3

804 141 219
                                    

— Ah prima... — Mari me encara pensativa logo que termino minha história. — Eu acho que...

— Chegamos meninas! — a porta é aberta e minha mãe e minha tia entram totalmente animadas.

Olho para Mari curiosa. Tenho quase certeza que ela não vai poder me falar o que queria tão cedo.

— Oi mãe, oi tia! — sorrio.

— Olá querida! — minha tia me abraça. — Como você está?

— Estou bem... — bem confusa, isso sim. — E você?

— Estou ótima! Ela diz toda animada.

— Sabe o que nós vamos ter hoje filha? — minha mãe indaga radiante. — Um dia das meninas!

Assinto com a cabeça.

— Hum... Que legal. — abro um sorriso, pra não parecer rude.

— Ah Abagail, se anime! Glória e eu sempre fazíamos isso quando éramos adolescentes. — minha mãe diz com um ar meio sonhador.

— Acontece que a gente não é mais criança né tia. — Mari retruca.

— Ah deixa de ser sem graça Mari. — tia Glória reclama. — Pra mim você sempre será o bebê da mamãe. — encaro minha mãe e nós começamos a rir. Acho que que dezoito anos é uma idade bem ultrapassada para ser considerada um bebê.

Mamãe e tia Glória são  simplesmente as irmãs gêmeas mais loucas que conheço — talvez pelo fato de que elas sejam as únicas gêmeas que eu já conheci, mas isso não vem ao caso —, tecnicamente tia Glória nasceu primeiro e é a mais extrovertida e impulsiva, já minha mãe sempre foi mais tímida e ajuizada.

— Agora vá se arrumar pois nós vamos sair filha, já está todo mundo pronto. Menos você.

— Mas...

— Sem mas, vá logo se arrumar. — minha mãe ordena e eu saio me arrastando pela casa.

É... Adeus minha cama e a minha barra de chocolate. Meus planos definitivamente foram por água abaixo. Meu momento de reflexão vai ter que ficar para mais tarde.

***

— Ufa! Finalmente estamos livres! — Mariana comemora em quanto caminhamos em direção a praça de alimentação do shopping. Nossas mães estão conversando com um amigo delas da época da escola que encontraram.

— Nem me fale! — puxo uma cadeira para me sentar. — Mas e então Mari, o que você ia me dizer aquela hora mais cedo.

— Vejamos, esse tal de Gabriel aí gosta de você. — minha prima começa e eu franzo as sombrancelhas. Eu estava esperando ela me dar conselhos de como esquecer o Mário e não sobre o Gabriel gostar de mim.

— Muita calma nessa hora. — balanço a cabeça. — Não gosta não.

— Mas é claro que sim. — Mariana cruza os braços. — E isto está bem claro.

— Só foi um convite Mariana. — contesto. — Nada demais.

— Argh! Não dá pra te explicar as coisas. Você é muito cabeça dura.

— Nem vem com esse papo de eu ser cabeça dura. Todo mundo sabe que a única cabeça dura aqui é você! — digo e reviro os olhos.

— Ah é? Então por que você vai pedir conselhos pra cabeça dura aqui? — Mariana diz em tom desafiador. — Ah é, deixa eu me lembrar? Deve ser por que a Abgail aqui, não tem amigos! — ela apela.

Encaro Mariana perplexa por alguns segundos e me levanto rapidamente. Essa doeu, e muito. Caminho o mais rápido que minhas pernas me permitem em quanto alterno entre digitar uma mensagem de texto para minha mãe, avisando que estou indo pra casa.

Já na área externa do shopping, dou uma parada para guardar o celular. São cinco quilômetros de casa até o shopping, mas é melhor do que ter que ficar ouvindo um monte de perguntas da minha mãe e ter que suportar minha prima.

É tão sem sentido, eu não havia dito absolutamente nada de errado. Okay, tá certo que eu chamei ela de cabeça dura, mas foi ela quem começou. Pronto! Agora estou parecendo uma criança de cinco anos que brigou na escola, com todo esse nhen, nhen, nhem. Talvez Mari esteja de tpm e não tenha dito isso por mal — pelo menos é o que eu prefiro acreditar. Mas de qualquer forma, isso não deixou de me ofender.

Na família meio que sempre foi um assunto proibido, essa minha dificuldade de socializar e fazer amigos. É meio que uma lei. Sempre fui muito tímida e acanhada, até que chegou um ponto em que isso havia se tornado um problema para mim e tive que fazer terapia. Não que eu ainda não seja mais tímida, mas em comparação a antigamente, eu melhorei e muito, quanto minhas capacidades de socialização. Mas mesmo assim nunca consegui fazer amigos; no máximo alguns conhecidos.

Sou obrigada a admitir que nunca consegui fazer amigos pelo simples fato, de considerar os adolescentes ao meu redor fúteis demais. Nunca havia encontrado ninguém que não tivesse se deixado dominar pelo os hormônios e que agisse pela razão. Não que eu esteja dizendo que sou superior a alguém — eu estou apaixonada por Mário Almeida, argh! E isso já é um grande ponto negativo para mim! — mas meio que é difícil  encontrar amigos legais de verdade, em meio a um mundo onde as pessoas passam a maior parte do seu tempo preocupadas com qual a próxima foto que irão tirar, para suas vidas superficiais das redes sociais.

Mas isso me proporcionou uma coisa boa: eu aprendi a não me importar com o fato de ficar sozinha. Sei que isso pode parecer assustador para alguns, mas para mim não é. Nada melhor do que você e seus pensamentos. Afinal, a maioria das pessoas te abandonam nas horas que você mais precisa. Como diz o velho e bom ditado, é melhor sozinha do que mal acompanhada. E entre ter amizades falsas e superficiais, eu prefiro não ter.

Dou uma pausa para poder respirar durante o caminho. Será que já andei pelo menos um quilômetro? Obrigo os meus pés a continuarem caminhando, afinal, tenho que chegar em casa. Mais cedo ou mais tarde. E sobre o que Mariana falou, isso não vai me afetar. Afinal não se é necessário ficar provando nada para ninguém.

***
Me mantenho concentrada em quanto como minha barra de chocolate. Finalmente havia conseguido executar meus planos! Depois de uma desculpa qualquer sobre o meu sumiço para minha mãe ela me disse um "aham" meio desconfiado e me deixou. Pego meu celular na intenção de ver algum vídeo no YouTube, mas me assunto quando vejo a notificação na tela de início.

MÁRIO ALMEIDA LHE ENVIOU UMA SOLICITAÇÃO DE AMIZADE.

---------------------------------------------------------------------

Oi, oi gente! Sei que disse que ia postar amanhã, mas decidi aparecer hoje! É, aí gostaram?

Quero agradecer por toda repercussão que este livro está tendo! Sério mesmo, vocês são incríveis! Eu não imaginava que iam gostar tanto assim...

Enfim, só peço que não se esqueçam de votar galerinha. Isso é muito, mas muito importante pra mim! Pois é um incentivo!

Muito obrigada e até amanhã! <3

Qual a Probabilidade? (completo)Where stories live. Discover now