Um bobalhão tão encantador que, mesmo depois de anos, ainda me deixa com o estômago geladinho e o rosto vermelho de ternura.

— Tão fofo — eu murmurei sozinho, pensando em como alguns pontos de seu rosto estão diferentes agora.

E olha. Essa história, certamente, começou há muitos anos atrás...

É engraçado como eu ainda tinha meus quinze anos.

Naqueles dias, eu ainda não sabia, mas minha relação familiar estava fadada a piorar. Estudando como um louco para as últimas provas do ensino fundamental, eu ainda tirava grande parte do meu tempo para visitar a biblioteca e, seguidamente, olhar para ele.

Eu já havia passado por tantas coisas com aquela idade. Tudo era tão difícil de superar que eu me agarrei ao sentimento bom que gostar de Jeongguk me proporcionava. Quando havia tristeza e mágoa dentro de casa, além do medo e descontentamento, sentir amor por Jeon era a coisa mais leve que meu coração podia ter. E era tão bom...

Continua sendo até hoje. Acho que vai ser assim para sempre.

Depois de todas as coisas que aconteceram, eu acho que precisava daquilo. Precisava do amor. De certa forma, todos os dias, eu ainda me pegava pensando em tudo que havia acontecido em minha vida e, consequentemente, me sentindo triste por causa de cada uma delas.

No fundo, eu sei que caí de paraquedas em uma confusão.

Na maior parte da minha vida, eu não gostava nem de pensar nisso... Em tentar lembrar. Pensar por muito tempo me dava constantes dores de cabeça e a frustração ao não conseguir chegar em nenhuma conclusão me sufocava. E sinceramente, depois de um tempo, eu parei de tentar porque acreditava fielmente que não adiantaria. E que não fazia diferença.

Mas ainda sim, eu me lembro de poucas coisas, principalmente quando o assunto é minha casa e minha tia. E quando digo poucas, são poucas mesmo...

Eu me lembro direitinho do dia em que me falaram da minha tia pela primeira vez. Que ela era irmã da minha mãe e que eu precisaria ficar com ela daquele dia em diante... E por mais que a ideia de ter uma casa e uma cama fosse agradável ao meu ver, eu não estava preparado para nada daquilo.

Sabe, às vezes eu sinto que teria me dado muito melhor se tivesse crescido completamente só.

É provável que qualquer coisa fosse melhor do que estar com aquela mulher. Eu ainda sinto calafrios por causa de suas atitudes, e me sinto totalmente atormentado pelas lembranças...

Na época, eu nunca sabia se deveria falar com ela, já que ela nunca falava comigo. Ela me acordava e me mandava comer, então saía e me deixava sozinho até voltar, à noite. Com aquela idade, eu me acostumei a passar muito tempo brincando sozinho e vendo televisão. Mas isso apenas até ela me pegar vendo novela e dizer que eu não podia assistir nada na TV dela.

Eu não podia fazer muitas coisas e me perguntava se tinha feito algo de errado para estar, certamente, preso.

Por mais que aqueles meses tenham sido torturantes, eu me sinto bem ao afirmar que minha rotina de isolação não durou tanto tempo, muito menos anos. Um mês depois da minha chegada, comecei a ter compromissos frequentes que me tiravam de casa e, igualmente, me faziam conhecer pessoas.

Eu tinha constantes consultas também, estava sempre no médico, sendo examinado e ganhando pirulitos. Minha tia sempre saía de lá decepcionada, o que descobri ser por causa da fé que ela colocava na ideia d'eu recuperar as memórias que perdi. Mas os profissionais estavam sempre lhe dando a certeza absoluta de que eu não iria me lembrar de nada...

Meu amigo não tão imaginário {jikook} EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora