- Como você está? - Pergunto.

O moreno curva os ombros para frente, enfiando ambas as mãos nos bolsos do jeans escuro.

- Precisando de algumas respostas suas.

Concordo com a cabeça e saio no corredor, trancando o apartamento e agarrando sua mão para o conduzir até o corredor. Hunter foge do meu toque, puxando a mão com delicadeza e, dessa forma, me fazendo parar para o olhar.

- O que foi? - Cruzo os braços, nervosa por ter agarrado sua mão involuntariamente.

- Aonde vamos? - Ele pergunta.

Suspiro, tirando o papel do bolso e lhe entregando. Espero que ele leia e, quando sei que ele já o fez, volto a andar. Escuto seus passos atrás de mim.

- Midtown? - Sua voz evidencia surpresa. - O distrito das artes da cidade?

O olho por cima do ombro, concordando.

- Isso mesmo.

Sua cabeça pende para o lado e ele aponta o dedo em minha direção, acusatório.

- Você está planejando me matar e deixar meu corpo por lá, não é?

Rio, arqueando as sobrancelhas em um "quem sabe". Ele retribui o sorriso, ficando ao meu lado quando entramos no elevador. Sua mão acha a minha outra vez e o deslizar do seu polegar nas costas da minha mão faz minha pele voltar a pinicar, dessa vez, contudo, de um modo diferente. Reprimo a vontade de agarrar sua mão e a conduzir pelo resto do meu corpo, desejando a sensação agradável que seu toque traz em todos os pedaços da minha pele.

- Obrigado - ele coça a garganta, como se estivesse aprendendo a falar tais palavras. - Obrigado, Alyssa.

Sorrio, apertando sua mão.

- Aly. Só... Aly.

[...]

Meus dedos coçam e tenho que me conter para não tocar os quadros em exposição, para não traçar os rastros de tinta com o indicador.

- São incríveis - murmuro.

Hunter concorda com a cabeça, analisando as obras com o lábios apertados. Uma vez ou outra o vejo passar a língua pela boca ressecada, tentando se livrar da sensação incômoda. Compramos água no caminho para cá mas a sua já acabou, assim, estendo minha garrafinha em sua direção.

- Pode ficar com o resto - brinco, repetindo as palavras que o moreno me direcionou na noite em que nos conhecemos e arrancando uma gargalhada fraca sua.

Andamos lado a lado pelo museu, perdidos nas obras espalhadas pelo lugar. Hunter, pelo menos, está perdido na arte que são os quadros. Eu, por outro lado, estou perdida na arte que é ele quando vê algo que ama. O brilho nos olhos, o sorriso, mesmo que contido, e sua concentração ao parar para estudar alguns quadros que lhe chamam mais atenção.

- Eu tirava fotos - conto.

Ele vira a cabeça para me olhar, neutro.

- Tirava? - Concordo com a cabeça. - Por que não tira mais?

Dou de ombros.

- Não sei, eu... - ele não me deixa terminar a frase quando agarra minha mão e começa a me conduzir para a saída do museu. - Ei, ei, ei.

Ele para, virando para me olhar e arqueando as sobrancelhas em interrogação.

- Que foi?

- Aonde vamos?

Ele agarra minha mão outra vez, me puxando para perto de si.

- Vamos tirar algumas fotos.

Crossroad (EM REVISÃO) Where stories live. Discover now