- CAPÍTULO 2 -

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*Maia Dantas*

A semana foi bem leve, hoje é um dia especial para a Cidade de Deus.
A alguns dias mandei reforma toda a pracinha, mandei colocar tudo novo e encher de cor.

Esse morro não é mais o inferno que todos pensam que e a alguns anos, a gente mudou muita coisa aqui pra nossa própria proteção e para a proteção do meu povo que eu defendo e protejo com unhas e dentes.
Hoje vamos fazer uma inauguração, seguida de baile funk porque não pode faltar.

Todos pensam que o Tales e meu sub, mas ele é uma espécie de laranja.
Não deixo que as pessoas saibam que foi eu quem assumi a favela, para todos os efeitos ela e comandada somente pelo crime, cada um por si.
Tales ficou responsável por um pequeno discurso de agradecimento pela união do meu povo e eu fiquei no meio deles quieta apenas observando a reação das pessoas.
Sentei no banco novo antes de todos, incrível essa sandália rasteirinha ridícula me fazer calo.

- Sua escrotinha.

Tiro ela dos pés assim que o Tales encerra o discurso.
Ela vai até mim já rindo.

- E sério isso ai?

- Ela esta me fazendo calo !

Ele tira a própria sandália kenner dele é coloca aos meus pés.

- Não precisa, mas obrigada.

- Claro que precisa para de besteira.

- Só me leva pra casa ok?

Eu não queria demorar mais ali, acenei pra algumas pessoas em uma pequena fila do algodão doce.
Ao nos aproximarmos da Bros do Tales ouço alguém me chamar.

- Ei! A gente esta com um problema la na entrada.

- O que e?

- Tem um cara querendo entrar dizendo que quer falar com o Mad.

- Outro plano inútil daqueles burro?

- Não sei... Mas e melhor você ir lá, ele parece decidido é jura ter informações valiosas.

- O que você falou pra ele?

- Que eu vinha buscar a secretaria do diabo.

- Ótimo a gente da uma passada lá agora.

Tales assentiu já ligando a moto, subi na garupa e agarrei firme na sua cintura.
Sabe quando você conhece as habilidades da pessoa?

O Tales e um cu pilotando, me derrubou duas vezes mês passado, barbeiro e pouco para esse diabo.

- Se você me derrubar de novo eu te cubro de porrada.

Ele riu, mas não era brincadeira da minha parte.
O sol estava se pondo em um laranja bem claro, era muito bonito de se ver.
Chegamos em uma das entradas principais do morro e tinha uma Hilux branca estacionada.
O Tales parou e eu desci agora com minhas sandálias na mão.

- E ai? Cadê o fudido?

- Ali ele.

Ele estava escorado na traseira do carro de costas para mim.

- Secretaria do diabo chegando, vamos ver aqui se você vai subir ou vai...

Ele se virou para mim, e pela primeira vez em muito tempo um homem me deixa de pernas barbas sem esta entre as minhas pernas.
Sabe aquela câmera lenta, seguida de batimentos cardíacos leves e nervosismo? Aquele frio na barriga que chega a doer?
Era o que eu sentia agora.
Olho pra ele é o vejo o a mesma expressão que eu devo esta agora... Surpresa.

- Maia?

Ele está diferente mais ainda o reconheceria em meio a uma multidão, a barba da um tom mais másculo a ele é os músculos bem trabalhados saltam da sua camisa preta colada.
O transe se foi e eu respiro fundo, atirei minhas sandálias nele então parti pra cima sem medo algum, descarregando toda a minha raiva guardada por anos.
Ele não tenta me segura, apenas usa as mãos pra cobrir o rosto.
Não me importo com o barraco.
Os tapas não funcionam, dou uma joelhada certeira no meio das suas pernas.
Ele da um grito e cede um pouco.

- Você sempre com essas baixarias - ele sussurra tão baixo que acho que só eu pude ouvir.

Sua voz me dá arrepios.

Tales me segura e os dois se olham, sinto a tensão é o clima mudar.
Do nada um dos dois me empurra no chão e eles começaram a trocar socos.
Pisco os olhos é o Tales está apagando com um sossega leão.

Vejo que armas estão apontadas para os dois.

- NINGUÉM ATIRA PORRA!

Os guerreiros vão pra cima tentando separar os dois e eu aproveito esse momento pra sair dalí antes que alguém veja minhas lágrimas.
Pego a moto do Tales e agradeço por ele te deixado a chave na ignição.

Era difícil pilotar com meus olhos ardendo e minhas mãos trêmulas mas eu consigo chegar na minha casa.
Tentei colocar o pé da moto mas não consegui deixei que caísse no chão lentamente.
Entro e deixo que minhas pernas cedam de vez me sento no chão escorada na porta, abraço os joelhos e choro como uma criancinha que se perdeu da mãe.

Porque depois de tantos anos ainda senti essa dor no peito?

Que merda eu não deveria ter dado aquele piti! Mas eu estava com tanto ódio não consegui me segurar.
Não consigo nem raciocinar direito, o que ele quer aqui?
Que ódio daquele desgraçado! Como ele teve coragem de voltar aqui depois de tudo que me fez?

Meu celular começa tocar freneticamente e eu sou obrigada a atender.

- Pelo amor de Deus precisamos de você aqui! Ele pode subir ou não?

- Sim... Sim... hoje a noite depois do baile ele vai conhecer o Mad - Falei com sangue nos olhos

- Tudo bem, mas ele quase matou o Tales.

- Cuida dele ai ok.

Desligo o celular e me entrego as lágrimas novamente, depois de tantos anos aquela dor voltou, aquela ferida no meu coração está aberta e eu odeio isso...

***
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