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Caso você ainda esteja aqui e interessado no que eu tenho pra dizer, deixa eu tentar te contar desde o começo. Tentar, ok? Juro que minha memória não é uma das melhores e eu posso até alterar algumas coisas devido minhas memórias bagunçadas, fora que a gente tende a adicionar coisas que não aconteceram à nossa memória mas a gente jura que sim, você sabia? Pois é, mas só pra você saber. Vamos lá.

Bem, eu nasci, cresci, me desenvolvi. O normal, o esperado, ainda viva, ainda uma esperança pra família. Eu era linda, deus, como eu era linda! Muito fofa, preciso admitir. Minha mãe me diz que eu era uma criança muito quieta, que não chorava e não dava trabalho à ela, diferentemente do meu irmão que sempre foi um problema mas até hoje acho que eu que sou a ovelha negra da família, enfim, eu não lembro muito da minha infância mas pelas fotos eu era feliz, muito bem cuidada e extremamente mimada. Tinha brinquedos, roupas e tudo o que uma criança pode querer, e olha que meus pais sempre foram pessoas muito simples e que ganhavam no mínimo um sálario(da época, etc), o mesmo vale pro resto da minha família, mas eu tive muito mais sorte porque ganhei tanta coisa deles, enquanto eu acho que meu irmão e primos não tiveram a mesma sorte. Você já pode imaginar que eu também estudava em escolas boas. E eu de fato estudava em uma muito boa. Não tenho do que reclamar. De nada. Eu tinha colegas. Lembro de uns 5. Éramos realmente colegas e muito unidos, mas hoje em dia, eu não sei o que aconteceu com 3 deles. Outras 2, não olho nem na cara, enfim, espero que futuramente você entenda o porquê disso. Na minha vida inteira eu só estudei em duas escolas, a particular, que foi até o 5 ano, e do 6 em diante foi em escola pública. E a escola particular era maravilhosa, porém, tenho traumas que sinceramente pode parecer besteiras pras outras pessoas e eu admito que é sim besteira, mas não consigo superar até hoje, é incrível, eu sei. Dois desses traumas são os famosos bullyings por que o que seria da infância de uma criança sem o famoso bullying? No meu caso era em relação ao meu peso, claro que eu ficava triste e chorava, ainda acontece hoje em dia mas não choro tanto assim, só às vezes. O outro não era bem bullying, mas pelo que eu me lembro, um dia eu fui pra escola com o cabelo solto, porque meu pai tinha esquecido de amarrar ele, e ok, eu deixei solto e não liguei pra isso. Mas estavámos na aula e começaram a rir do meu cabelo que já estava bem alto e da minha mochila que na época era amarela e aparentemente masculina, meu pai comprou e eu aceitei porque foi a única que ele conseguiu comprar de rodinhas, as rodinhas naquela época eram um sucesso. É isso, besteira, né? Eu sei, dou risada mas até hoje não consigo deixar ninguém ver meu cabelo solto sob nenhuma circunstância e é normal até que a sua família não para de te encher o saco para você só soltar o cabelo, quero dizer, uma vez ou duas vai, mas imaginem isso o tempo todo e você tenta mas simplesmente não consegue? É terrível mas o problema ainda não é esse.

Bom, mudei de escola, escola pública, a mais concorrida do meu bairro. Juro, teve fila na noite anterior ao da matrícula. Meu pai foi. Dormiu lá. Consegui entrar nessa escola, massa. Começaram as aulas. Eu era bem desconhecida por lá, como devem imaginar. Eu não tentava fazer com que me conhecessem também, eu fazia o que eu tinha que fazer e era o que importava. Mas eu não era uma boa aluna, ficava na média e pelo menos isso. Mas na escola nova surgiram os trabalhos em grupos, com pessoas que eu não conhecia, eu até tinha uns colegas mas foi aí que eu percebi meu problema com timidez e apresentações em público. Eu perdi a conta de quantas vezes eu fiquei de recuperação porque deixei de apresentar um trabalho porque eu simplesmente não conseguia falar. Mas tinha uma apresentação específica no fim do ano, no 4 bimestre que era obrigatória e valia a nota toda, e se você fosse bem, poderia até te fazer passar de ano, caso tirasse uma nota alta. Essa eu tinha que apresentar, ou então era recuperação final e essa eu não podia fazer, como eu explicaria pros meus pais? Eles não aceitariam. Pois bem, nos 3 primeiros anos lá, nessa apresentação, eu conseguia até falar. Mas do 9 ano em diante, só decepção. Ou eu esquecia o que eu tinha que falar, ou entrava em desepero e falava tudo errado. Sério, não sei como eu passava de ano, era um desastre. Mas eu dava conta, ou tentava.

Foi aí que eu conheci o facebook. Era um dos motivos para eu ir mal na escola? Sim, totalmente. Eu reconhecia isso? Não. Continuava me dando mal? Sim. Mas eu fazia muitos amigos e conversava muito ainda, eu achava legal e por que eu iria querer parar? Realmente não parei. Conheci o twitter. Eu amava o twitter. Poderia falar de tudo lá, conversar com pessoas também, etc. Aqui o meu problema começa e eu vou tentar ser o mais imparcial possível e nem vou pedir sua dó também, eu mereço todo o julgamento ruim possivel pelo o que aconteceu e eu reconheço que é frescura, mas faz parte de mim e não tenho como mudar o que aconteceu. 

MemóriasWhere stories live. Discover now