the hand on the harpstring • contos

Um Novo Começo

Dentro do Dragão de Jasmim a festa estava em pleno andamento, mas Zuko precisava de um pouco de calma. Nunca um de gostar de festas, o jovem Chefe de Estado se dirigiu ao jardim da casa de chá de seu tio. Todos tinham muito a comemorar, pois somente com uma semana de negociações com os reis e governadores do Reino da Terra, os cinco heróis de guerra e o Avatar tinham conseguido a assinatura de um tratado de paz, e discussões de comércio entre as nações já estavam em andamento. Por uma vez em sua vida, as coisas estavam indo bem para Zuko.

Mas em mente, ele tinha coisas -há quem diga- muito mais importantes. Mesmo que a prisão de Ozai tivesse o potencial de causar muita confusão para a Nação do Fogo, tinha um lado bom em Aang tê-lo deixado viver. Pelo menos Zuko poderia (com muito trabalho) arrancar dele a verdade sobre sua mãe. Já fazia tanto tempo que Ursa tinha sido banida... A cada dia o fato de sua amada mãe ainda estar viva pesava cada vez mais nos ombros do jovem Senhor do Fogo.

Saber que ela ainda estava viva era uma bênção e ao mesmo tempo uma maldição. Sim, esse conhecimento lhe causava grande alívio e ansiedade, pois agora lhe restava somente encontrá-la. Mas ao mesmo tempo uma grande aflição pesava seu coração. O que ela acharia dele hoje? Será que ela quereria mesmo vê-lo? E se ela ficasse desapontada com tudo que ele fez no passado? Noite e dia Zuko pensava e cauculava e imaginava diferentes cenários. Em um deles, Ursa o recebia calorosamente, amor e saudade pelo filho perdido transbordando, e o abraçava assim como há tantos anos atrás, antes daquele adeus tão doloroso. Em outro, ela havia esquecido completamente dele, e construído outra família para si. Não havia palavras para descrever o quanto esse último cenário o assustava diariamente.

Sentado na pequena escadinha dos fundos da casa de chá, Zuko refletia tudo isso enquanto admirava a vista do jardim, com a fonte e as cerejeiras em flor.

Passos delicados e familiares o levam a se virar em direção ao shoji em que estava encostado. Exatamente como tinha pensado, era Katara que tinha vindo procurá-lo. Ele sorri, ela retorna o sorriso. Ainda sorrindo, a menina rearanja seu kimono verde claro florido e senta-se ao lado do melhor amigo. Ela parece já saber que Zuko não está na melhor das condições, apesar de seu rosto trair muito pouco suas emoções, como sempre. Gentilmente, a menina toca sua mão.

"Algo errado?" pergunta Katara, cheia de preocupação em sua voz. "Se a ferida do raio ainda estiver doendo demais eu posso fazer outra sessão..." Não suportando ver sua amiga tão preocupada, Zuko logo a corta.

"Não tem nada a ver com o raio. É só que..." Hesitando em falar, o menino procura encorajamento na face familiar de sua amiga que ultimamente veio se tornar uma das pessoas a quem ele mais confia. Katara sorri, e ele continua. "Eu estou quase conseguindo que ele me diga onde minha mãe está, mas o Conselho não quer que eu vá sozinho. Eles dizem que é muito perigoso."

Imediatamente a expressão de Katara muda de preocupação para irritação. "Mas isso não faz sentido! Você sabe se defender muito bem, Zuko."

Diferentemente do que ela imaginava que seria sua reação, Zuko concorda com o conselho. "Eles estão certos, Kat. Eu não tenho nenhuma garantia, se por algum acaso eu morrer na viagem, eu não tenho herdeiro, o trono vai ficar vazio.." Após uma pausa breve, o jovem Senhor do Fogo vira-se para sua companheira e pergunta: "Posso te pedir um favor? Você poderia... Quer dizer... Se você puder... Quer dizer, isso não é uma ordem, você pode recusar... Você podia-"

"Claro que eu te ajudo a achar sua mãe, Zuko. Seria uma honra. Quer dizer... É isso que você ia perguntar não é?" Olhos azuis arregalados, bochechas vermelhas, Katara espera avidamente a resposta a sua pergunta.

A resposta não vem, o que vem é um sorriso torto. O mesmo que ela aprendeu a apreciar nesse último mês, e em um inesperado ato impulsivo da parte de Zuko, um beijo doce em sua testa. Ainda mais vermelha, Katara abaixa o olhar e meche com suas mãos e com a barra de sua manga.

Envergonhado, Zuko se levanta rapidamente. "Desculpa, eu não devia ter feito isso." murmura, só alto o suficiente para Katara ouvir. Nervoso, ele aperta a base do nariz,e se dirige a dar um passo a frente quando algo puxa sua manga. Ele olha para Katara, mas não ousa olhar em seus olhos enquanto a menina se levanta e ainda vermelha, para de pé a sua frente. Zuko espera qualquer coisa dela. Um beijinho rápido no lado saudável de seu rosto e uma mão se entrelaçando entre a sua é o que ele não espera.

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Pouco tempo depois, os dois voltam para dentro do Dragão de Jasmim, já que o resto do Time Avatar e Tio Iroh iam começar a ficar preocupados se eles passassem muito tempo fora. Ainda tinha muita coisa pra planejar (e Zuko ainda tinha que conseguir alguma informação consistente) antes de sair em busca de Ursa, mas agora por alguma razão tudo estava mais leve, e o jovem dominador de fogo tinha mais do que esperava para pensar. Agora não só o destino de sua mãe pesava em seus pensamentos, mas também uma certa garota de olhos azuis brilhantes.

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