Capítulo II: Um Pequeno Engano

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    Já eram seis horas da tarde quando os confeiteiros decidiram que era hora de fazer uma pequena pausa para repor as energias, pois, as horas de trabalho contínuo já ultrapassavam oito.

    − Que tal um café? – Falou Rita animada.

    − Ótima ideia mademoiselle! Temos que ficar acordados se quisermos ver a bola descer hoje.

    − E se quisermos terminar o trabalho. – Completou Ashley, alongando-se e girando o pescoço na tentativa de diminuir a tensão nos nervos.

    − Então é melhor irmos andando para voltarmos o mais rápido possível.

    Ajeitando sua bancada rapidamente, Rita tirou sua roupa de trabalho, ajeitou os cabelos um pouco bagunçados e, pegando seu casaco, estava prestes a sair quando se lembrou de seu relógio e do anel que pusera hoje. Avistou o relógio logo, pois estava ao lado da bancada de Ashley, contudo não encontrou o anel, que jurava ter colocado ali perto.

    − Pessoal, vocês viram o anel que eu deixei aqui hoje pela manhã?

    − Hum... Não me lembro de ter visto Rita. Tem certeza que veio com ele hoje?

    Lançando um olhar a Jean que dizia "É lógico! Não estou louca!" Rita remexeu a pequena gaveta onde todos costumam deixar seus pertences.

   − Veja se está em cima da prateleira ou em algum lugar menos acessível. – Ashley disse tentando ajudar.

   − Não consigo entender... Deixei junto ao relógio. Não tem como ele ter se perdido assim.

   Enquanto procurava, Mary e Charlie entraram na cozinha para unir-se a eles no café.

   − E aí gente, vamos tomar um café para aquecer? - Animou Charlie.

   − Rita está procurando seu anel. Ela esqueceu onde o deixou. - Respondeu Jean despindo-se da roupa de trabalho e colocando seu grande casaco de pelos artificiais.

   − Já verificou os bolsos Rita? Sempre que acho que perdi algo, acabo encontrando em meus próprios bolsos.

   − Sim, já procurei em todos Mary, e nada.

   − Era uma joia de valor?

   − Não muito, mas meus pais me deram de presente quando me formei. Então tem mais valor afetivo. Céus! Preciso encontrá-lo!

   − Vamos te ajudar. – Disse Charlie. – Mas... Vem cá, você tirou mesmo o anel do dedo antes de começar a preparar seus bolos?

   Nesse momento, Rita arregalou os olhos. Como já estava trabalhando por muitas horas não estava lembrada se tinha realmente tirado seu anel antes de colocar as mãos na massa.

   − Não... Não é possível que eu tenha feito uma coisa dessas... Realmente... Não pode ser.

   − Tout est possible ma chérie! Estamos todos trabalhando a mil, é normal que esse tipo de coisa aconteça.

   − Mas seria um desastre se algum cliente encontrasse meu anel no meio do bolo!

   − Nem tanto... Poderiam pensar que era uma surpresa, não é?

   − Uma surpresa e tanto Charlie! Principalmente se entupisse a traqueia de um deles. – Respondeu Ashley procurando entre suas coisas.

   − Agora vocês conseguiram me deixar apavorada. Tenho que achar esse anel!

   Nesse momento todos começaram a procurar por toda a cozinha. Reviraram os utensílios, panelas e formas; procuraram dentro da geladeira, do forno, da batedeira; olharam dentro dos sacos de farinha, dos confeitos e das coberturas, mas nada. Passaram cerca de uma hora vasculhando cada canto da cozinha e de parte da loja próxima à confeitaria, quando, finalmente, Mary dá sua sentença.

   − Infelizmente, tenho duas notícias. A primeira é que seu anel não está aqui. A segunda é que ele está na casa de algum de seus clientes.

   − Ah não... Não acredito que isto está acontecendo. Vão pedir minha cabeça numa bandeja de prata! – Disse Rita debruçada sobre a bancada de pedra à sua frente.

   − Não exagere garota! Agora o que temos que fazer é resolver o problema.

    − E como vamos fazer isso Ashley? Vou à casa de cada um dos clientes de hoje e falar: "Boa noite! Há uma grande probabilidade de ter um anel dentro do seu bolo. Então tome cuidado para não engolir e tenha um ótimo Ano Novo!"?

   − Não seja boba. Não temos tempo para ir à casa de cada um. Você já teve mais de dez pedidos hoje. Isso seria impossível.

   − Então o que faremos? – Perguntou Mary curiosa.

   − Vamos ligar para cada um avisando que houve um pequeno engano, e que um anel pode ter ido parar dentro do bolo do cliente.

   Todos olharam para ela incrédulos. Mas sejamos francos: essa era realmente a única opção.

   − Mas já perdi as contas de quantos bolos entreguei hoje. E não me lembro exatamente dos nomes dos clientes.

   − Não seja por isso! – Disse Charlie tirando do seu bolso uma pequena agenda toda amassada. – Eu tenho aqui cada entrega que fiz hoje. Tenho os nomes, endereços e telefones de cada um. Bom... Vejamos... Rita. Hoje você teve dezesseis encomendas. Um número bem alto.

    − Excellent! Rita e eu vamos fazer os telefonemas enquanto vocês continuam procurando, assim, vai ficar mais fácil.

    − Mas o que eu vou dizer para todos eles? – Disse Rita inconsolável.

    − Oras! A mesma coisa que você disse agora há pouco. É simples. Agora se apressem, temos que voltar ao trabalho o mais rápido possível.

    Então, Rita tirou o telefone da cozinha do gancho, abriu a lista de Charlie, respirou fundo e começou a discar. Enquanto isso, Jean pegou seu celular e fez o mesmo. Ele ligaria para oito clientes e ela para os outros oito.

    − Boa noite Sr. Williams. Sou confeiteira da Michael's. Houve um pequeno engano hoje e pode ser que o senhor encontre um anel em seu bolo. Caso isso aconteça, poderia notificar à confeitaria, por favor? Desde já agradeço. Feliz Ano Novo!

    Rita e Jean repetiram essa mensagem para os Jones, Scott, Hall, Adams, Carter, Mitchell, Phillips, Parker, Collins, Bryant, Russell, Griffin, Hayes, Foster e Jackson.

    − Enfim, acabou. – Disse ela desligando o telefone. – Agora só nos resta esperar e torcer para que ninguém se engasgue.

    − Isso mesmo. Pessoal, já são quase oito horas! Temos pedidos a entregar ainda! Vou preparar um café aqui mesmo e vamos tomando enquanto preparamos as entregas. Charlie e Mary estão servidos?

    − Muito obrigada Ashley, mas tenho que voltar para a loja, hoje fecharemos às dez horas, então ainda tenho trabalho a fazer. Quando acabar, volto aqui para irmos, ok?

    − Eu aceito, já que dependo de vocês para fazer as entregas.

    − Então está bem. Vamos ao trabalho.

    − Nada como uma bela confusão para terminar o último dia do ano não é mesmo? – Disse Rita reflexiva.

    − Nada como uma bela confusão para terminar o último dia do ano não é mesmo? – Disse Rita reflexiva

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