Capítulo 4 - Seus olhos azuis

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No domingo eu passei no apartamento do Luís Felipe no início da tarde.

- Luciana! – A mãe dele atendeu a porta.

- Oi, Bete! Tudo bem? – Logo que nos conhecemos ela pediu que a chamasse de Bete, sem "tia" antes.

- Tudo ótimo! E você? – Ela me abraçou.

- Tudo bem. O Luís tá em casa?

- No quarto dele. Pode ir lá!

- Obrigada.

Passei pela sala cumprimentando o pai dele e segui pelo corredor até a porta do quarto dele. Bati de leve, mas não tive resposta, então bati mais uma vez e o chamei.

- Lu?! – Ele abriu a porta surpreso ao me ver. Ele estava com uma bermuda cargo marrom e sem camisa. Assim como eu, ele também era magro. Não magro demais, mas sem nenhum músculo definido. Ainda assim eu nunca tinha reparado o quanto ele era bonito. – O que você tá olhando? – Ele estava um pouco envergonhado e, só quando ele me perguntou, me dei conta de que estava encarando o corpo dele que estava sem camisa.

- Nada! – Olhei para aqueles olhos azuis e sorri automaticamente. – Seu cabelo tá ficando legal! – Ele estava deixando o cabelo crescer. – Posso entrar?

- Obrigado! – Ele abriu totalmente a porta. – Fique à vontade!

Me sentei na cama dele e fiquei o olhando ainda em pé ao lado da porta aberta. Ele coçou a cabeça na altura da nuca como fazia sempre que estava envergonhado ou desconfortável e andou até o guarda-roupa pegando uma camisa e vestindo.

- Vai fazer alguma coisa hoje? – Perguntei e ele se sentou na cama ao meu lado.

- Não. Você tem alguma ideia?

- Toca pra mim? – Perguntei após um tempo.

- Tocar?! – Ele riu. – Você sabe que se ligar na rádio vai ter um monte de cantor que canta bem a qualquer hora, né? – Ele pegou no meu pé como fazia todas a vezes que eu pedia para ele tocar para mim.

- Na verdade, não! – Me encostei na guarda da cama e estiquei as pernas.

- Não? – Ele perguntou surpreso.

- Eu não ouço você na rádio! Então não serve pra mim! – O encarei e fiquei um pouco desconcertada com o olhar que ele me dava. – Eu quero ouvir você cantando e tocando.

- Acho que você devia ir num otorrino pra fazer alguns testes de audição! – Ele brincou, mas já estava com o violão nos braços. Percebi que ele estava um pouco corado. – O que você deseja?

Escolhi a primeira música e depois ficamos intercalando quem escolhia a música seguinte. E foi desse jeito que passamos a tarde de domingo: ele cantando e tocando e eu acompanhando e admirando o quanto ele tocava bem.

Durante a semana, na escola, tivemos prova todos os dias. Estávamos no final de Setembro, finalizando o terceiro bimestre, então nós quatro ficamos todos os dias a tarde na biblioteca da escola para estudar o resumo que a Fabiana fazia de todas as matérias e que nos ajudava muito mais do que todo o conteúdo que os professores faziam a gente copiar durante as aulas.

Na sexta-feira, ao sair da última prova, estávamos exaustos e não conseguíamos pensar em nada além de descansar. Só que o Luís Felipe era o Luís Felipe! Mesmo cansado, ele queria fazer alguma coisa para comemorar o fim das provas.

- O que nós vamos fazer agora? – Ele perguntou se jogando no banco em que nós três tínhamos sentado enquanto ele comprava um refrigerante na cantina do colégio.

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