Capítulo 13 - Penúltimo

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- Alô?
- Hinata, é você?
- Sim, Hanabi, sou eu.
- Oh, Hina, aconteceu uma coisa horrível.

O coração de Hinata parou.

- Você não falou com Naruto hoje, falou?
- Não, não pude. Perdemos a hora e ele teve de sair correndo para não perder uma reunião importante. Liguei para casa de Konohamaru e deixei um recado com a mãe dele. Você não recebeu?
- Não, não recebi. Konohamaru e eu ainda estamos na cidade do México. Vamos dormir aqui.

Hinata prendeu a respiração, com medo de ouvir o que Hanabi ia dizer.

- Hinata, sinto muito, mas liguei para papai. E o pior de tudo é que Naruto estava lá.
- Naruto estava lá?
- Ele estava no escritório de papai quando liguei. Eu não sabia, mas papai me colocou no viva voz e Naruto ouviu toda a conversa.

Naruto estava lá. Já descobrira tudo.

- Sinto tanto, Hina. Estou me sentindo mal com o que aconteceu. Mas Hina, você me afirmou que eu poderia ligar para papai hoje à tarde.

A mente de Hinata trabalhava rápido. Naruto sabia da verdade. Santo Deus! Naquele exato momento ele deveria estar indo para casa. ciente de sua traição.

- Hina? Você ainda está aí?
- Sim, ainda estou aqui.
- Você está bem?

Nunca vou estar bem outra vez.

- Si. sim.
- Querida, sinto muito.
- O que ele disse?
- Naruto?
- Sim. Naruto.

Hanabi suspirou.

- Não muito. Ele ficou chocado. Tentei falar com ele, mas ele me cortou dizendo que falaria comigo mais tarde. Disse que tinha alguns assuntos a resolver. E saiu.

O coração de Hinata parecia querer saltar do peito.

- Meu Deus, ele deve estar vindo para casa. Sei que está. Ele vai estar aqui a qualquer minuto. Eu. tenho que partir.
- Espere, Hina. O que você vai fazer?
- Não sei. Não posso falar agora, Hanabi.
- Tudo bem, querida, mas me ligue depois, está bem?

As mãos de Hinata tremiam tanto que ela mal conseguiu colocar o telefone no gancho. Santo Deus. Por quê? Por que tinha que acontecer daquele jeito?
Naruto com certeza, estava odiando tê-la conhecido um dia.
Será que o que fizera era assim tão horrível para merecer um castigo como aquele? Queria tanto ser ela mesma a explicar tudo. Queria justificar sua atitude, fazê-lo entender que agira por amor. Se fosse possível pediria a ele seu perdão, apesar de saber que seria algo impossível.
Mas agora. era tarde demais. Naruto já sabia.
O que ele deveria estar pensando?
O tempo estava passando e Hinata não sabia o que fazer. Seu coração palpitava, seus pensamentos iam e vinham sem nenhuma coerência, seus nervos ameaçavam entrar em colapso. Não. Não tinha condições emocionais para aguentar um confronto naquelas circunstâncias. Sabia que era covardia, mas não podia encarar Naruto. Não naquele momento. Não agora que ele sabia de tudo.
Pegando o bloco de notas na cozinha, rabiscou rapidamente um recado para ele.

"Querido Naruto, sinto muito que você tenha descoberto a verdade desse modo. Queria que fosse eu a contar tudo a você. Tentei na noite passada e outra vez esta manhã. Mas não deu certo. Por favor, acredite em mim. Então jurei que contaria tudo esta noite, sob qualquer circunstância. Sei o quanto você deve me odiar, e por isso mesmo, para facilitar as coisas para você, estou indo embora."

