Capítulo 52-Tocando em frente.

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-Eu já tinha encontrado com ele antes, obviamente que eu não sabia que ele era o meu tio avô. Cheguei a vê-lo duas vezes e ele parecia perdido...Assustado acima de tudo, poucas palavras, pouca confiança.

-Ele estava em fragalhos. Sujo, machucado, doente, a roupa não passava de trapos no corpo. Darry tentou fugir mas nós o pegamos. Eu o levei pra minha oca e o mantive lá dentro com dois guardas na porta. Impedi que qualquer um saísse ou entrasse. Primeiro, era necessário entender aquilo sozinha. Depois de um banho quente, comida decente, água, curativos e um espaço para dormir Darry começou a me ver como uma amiga. - ela fechou os olhos por um instante, controlando a respiração.- Disse que o Crocodilo o tinha prendido na Caverna da Caveira e que ele o impediu de sair de lá, mas que ele sempre tentava fugir pra procurar a irmã. Ele disse coisas horríveis que o monstro o fez assistir. Eu nem sequer sei como começar a contar. O garoto tinha pesadelos todas as noites e acordava gritando. Passei dias em claro com ele. Então, algumas semanas depois, quando ele já estava recuperado, resolvi que era hora de mostrá-lo aos outros. Fui falar com Peter primeiro e quando Darry o viu...Adaline aquilo no rosto do garoto era a mais pura expressão do terror. Foi aí que eu soube que o Peter era o Crocodilo. 

Minha cabeça estava girando com toda aquela história e informação. Eu não conseguia entender o porquê de Peter não ter matado a criança sendo que ele sabia do seu segredo. O sentimento de ódio crescia no meu peito por pensar que aquele bebê, aquele eterno bebê passou oitenta anos ou mais preso ali dentro, procurando por uma irmã que envelhecia dia a dia, acreditando que ele estava morto. Por pensar que ele havia visto coisas tão horríveis que provavelmente não conseguiria voltar a ter uma noite de sono inteira. A raiva, o mais puro ressentimento e rancor se enroscaram nas minhas tripas, no fundo do meu ser, no cerne da minha existência. Eu vou queimar o Crocodilo nem que para isso eu precise ir junto. 

Lily me disse que Darry estava alocado na oca dela. Ele não conseguia dormir se não fosse justamente abraçado com a índia que havia virado uma espécie de protetora. Sempre pensei que Lily fosse mimada demais, idiota e superficial para conseguir lidar com qualquer coisa que não fosse ela mesma. Eu estava errada e feliz em estar. Saber que Darry tinha alguém ali que se importava com ele era importante. Embora ele fosse uma criança e meu parente eu não conseguiria amá-lo de bate pronto. Amor é uma coisa que se constrói. 

A índia havia perguntado se eu gostaria de conhecer o menino, mas eu recusei. Apenas por agora. Não tenho cabeça para me encontrar com meu tia avô criança. Aliás, preciso conversar com Ellyllon e discutir com os líderes sobre as armadilhas e táticas de guerra. Era necessário ensinar todos ali a como atirar e rápido. 

Havia uma fogueira perto do grande coliseu, onde os líderes todos estavam reunidos. Estávamos no final da tarde e as pessoas se apressavam para terminar as atividades e entrar nas suas casas. Ninguém poderia ficar do lado de fora durante a noite. Essa era a regra. O fogo amarelo tremeluzia, a madeira estalando conforme a brasa a consumia lentamente. Me aproximei do fogo, seguida por Lily e não demorou para que Derish, Hamadríade,Burush e a própria Ellyllon se juntassem a nós. Por fim, Donkor, como o atual representante dos meninos perdidos também se aproximou, sem sequer olhar no meu rosto. Ele estava na roda, mas se mantinha mais afastado do que os outros, como se apenas escutasse,  sem querer participar participar ativamente. 

Max surgiu, seguido por Lorenzo e Gancho que carregavam as caixas de metal para dentro, abrindo-as e então mostrando as diversas armas de fogo. Os olhos de todos ali deslizaram pelo metal frio. Burush arqueou a sobrancelha e caminhou até  a caixa. Ele abriu a boca para falar, me mostrando seus dentes tortos e amarelados.

-O que é essa merda aqui? - disse o anão e tentou enfiar a mão na caixa para pegar uma pistola, mas Max interveio empurrando ele para longe. 

-Você não pega uma arme se não souber usar.-grasnou Max para o anão. Burush fez uma careta de volta e retirou o machado das costas apontando-o para o pirata. Derish deu um passo a frente, se pondo entre os dois e impedindo que o anão atacasse meu pai biológico. 

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Where stories live. Discover now