Subi para a moto um pouco mais calmo, embora o que estivesse prestes a fazer me tirasse do sério de todas as maneiras imagináveis. 

A Alice tinha ido com o Dylan à procura de provas na secretaria, um papel, um nome mesmo uma testemunha que soubesse quem tinha escrito aquela merda. 

A única coisa que me fazia sorrir era ouvir a Alice a reclamar com a mulher da secretaria para a deixar falar com o director, era uma coisinha pequena mas tinha um coração enorme e quando queria podia ser bem complicada, a mulher perdida em maquilhagem que o diga. 

Estava quase a chegar, sabia exactamente onde queria ir e quem queria encontrar. 

A minha mãe não tem aparecido no café, não responde às minhas chamadas e sempre que vou lá a casa para tentar falar com ela a empregada diz que não está ou dá outra desculpa qualquer, mas hoje não escapa. 

Até porque sei que nunca me faria isso. 

-Abram a porta caralho! - gritei irritado.

Sabia que estavam em casa porque ambos os carros estavam lá, talvez o Harry não estivesse mas isso era apenas um bónus. 

Se não me deixam entrar, então vou ter que arranjar outra alternativa. Olhei para a janela do meu antigo quarto, o quarto onde prendi a Alice quando estava bêbeda para protegê-la e provocá-la ao mesmo tempo. 

Subi pela árvore e usei o método que nunca me falhou na adolescência, bastava pressionar no sítio certo e voilá. 

Entrei no quarto rapidamente e senti-me subitamente irritado quando percebi que as minhas coisas tinham sido todas mudadas de sítio, ao menos significava que ele sabia que nunca ia voltar e nunca lhe ia pedir nada. 

Pela primeira vez dei graças ao meu esforço escolar porque tinha o meu futuro garantido, não precisava de ninguém a sustentar-me e conseguia ainda tratar da Alice. 

-Menino Brandon? - a empregada gritou quando me viu. -Não pode estar aqui, o seu pai não o quer aqui! - parecia muito ansiosa comigo tão perto. 

-Não é meu pai e estou me pouco fudendo, quero falar com a minha mãe. 

-Ela está na cozinha. - comecei a descer as escadas. - O seu pai, quer dizer o senhor Portman está no escritório cuidado. - sorri-lhe agradecido pela preocupação. 

Algo que também tinha aprendido nestes meses: nem todas as pessoas têm segundas intenções, algumas têm a sorte de serem boas. 

Empurrei a porta da cozinha e lá estava ela a fazer um bolo (?), parecia exausta de costas e quando se virou vi os nervos e ansiedade dos últimos tempos pesarem-lhe no rosto e nos cabelos brancos que antes pouco se viam. 

-Mãe! - corri e abracei-a com força. 

-Brandon não acredito que estás aqui meu querido! - abraçou-me com mais força e começou a chorar. 

-Tem calma mãe, estou aqui, estou aqui para ti. - aconcheguei-a nos meus braços. 

O amor que tenho à minha mãe e à minha avó são das emoções mais fortes que vivi ao longo da minha vida, mais fortes que o ódio felizmente. 

-Como é que entraste filho? Ele nunca te deixaria entrar, ele está em casa! - o corpo dela começou a tremer quando se lembrou do marido.

-Está no escritório não te preocupes, sabes que não costuma sair de lá a não ser que o vão chamar. - limpei-lhe as lágrimas. - Tem calma mãe, por favor. 

-Oh filho desculpa, desculpa! Devia ter ido ter contigo Brandon, mas não consegui. 

-Eu sei mãe, sei que nunca o farias se não fosse por ele. Tens que sair daqui, ele é uma pessoa horrível, nunca percebi porquê é que passaste tanto tempo com ele. Tens a tua vida, tens os cafés, tens-me a mim podes perfeitamente separar-te. 

Choque frontalWhere stories live. Discover now