– Isso vai ser delicioso – Falou a pessoa do meio alargando mais ainda o sorriso, era homem pela tonalidade de sua voz – o prêmio é meu – Pude sentir um arrepio pelo meu corpo e soube, eu sou o prêmio."

Antes que pudesse ir ao chão, senti braços fortes e aquele cheiro gostoso que eu sei exatamente a quem pertence inundou meus pulmões e foi como se eu estivesse recebendo uma brisa de ar, meu corpo relaxou e se acalmou, eu estava exausta pois haviam sido poucas as vezes que utilizei o dom de ver o futuro, mas nem uma das visões que já tive haviam sido tão intensas como esta. Alec me examinava de cima a baixo com um olhar preocupado, suas emoções estavam um caos e me deixaram um pouco mais tonta, se é que é possível, prendi meus olhos nos seus e pude ver todo o pavor que não só refletia o seu estada de espírito como o meu também. Eu estava apavorada. Todos os presentes variavam de preocupação a curiosidade, exceto um. Meu pai. Ele estava petrificado e seu coração estaria batendo a mil se não estivesse congelado.

– Crystal, está tudo bem? O que aconteceu? Me diz que está bem, por favor – Alec falava rapidamente e me analisava dos pés à cabeça ainda sem me soltar de seu aperto firme e possessivo. Tentei respirar fundo mais uma vez e colocar meus pensamentos em ordem..

– Eu... – Respirei fundo e olhei em seus olhos, me perdendo por segundos naquela imensidão vermelha, pisquei e inspirei fundo seu cheiro que de algum modo surreal me acalmou – Estou bem sim, não se preocupe, eu apenas, hum, eu...

Ele me abraçou apertado, me deixando em choque por longos minutos e eu me vi gostando desse abraço e no fundo de minha alma implorando pra esse momento não acabar, porém eu sou uma mulher totalmente contraditória e acabado estragando tudo pois quando ele percebeu que eu não o correspondia ele me soltou mas não saiu nem um milímetro do lugar, continuou a centímetros de mim e suspirou pesadamente como se um peso estivesse saído de suas costas.

– Isso não pode acontecer, não de novo – Sussurrou meu pai para ninguém em especial, seu olhar cansado e sua voz triste demonstravam que não era notícias boas e todos perceberam.

– O que aconteceu, filho? – Vovô perguntou calmamente, intercalando o olhar entre mim e papai. Alec me conduziu até o sofá e ficou em pé ao meu lado, quase que colado em mim.

– Tive uma visão – Vendo que papai não falaria nada pois estava com um olhar perdido, eu soltei a bomba – só me deem um segundo para me organizar que eu mostro a voces.

Massageei minhas temporâneas lentamente, inspirei fundo logo depois e visualizei a visão que tive a poucos minutos, abri meu escudo passando por todos que estavam na casa e mostrei minha visão para todos eles. Assim que chegou ao fim ninguém disse uma palavra, todos ficaram feito mármore no lugar e eu sorri triste com isso. Lá vamos nós tentar nos manter vivos, pela segunda vez.

– De novo não, isso não pode estar acontecendo novamente – Mamãe sussurrou angustiada, e em segundos ela e Nessie estavam na minha frente me puxando e apertando em um abraço.

"Vai ficar tudo bem irmã, ninguém vai pegar você, eu não vou deixar" duas lagrimas escorreram de minha face e por hora eu me forcei a acreditar nas palavras de minha irmã.

– Quem são essas pessoas? E de que prêmio ele falar? – Jacob perguntou perdido olhando para todos presentes.

– Não sabemos quem são – Papai falou depois de um tempo e sobre a última pergunta, ninguém precisou responder, estava obvio, mamãe se colocou em minha frente, como se o homem fosse entrar algo pela porta da frente me pegar.

– Ninguém vai pegar Crystal, ninguém – Tia Rose rosnou a última palavra e em segundos estava ao meu lado, tocando de leve meu rosto – ninguém vai pegar você rubi.

