*24*

3K 173 31
                                    

*NICOLE*

Passei a tarde toda assistindo série e meu peito só apertava e eu segurava tudo aquilo.

Passei um ano e meio segurando,dá pra aguentar mais um pouco. Ou eu achava que dava.

Lembrei de tudo e as primeiras lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto sem que eu percebesse.

A maldita! Ela está de volta.

Ela nunca se foi de verdade.

Lembrei da época do colegial e chorei,lembrei de quando era zoada e chorei,lembrei dos meus exs amigos e chorei.

Porra! Por que tem que ser tão difícil?

Fiquei largada no chão e nem percebi que Eric tinha chego. Ele entrou no meu quarto e me viu daquele jeito e eu não queria. Mas o idiota era insistente.

E agora estamos aqui,deitados na minha cama com ele mexendo no meu cabelo e eu soluçando.

Aos poucos minha respiração voltou ao normal e ele cessou o carinho.

- Quer me contar o que houve ? - Ele abaixou a cabeça para me olhar

- Não sei...Só a Naju e minha mãe sabem disso. Não quero te assustar também. - Olhei para minhas unhas que estavam cada vez maiores

- Ei? - O olhei - Relaxa. Sou bem grandinho pra me assustar com qualquer coisa,fala pra mim o que aconteceu e quem foi o filha da puta que te fez sofrer. - Ri

- Então prepara a folha e a caneta porque a lista é longa. - Brinquei e ele sorriu.

Suspirei fundo, me sentei,e então resolvi abrir a boca:

- Tudo começou quando eu tinha 12 anos. Entrei pra uma escola nova,gente nova tudo novo.. Me sentia deslocada e até achei que passaria sabe? Mas não passou. Cada dia que passava,o pessoal da escola me zoava,maltratava,faziam piadinhas horríveis comigo,com meu peso e aparência mas eu fingia que não ouvia. - Ele me encarava atentamente - Eu me sentia horrível,não tinha mais vontade de sair de casa,só vivia dentro do quarto. Parei de comer,vivia dormindo pra evitar ficar acordada e sentir tudo aquilo... - Fiz uma pausa fechando os olhos e os abrindo segundos depois - Minha mãe me levou ao psicólogo que logo me diagnosticou com Distimia, transtorno depressivo persistente. Ele "vêm" - fiz aspas- a cada dois anos,tem seus altos e baixos mas na verdade nunca vai embora sabe? E tudo fica acumulado. As coisas que passei no colegial,minha insegurança,o fato de pensar demais me destrói e aí acontece aquele cena ridícula que você viu. - Desabafei e o olhei esperando um julgamento mas me surpreendi.

Eric me puxou para um abraço,que estalou meus ossos,mas foi um abraço que me deixou tão confortável que eu suspirei segurando as lágrimas.

- Que cena ridícula? - Ele perguntou quando me soltou e começou a fazer carinho na minha bochecha

- A que você me viu chorando. AF - Revirei os olhos

- Não foi nenhuma cena ridícula Nic... - Ele analisava meu rosto parecendo procurar algo de errado

- Foi sim..Eu odeio chorar perto de alguém. Fico com medo da pessoa me julgar,me achar uma fracote e tal. Por isso eu me chorava todas as noites na hora do banho,porque caso meu rosto ficasse vermelho,eu metia o caô que tinha caído shampoo e ficava tudo certo. - Fiz carinho na mão dele que ainda estava no meu rosto

- Para com isso Caraí,ninguém é de ferro. Somos programados pra cair a qualquer hora...Foi muito doido ver você chorando, porque tu tem essa pose de marrenta da quebrada mas vi que é mó coração de manteiga.- Debochou me fazendo rir

O idiota do quarto ao ladoWhere stories live. Discover now