Ela releu o que tinha escrito e não gostou. Mas o que mais poderia dizer? Pensou em terminar com "eu te amo" mas achou melhor não. Naruto poderia pensar que era hipocrisia de sua parte. Não podia esperar que ele acreditasse nela depois de tudo que fizera com ele. Somente um bobo acreditaria numa pessoa que passara duas semanas inteiras mentindo para todo mundo. Na verdade, aquele seu bilhete era uma perda de tempo. Era bem provável que ele amassasse o papel e o jogasse no lixo sem acreditar numa palavra.
Com o coração despedaçado, ela terminou o bilhete dizendo que sentia muito e assinou seu nome. Depois de colocar o papel bem no centro da mesa da cozinha, de modo que ele o visse assim que entrasse, pegou a bolsa e a chave do carro e saiu.
Em sua pressa para fugir, quase afogou o carro. Quando finalmente conseguiu fazer com que o motor pegasse, deu ré e saiu, quase batendo num carro estacionado na calçada em frente. Manobrou rapidamente e acelerou rua abaixo.
Minutos depois, enquanto esperava o sinal de trânsito abrir para que pudesse pegar a avenida, viu Naruto do outro lado do canteiro, a sua esquerda, no sentido contrário ao dela. Para sua sorte ele não a viu.
Olhar para aquele rosto tão amado fez as lágrimas rolarem por suas faces. Com a vista ainda turva, ela acelerou, entrou na avenida e desapareceu entre os carros.
No último instante, Naruto percebeu um carro muito parecido com o de Hanabi entrando na avenida. Mas já era tarde. Hinata estava fora do seu alcance.
Minutos depois ele estacionou em sua garagem e a suspeita se confirmara. A Mercedes de Hanabi não estava lá.
Durante o trajeto do escritório até em casa, Naruto teve tempo de se acalmar um pouco. Sua raiva inicial diminuiu e ele começou a ver os fatos com mais clareza. Hinata deveria ter uma razão muito forte para agir como agira, porque a Hinata que ele conhecia seria incapaz de agir por um simples impulso. Ela jamais magoaria alguém intencionalmente. Até o ponto em que ela decidira fazer se passar por Hanabi durante a cerimônia ele entendia, mas e o resto? O motivo por que ela levara a farsa por tanto tempo ia além de sua compreensão. Estaria ela tão desesperada por sexo a ponto de se entregar para ele como fizera?
Não, definitivamente essa não era a mesma pessoa que conhecia desde criança. Precisava falar com ela e descobrir os motivos que a levaram àquelas atitudes. Conhecia Hinata desde a infância e não deixaria uma situação como aquela sem explicações, gostava muito dela para deixar sentimentos negativos tomarem conta de seu coração e não dar uma oportunidade a Hinata para se defender, justificar-se. Tirar a limpo aquela história seria bom para ambos, gostaria de manter a paz de espírito e consciência tranquila que sempre o acompanharam por toda vida. Frustrado, olhou para a rua. Onde ela teria ido? Ele avisara que chegaria cedo em casa.
Será que Hanabi teria ligado para preveni-la de que ele já sabia de tudo?
Não. A conversa com Hiashi Hyuuga ao telefone com certeza demoraria muito mais do que o simples trajeto até sua casa.
Rezava aos céus para que Hanabi não tivesse se intrometido entre os dois. Bastava o fato de ela querer deixá-lo inocentemente no altar, na frente de todos, sem ao menos lhe ter um mínimo de consideração. Apenas um coração grande como o de Hinata não o deixaria numa situação de apuros como aquela. Por isto gostaria de esclarecer o mais breve possível o mal-entendido. Com certeza Hinata tinha suas razões e ele ansiava por saber quais eram. Se houvesse chegado alguns minutos antes, impediria a saída dela, acabando de vez com a angústia de seu ser.
Entrando em casa, encontrou a resposta para as suas dúvidas sobre a mesa da cozinha. Foi com um sentimento de derrota que pegou o bilhete e leu a mensagem.
Hinata partira sem deixar ao menos uma pista. A chance que tinha para esclarecer aquela tumultuada situação escapara-lhe pelas mãos. A fuga de Hinata era o pior do que poderia ter acontecido. Quem, então poderia sanar seus problemas? E por que fugir era a melhor solução? Não poderia ter medo dele depois de tudo que viveram juntos, a intimidade, a troca de carinho, a compreensão mútua. Poderia estar com vergonha e arrependida de suas atitudes?
Ensandecido, Naruto jogou o bilhete no chão, com ódio de si mesmo por não ter impedido sua partida.
Aos poucos, as cenas anteriores foram se passando em sua mente, em flashback, e os fatos ficavam claros diante de seus olhos. Sem saber, Hinata era a mulher que ele queria para estar ao seu lado, pois fora com ela que desfrutara tantos momentos de intenso prazer. Então, também ficava nítido porque não se aborrecera pelo fato de Hanabi tê-lo abandonado à porta do altar, a traição de Hanabi doía bem menos que a fuga de Hinata. Pouco importava as atitudes de Hanabi porque, no íntimo não a amava, a verdade a ser aceita seria outra, quem o enganara sempre fora ele mesmo, porque não conseguia enxergar o óbvio, por tanto tempo. Vivia uma ilusão como um adolescente. Sua mente estava fascinada pelas qualidades de Hanabi, a destemida, a impulsiva e estonteante Hanabi Hyuuga. Era tudo aquilo que ele não podia ser. Espelhava nela sua vontade de enfrentar o mundo como ela enfrentava. Mas não conseguia sequer enxergar a pureza, maturidade e calma espiritual que Hinata transmitia, o que, sem dúvida, tinha mais a ver com seus objetivos de vida concretos. Hanabi era um sonho, Hinata era a realidade, a verdade a ser encarada com bravura, porém sempre ternamente. Era alguém como ela que gostaria de ter a seu lado, para lutar e perseguir seus ideais secretos, no entanto, palpáveis. Durante todo tempo não enxergara seu verdadeiro amor: Hinata.
Amava a doçura daquela figura tão delicada, sua timidez, seu coração bondoso, sua alma piedosa. Amava-a e não queria perdê-la.

A TrocaWhere stories live. Discover now