Capítulo 15

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Olá.
Bom domingo.
Tudo bem?
Queridas leitoras, todos os pormenores deste capítulo serão bem explicados nos próximos.
Sei que perguntas surgirão, mas tenham paciência. 💗
Boa leitura.

"Meu carro foi para a revisão. Seria possível apanhar-me no Conglomerado após às dezenove horas?
Se não puderes, não te preocupes. Irei de comboio. No entanto, lembre-se que este passageiro irá pagar por duas viagens."

Enviei uma curta mensagem de texto para Gonçalo ao entrar no carro. Havia acabado de fazer uma pequena paragem para tomar um chá antes de fazer o último percurso do dia.

Apesar da noite ter sido torrencial o dia amanhecera com um sol fraco que tentava a todo custo ultrapassar as brumas espalhadas por toda a cidade.

Pousei a mão no couro do volante gasto, respirei ao mais profundo ao trazer de volta o pequeno aparelho em mãos.

Não havia nenhuma mensagem dele.

Não entendia a razão de ficar um pouco decepcionada quanto a sua ausência. Isto era esperado. Romero não era alguém próximo, nem sequer um amigo. Havia pedido perdão por ter agido de maneira rude, ele retribuiu com uma mensagem apinhada de ramos de possíbilidades.

O alarme vindo do aplicativo de buscas de rotas cortou os pensamentos contraditórios em minha mente. O passageiro em questão estava numa rotunda próximo do local que estava.

Fiz um cálculo mental antes de aceitar a viagem. Deveria está em Vigo em quarenta minutos, daria tempo buscar o Gonçalo sem nenhum atraso.

Senti uma sensação poderosa se verter sobre mim ao balizar.
O passageiro era de todo incomum. Ele sentou ao meu lado. A maioria das pessoas que entravam em um carro como o meu, utilizavam os bancos trasseiros. Não permiti que minha cabeça inventasse alguma história sobre sua disponibilidade em sentar ao meu lado, confortavelmente.

Relutante soprei um boa noite que me foi correspondido com um sorriso incandescente. A sombra de um boné vermelho rabiscado com uma logomarca famosa caiu sobre seu rosto jovem. Talvez ele estivesse em seus vinte e cinco anos ou menos.

Meu sexto sentido afirmava que ele não era um passageiro qualquer.

Pensei no spray de pimenta escondido em algures ao lado do meu banco e das defesas que tinha aprendido em um curso que o Gonçalo insistira que fizesse ano passado após uma tentativa de assalto.

"Não tenhas medo, Ilídia." A voz baixa do meu subconsciente tentava refrear meu medo súbito daquele sujeito.

Ligeiramente, meus olhos foram para o painel iluminado com o mapa das ruas que já as conhecia como fossem parte de mim. O trajeto oferecido para o destino final do passageiro pelo GPS era demasiado curto, uma caminhada de um quarto de hora. Tardiamente percebi isto. Nos meus primeiros dias como motorista de Uber, recebi alguns conselhos de amigos veteranos. Um deles era não aceitar viagens curtas em horários após o meio-dia ou depois do entardecer. Tais viagens eram suspeitas, segundo eles. Como boa ouvinte sempre estive a seguir seus conselhos, contudo agora estava eu naquele banco encurralada com um homem mais novo que eu e que inflava cada poro do meu corpo com pânico.

- Boa noite, Ilídia.

Senti como se uma mão pesada estivesse a prender o meu fluxo sanguíneo quando meu nome percorreu para fora dos seus lábios como uma canção agourenta.

Ele sabe seu nome por causa do aplicativo, Ilídia.

Essa mentira embebida em nervosismo não aquietou meu coração.

- Como vai o nosso amigo Óscar?

Meus dedos estavam tão agarrados ao volante que mal conseguia sentir a pressão que exercia neles.

Sob Juramento [PT-PT]  Disponível Até 24/05 SEM REVISÃO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora