Que você viva todos os dias da sua vida

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"Tenho certeza que não preciso te dizer que ele está ficando pior a cada segundo, preciso?" Madame Pomfrey perguntou e Harry negou mais uma vez.

"Ele está... morrendo," Harry disse, sua voz nada mais que um sussurro. "Eu posso sentir dentro de mim."

"Você sentiria, senhor Potter," disse Madame Pomfrey. "Mais pelo laço do coração, mas também porque você é um curador."

Harry quase não ouviu as palavras. Ele disse suavemente, "Eu sinto como se estivesse desaparecendo também, e não há nada que eu possa fazer para parar...".

Com isso, Severo Snape decidiu que já era o suficiente. Ele foi até Harry e o segurou brutalmente pelos ombros. "Eu não vou deixar você desistir, Potter, não agora," disse. "Especialmente não agora que precisamos de você mais que nunca."

Os olhos de Harry se arregalaram com o tom de Snape, ele não havia ouvido Snape falar assim desde que chegou nesse futuro. No entanto, com a voz rosnante de Snape sua determinação voltou. Cresceu dentro dele, e ele viu que Severo estava certo. Ele não podia desistir agora. Os outros bruxos que iriam lutar na guerra precisavam dele quando se machucassem e – mais que ninguém – Draco precisava dele. Precisava que ele estivesse forte, quando Draco não pudesse mais ser forte. Anularia tudo para o qual Harry havia batalhado, seria como desonrar Draco se Harry simplesmente deitasse e morresse também, sem lutar.

Ele olhou para cima e encontrou os olhos negros como carvão de Severo. Seus próprios olhos verdes estavam brilhando com uma intensidade nova.

Naquele momento a porta da enfermaria foi aberta bruscamente. Rony apareceu, sua face tão vermelha quanto seus cabelos.

"Eles estão aqui. Os comensais estão aqui."

Correndo escada abaixo com um Draco semi-consciente em seus braços, Harry tentava se orientar. Infelizmente, com uma frase passando pela sua mente incessantemente, estava difícil completar essa tarefa.

Eles estavam sendo atacados.

Rony estava na fronte. Ele havia se virado no exato momento em que terminou de dar a notícia aos ocupantes da enfermaria. Atrás dele, o grupo de pessoas que haviam sido forçados para fora da ala hospitalar estavam correndo. Harry não reconheceu nenhum deles, mas ele sabia que todos faziam parte da Ordem e que eles provavelmente eram antigos alunos de Hogwarts.

Madame Pomfrey ainda estava na enfermaria. Ela transportaria todas as provisões hospitalares que pudesse. Rony os havia informado que eles não podiam usar a rede de flu, aparentemente os comensais a haviam enfeitiçado de alguma forma, o que significava que ninguém poderia saber exatamente onde parariam se a usassem.

Os comensais também haviam selado o castelo com encantos tão fortes que nem mesmo Dumbledore conseguiu quebrá-los. Ninguém entrava e ninguém saia.

Eles estavam presos em uma armadilha.

Harry viu de relance os arredores de Hogwarts por uma janela que passou enquanto corria escada abaixo. Os campos gramados estavam ocupados por figuras altas e encapuzadas, mexendo como num formigueiro. Cada um deles pareciam ter um propósito, uma coisa específica que tinham que fazer. Varinhas prontas em uma mão, revólveres na outra.

E o primeiro tiro soou.

A dor era fraca, distante, mas ainda assim Harry a sentiu quando alguém foi atingido no ombro. Ele estremeceu ao ouvir Draco gritar fracamente. Fraco como estava, Draco sentiria qualquer dor. Harry, por sua vez, não estava nem fraco nem perto o suficiente da vítima para realmente ser afetado, mas a dor o fez um pouco mais lento. Apenas Snape, que estava logo atrás, percebeu.

Tempo fora de lugar - Drarry - FINALIZADA Where stories live. Discover now