Capítulo 4

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Terceira pessoa

Ele se desconcentrou do livro ao ouvir alguém batendo na porta, se levantou um pouco ansioso, mas ficou desapontado por duas razões. Primeira, eram as criadas para vestir o loiro para o baile, e a segunda, não era quem Jake queria, Maven. Se sentiu meio estúpido em querer a companhia dele, levando o fato de que se conheceram a pouco tempo. Elas entregaram o traje em suas mãos, sem falar nada, fizeram um gesto para ele se vestir. O híbrido obedeceu, vestindo-se, esse traje com certeza era o mais elegante, e o tecido era mais confortável do que os outros, sendo que a blusa violeta que usava em baixo do terno de veludo vermelho era de seda, os botões tinham um formato de sol e eram pratas, as abotoaduras tinha o mesmo formato e cor, vestiu as botas, eram pretas mas muitos polidas, uma criada amarrou a máscara em seu rosto, ela tinha as cores de sua casa e sóis prateados. Se olhou no espelho, assustou-se quando não conseguiu reconhecer o próprio reflexo. Jakelyn estava nobre e elegante, sua postura estava ereta, dando um ar de força e poder. Mas “aquilo” não era ele. O mestiço não era assim, isso tudo era apenas uma máscara, uma farsa, que servia para esconder a vergonha que ele era de verdade. Jake não julgou essas pessoas, se estivesse no lugar deles iria querer esconder a aberração que era, porém agora, talvez ele se sinta mais útil, vai realizar o plano de Julian, ajudar, salvar, governar, quem sabe isso ajudasse-o a preencher o vazio dentro de si mesmo? De provar a si mesmo que ele não era a aberração que todos julgavam ser, por mais que isso esteja grudado em sua mente.
—Obrigado! —ele agradeceu, elas congelaram. Esse ato deixou-o confuso, mas aí ele se lembrou. Elas não eram tratadas como gente, eram maltratadas, e se reclamassem, eram castigadas. E tudo isso por causa de uma cor. Vermelho.
—Se você quiser demonstrar poder, não trate elas com educação. —Jakelyn ouviu uma voz sem vida dizer, se virou, e para sua própria decepção, não era Cal, nem Mareena, nem Lucas e infelizmente não era o Maven. Era um sentinela, considerada por ele, uma das piores companhias, só perdia para Elara e Tiberias, e seu pai.
—Saíam daqui imundas. —o sentinela ordenou e elas saíram rapidamente e com medo dele, o mestiço sentiu um pouco de raiva percorrer suas veias, as criadas não mereciam ser tratadas assim, ninguém merecia.
—Vamos. —ele falou desanimado, Jakelyn obedeceu, o silêncio que ficou entre eles durante sua caminhada era mortal, o loiro mascarado sentia os olhos dele perfurando sua alma, enquanto observava cada passo que ele dava.
—Vai continuar me encarando ou vai falar alguma coisa? —Jake se irritou com o olhar dele, o sentinela pareceu surpreso.
—Nada. Só estou cumprindo minha tarefa. —respondeu monotonamente, o garoto dos olhos violetas decidiu não fazer mais nenhum pergunta. Os dois entraram em algo semelhante à uma caixa de metal, as portas se fecharam e o sentinela apertar um botão e a caixa começou a subir rapidamente, Jake teve que se equilibrar para não cair e era muito apertado. A sorte foi que o passeio durou pouco tempo, as portas ligo se abriram, porém não era em nenhum salão de baile ou algo do tipo, era um corredor largo, só que mais curto, havia uma cortina no centro, elas pareciam estar sendo incendiadas, na frente da cortina estavam, Elara, Tiberias, Cal, Maven Mareena e Evangeline, todos com máscaras, com as cores de suas casas, o príncipe mais jovem segurava algo na mão, uma coroa! Era dourada com pedras vermelhas e violetas, em cada ponta estava desenhado um sol. Eles estavam esperando por Jake.
—Parabéns por não chegar atrasado. —Elara cumprimentou secamente, a princesa da Casa Samos riu da fala dela, seu filho revirou os olhos por trás da máscara.
—É normal chegar atrasado, você mesma me disse que por um tempo, fazia o mesmo. —Maven falou, as bochechas da rainha ficaram prateadas, ela havia ficado envergonhada! Os irmãos, Mareena e Jake, seguraram risos mas não evitavam os sorrisos de divertimento.
—Estamos sem tempo para risadas, Maven, a coroa. —o rei ordenou, percebendo o constrangimento dela, sua voz era forte, todos pararam de rir, ele se aproximou e entregou a coroa em suas mãos, Jakelyn pegou a coroa em suas mãos, analisou os detalhes, depois colocou em sua própria cabeça.
—Ótimo, agora não podemos deixar as moças esperando. —declarou a rainha, Cal e Evangeline foram os primeiros atravessarem, depois Maven que fez um sinal positivo para ele, e Materna que fez uma careta e apontou para a rainha fria, o loiro mascarado riu, Elara procurou a fonte de seu riso, mas a morena já tinha atravessado.
—Tenho certeza que já sabe o que vou dizer. —ela recordou friamente, seus olhos azuis afiados igual duas adagas. Jake estremeceu, aquela frase lhe trazia recordações, recordações não muito agradáveis. Tiberias colocou a mão em seu ombro.
—Nós dependemos disso, filho. —a voz dele era firme, mas também calma, totalmente diferente do jeito que tinha falado com o loiro na hora da entrevista, Jakelyn sorriu para se mesmo.
“Temos que tratar bem nossos peões.” Pensou com amargura, mas apenas assentiu, suspirou e atravessou a cortina. 

Aprendi a amar com você.Where stories live. Discover now