar. No início, eu me recusei a acreditar que ele poderia fazer uma viagem no tempo e administrar isso dá forma que bem entendesse, mas pelo visto ele conseguiu seu objetivo. Mas agora eu preciso continuar minha missão, Jackson. Preciso que me entregue o portal do tempo para que possamos estudá-lo mais a fundo!

— Então você me enganou, foi isso? Financiou o projeto para que eu terminasse e entregasse a você?

— Não se trata de enganar, meu jovem... existem estratégias de operação que devem ser seguidas à risca, caso contrário, a missão não faria sentido!

Naoko Watanabe interviu:

— Ei, espere um momento! O garoto não vai entregar nada a você! Já disse uma vez e vou repetir: Esse é um trabalho da Interpol e eu vou mantê-lo até o fim! Não recebi comunicado algum de outro órgão responsável!

— Protocolos secretos não são mesmo informados a qualquer agente que não faça parte do serviço secreto - respondeu Karmack - Minhas ordens expressas são para interceptar o portal do tempo e levá-lo aos meus superiores!

— Isso é o que nós vamos ver! - Naoko pega seu celular e tenta entrar em contato com a Interpol, mas é interrompida pela voz de Karmack, que agora estava rouca, áspera e amedrontadora:

— Eu não faria isso se fosse você! - sua expressão de repente mudou. Seu rosto estava similar ao de um monstro, irado e faminto e seus olhos que eram verdes, ficaram vermelhos como sangue. Naoko ficou pálida de espanto e soltou o celular na mesma hora.

Jackson também se apavorou e instintivamente levantou a manga da sua blusa e procurou pelo portal do tempo. Naoko tentou impedi-lo:

— Não se atreva! O que quer fazer?

— Eu vou tirar a gente daqui!

— NÃO FAÇA ISSO! VOCÊ NÃO SABE CONTROLAR O TEMPO!

— Só vou regredir cinco minutos!

— Tire suas mãos daí, garoto! - exclamou o monstro Karmack - O tempo obedece apenas a Deus, você vai nos matar!

— Fui eu quem criou o portal! Você já mentiu demais para mim!

Mesmo sob as constantes advertências da doutora Naoko, Jackson aperta uma sequência de botões no portal do tempo e o que aconteceu depois foi absolutamente desastroso. Um grande temor se instalou no interior do avião. Uma turbulência violenta, que atirou todos os passageiros ao chão.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - gritou Jackson.

— EU DISSE PARA VOCÊ NÃO MEXER NO PORTAL AQUI DENTRO! - respondeu Naoko aos gritos, segurando-se em firme em seu assento! - VOCÊ ACABOU DE CRIAR UM TURBILHÃO NA HISTÓRIA!

— O QUE QUER DIZER?

— QUERO DIZER QUE O PORTAL ESTÁ MISTURANDO TODOS OS ANOS COMO SE FOSSE O PRESENTE! NÃO EXISTE MAIS PASSADO OU FUTURO! VOCÊ ME ENTENDEU?

Isso é terrível!, pensou Jackson. Estamos mesmo viajando pelo tempo! E não apenas nós! Todos nesse avião estão cruzando a história! Pessoas de todas as épocas estão junto conosco nesse mesmo voo!

De repente, Naoko interrompeu os pensamentos do jovem:

— JACKSON! PRECISA DESLIGAR O PORTAL OU ESSE TREMOR NÃO VAI PARAR!

— Sim, sim, me desculpe!

Então, Jackson digitou o código do portal do tempo em seu pulso e o tremor finalmente parou. No entanto, o problema é que não apenas a turbulência... Tudo parou no tempo, com exceção deles. Karmack desapareceu misteriosamente.

— O que aconteceu? - perguntou o jovem, vendo que tudo estava "congelado" ao seu redor.

— Estamos fora do limite tempo-espaço - respondeu Naoko -  Você fez com que o tempo literalmente parasse para todos no avião.

— Eu fiz... isso?

— Não se assuste! Precisamos pensar no que fazer! Vamos ver o que conseguimos.

Jackson e Naoko se levantam de seus lugares e tentam analisar os passageiros do voo de Sydney. Era assustador ver como elas estavam totalmente paralisadas, com expressões de dor e pânico. Naoko olhava para cada um e tentava conseguir algum documento que mostrasse o nome da pessoa. Algumas vezes conseguia e outras não. De repente, Jackson olhou para a aeromoça que estava caída e perguntou:

— Essa é a aeromoça do nosso voo? Não lembro dela aqui quando entrei.

Naoko corre até ela e olha diretamente para o seu crachá de identificação, o que fez com que ela se afastasse de um salto e colocasse a mão na boca de espanto.

— O que houve?, perguntou Jackson, apavorado.

Naoko precisou de alguns segundos para respirar fundo e olhar para Jackson:

— Esta é Naiara Dominguez. Ela era a aeromoça desse mesmo voo para Sydney.

— Ela era? Do que está falando?

— Naiara foi a aeromoça desse mesmo avião... há dezenove anos!





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