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Luciana estava preocupada com suas dívidas. Precisava urgentemente ir ao banco renegociá-las. Andando pela rua, distraída, não reparou que estava passando bem debaixo de uma escada encostada em um prédio.
Quando se deu conta, soltou um gemido alto e botou as mãos no rosto. Foi o suficiente para ser atropelada por um ciclista que tinha perdido a direção.
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Ela caiu no chão e o homem logo veio pedir desculpas, largando a bicicleta de lado.
- Cuidado, você pode ser contaminado! - exclamou Luciana.
O ciclista se assustou e resolveu ir embora. Ela sabia que tinha falado uma grande besteira, mas é que estava desnorteada.
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Decidiu que era hora de enfrentar o banco, senão sua vida iria de mal a pior. Entrou na agência e foi falar com seu gerente.
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- Srta. Gomes, vejo que há um grande montante de dívidas. Mas felizmente hoje foi quitada uma delas.
- Ah, sim, que alívio! Na época eu não acreditava em corrente de internet, achava tudo uma grande bobagem. Não repassei e contraí 10 anos de azar.
- A senhorita demorou um pouco para perceber que as correntes têm consequências. Depois dessa, a senhorita não repassou a dos ETs, a da velhinha assassina, a do macaco golpista... É uma longa lista. Não deve estar sendo fácil sua vida.
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- É verdade... Para piorar, derrubei um saleiro, abri guarda-chuva em casa... Nem consegui casar porque varreram meu pé.
- Vejo aqui no sistema que a senhorita também não está em boas condições financeiras, pois coçou a mão para fora da palma e... - o gerente levou uma das mãos à boca e bateu 3 vezes na mesa de madeira com a outra - ... deixou sua bolsa no chão! Tinha muito dinheiro na bolsa?
- Toda a minha féria. - Luciana desviou os olhos, envergonhada. - Será que o senhor conseguiria uma renegociação das minhas dívidas?
- Verei o que é possível.
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O homem saiu da sala. Luciana ficou fitando a verruga em seu indicador. Maldita hora que foi apontar uma estrela para uma criança.
De repente, sentiu a orelha queimar. Será que o gerente estava falando mal dela?
Luciana tentou analisar a expressão do funcionário quando ele voltou, mas não chegou a nenhuma conclusão.
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- Podemos abater algum período de azar se a senhorita nos trouxer um trevo de quatro folhas, uma ferradura e um pé de coelho. Todos autênticos, não réplicas.
Ela não sabia como conseguiria, mas agora tinha esperança. Só precisava tomar cuidado para que o azar não a atrapalhasse. Agradeceu ao gerente e saiu do banco.
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Temerosa, foi andando até em casa, atenta a todo perigo. Quando abriu a porta do apartamento, Luciana gelou: o chinelo da mãe estava virado de cabeça para baixo.
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Desesperada, ela saiu correndo e o desvirou. Suspirou de alívio. Sua mãe quase tinha morrido. Mas quem sabe aquela "vitória" era uma pontinha de sorte?
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Esperançosa, Luciana se virou muito depressa e acabou tropeçando no sofá, caindo em cima de um espelho de corpo inteiro que ficava preso em uma parede.
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Mal teve tempo para pensar nos 7 anos de azar, pois o macaco golpista entrou de supetão pela janela e levou seu celular com todas as correntes recebidas e ainda não encaminhadas.

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