– Nem que eu tenha que matar muitos recém-criados e alguns velhos Volturi, ninguém vai chegar perto de você minha pequena– Tio Em falou me olhando carinhosamente e estalando os dedos em punho.

– Não devemos deixar chegar a esse ponto – Vovó falou, me olhando de um jeito doce.

– Vocês viram também, vai chegar a esse ponto – Tio Jasper falou, abraçando tia Alice, que concordou com o mesmo, ele me olhou nos olhos e sorriu de um jeito que ele só sorri para mim e tia Alice, de acordo com ela – não se preocupe Darling, não vamos deixar ninguém pegar você, eu prometo.

Sorri de modo triste para ele e concordei, mesmo sabendo que essa era uma promessa que o Deus da Guerra não poderia vir a cumprir. Mandei uma onda de calma a todos na sala, mas não adiantou muito pois todos estavam falando ao mesmo tempo. Merda! Será que minha família nunca vai ter paz?

Grunhi irritada, sentei novamente e coloquei meu rosto entre as pernas com a mão nos cabelos, agora eu sou um prêmio pra alguém? A que ponto a humanidade chegou? O QUE EU TENHO DE TÃO ESPECIAL PARA SER CONSIDERADA UM PRÊMIO?

"Você não parece nada bem, pequeno lírio" assim que Alec colocou sua mão em meu ombro li sua mente quase de imediato, meus estavam sensíveis, eu estava em modo de ataque ou seria proteção? Ainda não compreendo.

Levantei a cabeça e arqueei a sobrancelha de modo irônico, ele sorriu de lado não se afetando com o jeito que o tratei.

– Não vou deixar nada e nem ninguém tocar em você, nem que para isso eu tenha que morrer em seu lugar – Falou tão profundamente olhando dentro de meus olhos, meu interior se remexeu com essa sua fala.

Algo dentro de mim se aqueceu e ao mesmo tempo se partiu com a possibilidade de Alec morrer. É estranho e um tanto confuso, porque ele me deixa assim? Não deve ser por causa dessa ligação que nós temos, não é?

"Ninguém vai morrer, muito menos você"

Pude observar sua pupila dilatar e senti sua emoção ao me escutar. Amor, carinho e felicidade irradiavam dele, mas no fundo, bem no fundo, eu percebi que ele estava com medo... Com medo de me perder nessa guerra que estava prestes a iniciar e esse sentimento me pegou totalmente desprevenida.

– Não vamos perder ninguém, já lutamos muitas batalhas e ganhamos todas, juntos como uma família, nós vamos ficar bem, vamos passar por mais essa e vamos ficar bem porque somos Cullens afinal de contas – Vovô falou, aquietando todo mundo com seu discurso, sorri de lado, eu podia acreditar nisso se algo dentro de mim não disse exatamente o contrário.

– Papai tem razão – Tia Alice falou e levantou saltitando com um olhar felino – devemos voltar a treinar e organizar um grupo de ronda, isso é com vocês – Apontou para Jacob e papai – eu ficarei de olho em qualquer decisão que possa nos mostrar quem são essas pessoas e quando elas chegarem nós vamos estar preparados, vamos acabar com todos eles.

– Tudo vai dar certo – Mamãe falou ao meu lado e deu um sorriso, aos poucos todos estavam se acalmando e é claro, com um pouco de ajuda de tio Jas, lhe mandei uma piscadinha e o ajudei com esta tarefa – somos uma família e protegemos um ao outro, além do mais, olha quantos vampiros com dons mega poderosos em um clã só?

Todos caíram na gargalhada, mamãe estava certa, éramos um clã muito forte e mais forte ainda em família.

Tentei me focar nisso e esquecer de meu pressentimento que vai dar uma merda das grandes e tudo vai acabar dando errado.

Crystal CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora