E um busto em particular me chamou a atenção.

Nele, o rosto de um homem, que me é estranhamente familiar tem um sorriso tranquilo e mesmo parecendo estranho, sabedoria parecia emanar do busto. Tento lembrar de onde eu conheço aquele rosto e percebo que é dos meus sonhos. Os pesadelos e os de aviso.

Desde que descobri que sou uma dominadora, vira e mexe esse homem está nos meus sonhos, sempre cumprindo um papel diferente. E ultimamente, o sonho está quase constante.

Ele segura o meu braço, e caminho devagar, chorando e segurando um lenço negro, que combina com o restante da minha roupa. Parece me levar para um altar, só que já tem um casal lá. Nunca consigo ver os rostos dos noivos, mas sinto uma tristeza ao olhar em sua direção.

Sento na primeira fileira e quando o padre diz que os noivos podem se beijar, desperto em profunda agonia.

Me aproximo do busto e vejo uma placa fixada abaixo do mármore limpo e branco. Henry. Apenas um nome, apenas isso. E então percebo que esse é o rosto do primeiro rei de Nihal.

O que diabos ele faz nos meus sonhos?

E como eu poderia conhecer o seu rosto? Não teria como vê-lo em outro lugar, já que ele não estava mais entre nós e sempre que li sobre ele, eram apenas palavras, nunca com imagens.

Mas se ele está nos meus sonhos, sempre me acompanhando, sempre de perto, não posso ignorar o fato. Pode vir a significar alguma coisa. Vai ver é por isso que eu tive aquele sonho de aviso. De algum modo minha mente está conectada a dele.

Sempre pensei que sonhos fossem coisas bobas, mas agora vou passar a olhar para eles com muita atenção.

— Demoramos? — escuto a voz da minha avó e me viro para ela, com um sorriso e nego com a cabeça.

— Perdão por não ter me apresentado mais cedo — a mulher fala e estende uma mão na minha direção. — Me chamo Mikaella. Mas você pode me chamar de Ella se preferir.

— Prazer em lhe conhecer Ella — cumprimento a mulher de sorriso gentil. — Você pode me chamar de Meg.

— Vocês estão cansadas de fugir? Se desejarem descansar um pouco, tenho um quarto amplo lá em cima, que podem usar sem problemas.

— Não precisa Ella — agradeço sua gentileza, mas acredito que não vou conseguir descansar enquanto não tiver notícias do meu guardião.

— Ah sim claro — ela analisa o meu rosto e devo ter deixado tudo nele bem claro. — Edith me explicou a situação e já providenciei uma equipe de buscas. Eles vão nos avisar no momento que tiverem qualquer novidade. Sinto muito querida.

Ella soa sincera e tento sorrir. Mas então uma pergunta flutua na minha mente.

— Mas você tem uma equipe de busca? Posso perguntar o que você faz? É algum tipo de espiã?

— Ah, longe disso — a mulher solta uma gargalhada. — Faço parte de um grupo que se opõe ao governo atual de Nihal. Buscamos apenas a paz em nosso mundo, tomando todas as iniciativas para fazer com que guerras sejam evitadas e vidas poupadas.

— Então vocês querem retirar o Tobias do poder?

— Querer, queremos sim. Mas é mais complicado do que parece Megan. A hierarquia de poder aqui pesa muito. O povo confia nos governadores, mesmo com a situação caminho para o caos, as pessoas ainda tem fé e preferem não mudar algo que está funcionando...

— Mesmo que eles vejam que no final não tem como ficar tudo bem?

— O governador sabe como se portar. E ele é bondoso com parte da população. A parte que não questiona e não o contraria. E as pessoas preferem ficar do lado bom do governador. Já descobriram que a face que ele mostra quando as coisas não saem do jeito que ele deseja é pavorosa e perigosa.

Os Oito DomíniosWhere stories live. Discover now