Amizade

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Sophia

Estava sentada na cafeteria quando eu a vi entrar, sua expressão era diferente de qualquer uma que eu já tenha visto, e isso me deixou preocupada. Levanto com pressa e ando até Emma, que encontrava-se em pé, na fila para pedir algo.

- Oi linda. - Digo com um sorriso no rosto, que não foi retribuído.  - O que houve? Você está com a cara péssima.

- Não é algo que você vai se interessar. - Ela responde baixo. - Então não vale a pena falar... Um café com leite, por favor. - Havia chegado a vez dela de pedir.

- Mas somos amigas, estou aqui para te ajudar com qualquer problema. - Digo.

- Amigas? - Sua expressão muda. - Somos amigas? - Parecia que ela estava genuinamente confusa.

- Sim, você pode contar comigo para tudo. - Respondo sorridente, e vejo que sua expressão antes cabixbaixa havia melhorado.

Então ela vê algo atrás de mim, e seu rosto passa a transmitir profunda tristeza. Olho para trás e apenas vejo alguns alunos e um professor, será que algum outro garoto havia mexido com ela?

- Preciso ir. - Diz com uma expressão chorosa, após pegar o café. - Até.

Então ela vai embora em direção contrária, há algo de errado. É então que enxergo Daniel entrar na cafeteria e, ao me ver, acena.

- Eai, bebê. - Diz sorrindo. - Que cara amassada é essa?

- Acho que têm algo de errado com a Emma. - Digo, enquanto caminhamos até uma mesa vazia. - Ela está toda estranha, seu rosto, ela parece tão triste.

- Ela é estranha. - Daniel diz, sentado em uma das cadeiras. - Mas sim, o que houve?

- Eu não sei, eu a vi na cafeteria desse jeito, vim falar com ela, mas acho que viu algo que a assustou e foi embora o mais rápido possível. - Respondo.

- Ela viu algo? - Daniel pergunta, abrindo sua marmita.

- Alguém, sei lá. - Digo confusa. - Quando olhei na direção só vi um professor e alguns alunos babacas de administração.

- Devem ter feito algo com ela, ainda não aceitaram o fato do Alan ter sido expulso. - Ele enfia um garfo de alface na boca. - Sinceramente, me decepcionou ela não o ter denunciado na delegacia.

- Assim como você também não fez? - Rebato, arqueando uma das sombrancelhas. - Você, acima de qualquer pessoa, deveria pensar antes de sair julgando.

- Eu sofro bullying desde meus 12 anos, eu sinceramente já estou acostumado com esses merdinhas, ainda mais depois do que aconteceu, estou mais alerta, ela deveria ser mais alerta também. - Ele enfia outra garfada na boca.

- Como eu não fui alerta mandado fotos peladas para o namorado que eu já sabia que fazia merda e tomava péssimas decisões? - Eu o ataco novamente, dessa vez ele lança um "tanto faz". - Olha você pode continuar bancando o "antes eu sofria hoje eu sou fria", mas quando eu estava na pior ela foi a única que tentou fazer com que eu me sentisse bem. - Eu pego minha bolsa. - Vou indo.

Um ano atrás


Todos me julgavam, dava para sentir o olhar penetrar meu coração

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Todos me julgavam, dava para sentir o olhar penetrar meu coração. Minhas amigas desapareceram,aparentemente andar comigo as tornava "vadias" por associação.

Tudo por causa de uma a foto.


Ed me traia sempre que surgia oportunidade e eu sempre o perdoava, ingenuidade minha. Um dia ele disse "Deixa eu tirar uma foto sua bem sexy, só para a gente, faz uma pose ai. " Eu estava só de calcinha, com os seios amostra, e confiando na pessoa que eu estava, o deixei tirar a foto. Um mês depois ele foi numa festa com seus amigos e pegou todas as garotas, além de postar storys e fotos no Instagram como se eu não fosse ver, aquilo foi a gota d'água, terminei o namoro e pensei que minha história com Ed terminaria alí também...

Até que um dia meu celular vibra

Uma imagem havia sido enviada para o grupo unificado da faculdade, quando abri eu me vi na foto, sem meus óculos, cabelo desarrumado fazendo uma pose com meus seios amostra e destacados. Ed havia enviado, "já que eu havia terminado eu merecia", ele se sentiu no direito de se vingar. Em primeiro momento achei que as pessoas iriam ver o quão ridículo foi a atitude de meu ex e me apoiar.

Mas nós já sabemos que não foi isso que aconteceu.

O chão do banheiro do quarto piso da faculdade tinha se tornado meu lugar favorito, era um banheiro isolado, quase ninguém subia quatro lances de escada para utilizar. Então me sentar no chão de um dos boxes enquanto eu ainda era obrigada a vir as aulas se tornou meu refúgio das pessoas maldosas. Foi então que um dia bateram no box que eu estava, três vezes, bem de leve. "Até aqui?" Foi o que pensei mas o que eu ouvi logo depois foi surpreendentemente acolhedor.

- Você está bem? - Era uma voz feminina, não muito aguda, mas quase melódica. - Eu consigo ouvir seu choro daqui, quer conversar ?

O nome dela era Emma, aluna de administração. Ela foi a primeira e a única pessoa que ficou do meu lado depois da minha foto ser vazada, ela ouvia meus lamentos sem dizer nada, sem julgar, apenas deixava eu desabafar. Quando perguntei se não se importava de ser vista comigo pelos corredores, ela me respondeu :

- Eu não tenho amigos aqui, e o que pensam sobre mim não me afeta, não me importo com opinião de quem é inferior. - Disse num tom irônico. - Por que só quem é extremamente desocupado perde o próprio tempo para falar dos outros, o único prêmio é ver a pessoa mal, pra baixo, não vou dar esse gostinho de vitória para eles.

Essas palavras me marcaram, ela estava certa, eu estava dando a eles o que queriam. Desse dia em diante eu mudei minha postura, passei a não me importar com as risadinhas, ou comentários. Até que, depois de quase um ano de recuperação, eles desistiram, não tinha graça falar mal de alguém e ela não emitir reação. E foi quando tudo estava bem, e apenas quando eu melhorei de verdade que Emma se afastou um pouco, ela tinha a própria vida, os próprios problemas, mas nunca irei esquecer o que fez por mim.

[AGORA]

Eu andei por todos os corredores a procura dela, todas as salas de administração, será que ela havia ido embora no meio do período? Foi então que resolvo ir até o banheiro do quarto andar, só por desencargo de consciência. Ao chegar ouço choramingos de um dos boxes, me aproximo e bato suavemente três vezes na porta.

- Você está bem? Consigo ouvir você chorar daqui, sai daí pra gente conversar.

- Você está bem? Consigo ouvir você chorar daqui, sai daí pra gente conversar

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Explicit ( LIVRO 1 COMPLETO )Where stories live. Discover now