"O beijar?", soou mais como uma pergunta a si mesmo do que como uma afirmação.

"E qual é o X da questão?"

"A questão é que ele não tem certeza se é... Gay.", soltou tudo apenas com o ar que prendia em seus pulmões e começou a brincar com a gola de sua camisa.

Seokjin sorriu, mesmo que Hoseok não pudesse ver.

"Seu amigo é casado certo? Então eu imagino que ele sinta atração por mulheres. Mas você disse quase, então provavelmente ele anda tendo complicações no casamento dele, estou correto?", Hoseok confirmou. "Se ele anda tendo essa necessidade de o tocar e talvez de o beijar, pode significar que ele sinta atração pelo homem, mas nega a si mesmo, por ser a primeira vez que interage com outro homem que desperta essa dúvida nele. E, de acordo com o especialista Kim Seokjin – juntamente ao Google –, seu amigo pode ser bissexual."

Hoseok continuou segurando o celular na orelha, mas olhava para o nada tentando processar tudo.

A maior questão que dançava em sua cabeça era: sentia atração por Yoongi?

Era apenas pensar em seu nome que logo via a imagem do moreno em sua mente. Cada detalhe de seu rosto que conseguiu gravar com a proximidade que estavam ontem a noite enquanto conversavam no carro. Seus olhos perfeitamente delineados, seu nariz que foi feito perfeitamente para seu rosto, suas bochechas cheinhas que o deixava ainda mais adorável, sua boca que formava um bico naturalmente sem perceber, ou força-lo.

Droga!

"Tudo bem. Obrigado, hyung.", foi o que conseguiu dizer.

"Disponha, querido. Ah, uma ultima coisa.", disse puxando a atenção do ruivo do outro lado da linha. "Diga para seu amigo que é extremamente normal sentir essas coisas assim do nada. Talvez ele não tenha vivido o suficiente para provar de outras experiências ao longo dos anos, dependendo do tempo que é casado e que ama – ou amava – sua esposa. Diga também que ele não passou a sentir atrações por homens de uma hora para outra, ele apenas não havia encontrado um homem que destrancasse o baú que ele guarda dentro de si, o que causou esse despertar inesperado."

Sua voz era tão tranquilizadora que soava como se tudo fosse fácil demais, apenas mais um problema do cotidiano de qualquer ser humano. Era como a carícia de uma pluma contra uma plantação de algodão. Isso acalmava os neurônios em conflito de Hoseok e o fazia acreditar que não era tão difícil como aparentava ser.

"E diga ao seu amigo não desistir, isso não resultará em nada. Manter os olhos fechados para o problema não irá resolvê-lo, apenas prolongará o tempo que ele poderia evitar se resolvesse o problema na hora."

O ruivo não sabia se agradecia o conselho, se desculpava o horário que ligou ou se desligava na cara dele. No final, apenas se despediu e continuou parado no mesmo lugar acompanhando a iluminação fraca da luz do dia adentrando a janela da sala. Estava amanhecendo e Hoseok estava em pé no canto da sala com seu celular em mãos.

Era tão estranho como tudo ficou tão confuso de repente. E tudo parecia tão difícil de resolver.

Sua consciência sabia que quem estava complicando tudo era ele mesmo. Nem tudo é o que parece ser.

Mas sua intriga não era ligada diretamente a questão sobre sua sexualidade, e sim para saber ao certo o que estava sentindo pelo professor de piano de sua filha.

"Está aí há quanto tempo?", a loira descia as escadas quase arrastando os pés de sono e foi direto para a cozinha. Ao menos olhou para o ruivo no outro cômodo.

"Acordei não faz muito tempo.", mentiu.

"Já acordou com o Seokjin na linha?", perguntou alto por estar em outro cômodo e Hoseok franziu o cenho.

CLOSED EYES | sopeWhere stories live. Discover now