Eu não fico com filhinhos de papai.

1.8K 181 169
                                    




Como de lei, eu sai da escola as 17hrs e o motorista me levou ate em casa, cheguei em casa e tudo que eu queria era ser rápida o suficiente para sair sem que o homem que se diz meu pai me visse e fizesse o questionário de onde eu iria...Sim, depois de 16 anos de ausência, ele queria bancar o herói agora.


Vesti um short jeans de cós alto, uma blusa de alcinha preta, amarrei meu casaco na cintura e calcei meu tênis. Passei pela sala e peguei cinquenta reais que estavam no balcão e sai com o dinheiro e meu celular no bolso.


Como combinado, eu fui ate o meu bairro antigo, mas precisamente na praça onde costumava me encontrar com o pessoal. Quando cheguei, de táxi, todos me olharam dos pés a cabeça, nem pareciam mais meus amigos.


- A ruivinha virou burguesa. - Karen brincou e eu revirei os olhos.


- Longe de mim. - disse e a cumprimentei com um beijo na bochecha.


Repeti o ato com a Danielle, com Ramon e quando fui repetir com Fred...Imaginei que não iriamos ser tradicionais assim, ele me deu um selinho rápido e eu sorri suavemente. De todos, ele era o que mais me fazia falta naquela merda de escola.


- Como é a escola nova? - Ramon perguntou.


- Uma porcaria, tenho aula ate as 17hrs e ainda preciso fazer parte de algum clube para dar prêmios para a escola continuar subindo de categoria na cidade.


- Por que não volta pra cá? Sabe que falei serio quando disse que podia morar comigo. - Danielle disse.


- Bem que queria, mas eu não posso...Prometi pra minha mãe que deixaria o babaca do meu pai tomar conta de mim.


- Ela nem ta aqui pra saber se vai cumprir isso ou não. - Karen falou e eu a fitei.


- Cala boca, Karen. - Fred disse.


- Foi mal, Sink. - ela falou e eu apenas assenti.


- Vem, vamos dar uma volta. - Fred segurou minha mão e foi nos afastando do grupinho.


Já passava das 18hrs e a praça nesse horário era bem movimentada, as pessoas gostavam de vir aqui para jogar baralho, beber, fumar, ouvir musica ou apenas conversar. No meu grupo, fazíamos de tudo, mas eu obviamente era a sem graça que não fumava e nem bebia.


- Nunca pensei que diria isso, mas sinto sua falta. - disse e encarei o Fred, enquanto andávamos entre as arvores.


- Eu te disse que ia sentir. - ele falou e riu nasalmente. - Já ta ficando com alguém por lá?


- Qual é Fred? Eu não fico com filhinhos de papai.


- E fez amigos?


- Duas garotas e um garoto.


- Cuidado para esses burgueses de merda não corromperem a sua mente, ruivinha.


- Eles são bolsistas. - falei e ele assentiu. - E ninguém corrompe minha mente.


- Veremos. - ele disse e eu revirei os olhos.


Meu celular apitou no bolso e eu o peguei, era novo, meu pai...Bom, o cara com quem estou morando, disse que o meu celular antigo era ruim demais, então ele me comprou um daqueles de ultima geração que quase não cabia na minha mão. Obviamente, assim que o Fred viu, ele arqueou a sobrancelha.


- Ninguem te corrompe? - ele indagou e eu ignorei.


A mensagem na tela do meu celular era a unica coisa que importava pra mim agora.


Millie, estranha: O que vai fazer hoje a noite?


Sadie: Passar raiva fingindo que gosto da comida de casa.


Millie, estranha: Vamos fazer alguma coisa? Megan também ta afim.


Sadie: Contanto que me tirem de casa, eu topo.


Millie, estranha: Hamburgueria e depois discoteca.


Sadie: Dormimos todas em casa depois, vai ser mais suportável. E meu pai precisa saber que eu tenho amigas.


Millie, estranha: Somos amigas então?


Eu dei risada encarando o visor do celular e o bloqueei colocando-o no bolso. Seria bem melhor passar a noite com as meninas do que tentando convencer meus amigos de que o fato de estar frequentando uma escola de ricos, não iria afetar a maneira que eu sou e a forma com que eu penso sobre toda essa porcaria.


- Eu preciso ir. - falei.


- Achei que tinha combinado de passar a noite aqui. - Fred disse.


- Eu tinha, mas não sabia que ia rolar toda essa merda de achar que mudei por estar frequentando aquela escola...


- Eu não acho que... - ele ia concluir, mas eu o interrompi.


- Eu não dou a minima pro que você acha.


Fred agarrou minha nuca com as mãos e grudou nossos lábios, que ficaram envolvidos em um beijo rápido, que foi interrompido quando eu o empurrei.


- Chega disso. - falei e dei as costas.


- Isso porque eles não iam te corromper. - ele falou alto e eu levantei o dedo do meio pra ele ainda caminhando para a ala dos táxis.


Deslizei o dedo pelo meu celular e fui ate o campo de mensagem.


Sadie: Millie, me manda seu endereço.

Letter | Fadie fanfic [1ª TEMPORADA - CONCLUÍDA]Where stories live. Discover now