Portas Frustrantes

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— O “ele” que você se refere é seu tio, dono dessa casa na qual VOCÊ me disse que não haveria problema, o que estou começando a duvidar de sua palavra.

— O que Sharman te disse? — Se aproximando mais ainda de meu corpo reparo na estatura de meu amigo. Ou eu estava encolhendo ou Cole ganhou muito mais massa muscular nas férias.

— Nada demais, na verdade Daniel mal fala comigo. — Percebo seus músculos se relaxarem. — Aguentar uma colega de quarto não seria um transtorno comparado á uma desavença entre tio e sobrinho. Faz exatamente 1 dia que estou aqui e me sinto uma zebra.

— Zebra? — Cole ri e o encaro séria

— Isso não vem à questão. — Solto um suspiro entediada. — Sei que está tentando ser o amigo atencioso, mas isso não está dando certo. Eu me sentiria bem melhor no dormitório da faculdade aguentando uma colega de quarto com gosto musical horrível.

— Meu tio e eu não temos uma desavença, na verdade nos damos muito bem. Sempre passo pelo menos duas semanas todo ano com ele. Acontece que... — Parando suas palavras ao ar Sprouse franze suas sobrancelhas. — Tem razão, desculpe. — Arregalo meus olhos perante a mudança de humor brusca. — Só estou tentando garantir que está confortável. Prometo não tentar ser o amigo intrometido outra vez. — Aquele não era o tipo de resposta que normalmente Cole dá. Poupando o trabalho de uma investigação que não daria em nada assenti sorrindo de lado.

— Eu tinha perguntado se ele era gay. — Numa explosão de gargalhada me deixo levar rindo junto com meu amigo. — Foi sem querer, tinha escapulido de minha boca!

— Sua curiosidade ainda irá leva-la a encrenca, Blanche.

— Acho que terei que concordar. — Falo. Colocando a mão na barriga ele se recupera dos risos ajeitando seus cabelos. — Já terminou?

— Não. — Ele responde. Reviro os olhos olhando para o lado. —Não fica brava, foi engraçado.

— Bom, Sharman não achou. Por um momento achei que ele fosse me bater. — Cruzo meus braços e seu olhar transforma para um misto de curiosidade e frustração. — Anda saia, está precisando de um banho.

— Me expulsando?

— A vingança é doce. — Aponto para a porta. — Está suando, é nojento.

— Tudo bem, estou indo madame. — Sorrio fechando a porta.

* * *

— Como foi seu primeiro dia na faculdade? — Encaro Taylor pelo retrovisor que me olha em expectativa. — Disseram que os melhores professores dão aulas naquele departamento.

— Eu não tenho dúvidas. — Respondo sorridente.

Universidade era muito diferente de escola estadual, não me refiro apenas nas matérias, mas o conteúdo em si. Era quase como se estar em outro mundo. Um mundo que te mostrará a capacidade de um ramo de trabalho pelo resto de sua vida. Não gostava de pensar por este lado, parece muito promissor, mas na realidade, é mesmo. Minha família não tem condições de pagar uma universidade de grande escala, por sorte e desempenho consegui uma meia bolsa, mas mesmo assim ainda tinha a outra metade para ser paga e não é um valor barato para todo mês...

— Terra chamando Lyra. — Olho para Cole que sentado no banco da frente troca a estação do rádio. — Ouviu o que eu disse? — Nego e seu corpo se vira para me olhar. — O que acha de eu alugar um carro? Assim dará menos prejuízo para Taylor.

— É uma boa ideia. Preciso de um emprego. — Olho para a janela reparando nos restaurantes. — Taylor conhece algum estabelecimento que precisa de funcionários?

— Hoje foi nosso primeiro dia na universidade, relaxe um pouco. Não precisa resolver as coisas de uma vez como costuma fazer. — Soltando uma respiração forte e prolongada Cole se vira novamente para frente. — Eu posso...

— Não vou aceitar seu dinheiro. — Detestava o fato de depender dos outros para alguma coisa. Aquela ideia sempre abominava. — Deixei isso bem claro. — Irritada amarro meus cabelos para o alto, presto atenção em algumas madeixas do castanho cair atrás da orelha. — É sempre bom pensar um pouco para frente do tempo pra na hora não bater de cara com o problema. — Em rendição o vejo assentir. — Posso dar um jeito nisso.

— Como sempre.

— Exatamente. — Rimos.

Assim que a porta do elevador se abre, escuto uma musica sutilmente animada. Encontro Gail na cozinha limpando o fogão mexendo as mãos no ritmo da musica. Cole havia ido diretamente ao seu quarto, sorrindo reparo que ela ainda não havia reparado minha presença. Pego meu celular colocando “Hollaback Girl”- Gwen Stefani no maior volume a pegando de surpresa. Começo a dançar no ritmo da música a fazendo rir, vou para seu lado atrás do balcão balançando de um lado para outro, timidamente ela retribui a dança balançando a cabeça.

— Desliga isso, o Sr. Sharman pode chegar a qualquer momento. — Ela fala. Ri desligando o aparelho deixando a sinfonia lenta da Sra. Jones de antes.

— Vai me dizer que não gosta de música agitada? — Rindo ela nega terminando com o serviço indo para a louça, me apoio no balcão colocando meus cotovelos apoiando a palma da mão em minha bochecha. — Porque há duas portas solitárias naquele corredor perto da porta?

— Sharman me avisou que era curiosa. — Levanto minha cabeça. Sua expressão era agradável, como se aquela resposta fosse uma piada cômica interna. — É uma biblioteca.

— E a outra?

— Pequena! — Cole grita do quarto me fazendo bufar

— Licença. — Saio em direção ao quarto que estava completamente bagunçado, meus papéis de parede estavam ao chão e a cama bagunçada com fitas e uma escada pequena posta ao canto. De onde aquilo surgiu?

— Onde vai colocar isso?

— No teto

— O que? — Sem entender retiro o papel de parede de turismo de sua mão. — Porque no teto?

— Achei que era para colocar o quarto com minha cara, Sprouse.

— Às vezes tenho vontade de castigar sua boca arrogante. — Ajeitando a escada no meio do quarto o olho, desconcertada de sua confissão. — Estou tentando te ajudar, ou tentara colocar isso sozinha no quarto? — Ele diz rapidamente remendando o que tinha dito.

Tiro o blazer colocando no guarda roupa para não sujar. Já que faltavam algumas horas para a noite cair levo em consideração o tempo para organizar tudo, possivelmente não demoraria tanto com a ajuda de Cole, e como não teria nada para fazer mesmo.

— Okay.

Desejos IndomáveisWhere stories live. Discover now