Me Erra Cristiano!

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Bato os saltos do meu sapato com toda força por todo corredor, até chegar à minha mesa na recepção da Dona Augusta.

Se estou sem paciência? Penso. Com toda certeza.

E de quem é a culpa? Cristiano Valle.

Descobri da pior maneira que, paciência é realmente uma virtude. Porque aguentar as inúmeras perguntas sobre o "Por que você não quer passar o Natal lá em casa?", tira a paciência de qualquer um.

Ugrrrr.

Sento na minha mesa e o telefone toca. Imagino. Nossa parece que estava me esperando. Ai depois me lembro. Sim, Cristiano está me vendo pela odiosa câmera de segurança. Aguardando ansiosamente a minha chegada.

Atendo o telefone no terceiro toque.

— Escritório da Diretora Augusta de Sá... — Antes de eu completar o script de chamada, ele responde:

— Lelê, estava esperando você chegar. Ainda precisamos ter aquela conversa.

Não. Repliquei.

— Cristiano Valle. Vai arranjar algo para fazer — ralho, irritada. — Me deixa pensar.

— Deixei você pensar durante duas semanas. O Natal é daqui a três dias. A Vi e o Lucas já confirmaram. Minha mãe e meu irmão estão chegando amanhã à tarde.

— Preciso de um tempo. E para de me pressionar. — Desligo o telefone antes que ele diga mais alguma coisa.

Respiro fundo algumas vezes e meu telefone toca com uma mensagem.

"Vamos conversar no almoço. Cris. 😉"

Com muito custo não taquei o telefone na parede.

***

Mais tarde, eu desço para ir almoçar e encontro o chato de galochas na recepção me esperando.

— Vamos, Lelê — diz ele, sorrindo.

Nem o seu lindo sorriso de covinhas consegue abrandar a minha irritação. Então, o deixo plantado falando sozinho e sigo andando a passos largos em direção ao nosso restaurante habitual.

— Letícia — ele chama meu nome. — Preciso saber se você vai passar o Natal com a minha família?

— CRISTIANO, EU. NÃO. AGUENTO. MAIS. ESSA. PERGUNTA. — Grito no meio da rua, me lixando ao que qualquer um vá ver ou ouvir.

Viro de costas e aperto o passo, mais uma vez o ignorando.

Chegando lá, encontro com o garçom de todos os dias, quem eu nem imagino o nome.

— Boa tarde — digo nervosamente para o garçom. — Hoje eu quero uma mesa sozinha. E o mais longe possível dele — aponto para o Cris.

O garçom fica apreensivo com a minha expressão irritada e olha para a entrada do restaurante, suplicando ajuda para o irritante do meu colega de trabalho.

— E, então — digo, mais nervosa ainda — Vai sair a minha mesa ou não?

— Senhora — Responde ele com a voz tremida, certamente de medo. — Infelizmente não tem mesa disponível. Hoje, todas as mesas estão reservadas para um evento. — Respiro fundo. Umas três vezes, para não perder de vez a paciência e tacar alguma coisa longe.

— VOCÊ QUER QUE EU ACREDITE NISSO!? — Grito com fúria. — Três da tarde vocês tem um evento? É isso?

— É verdade, senhora — o garçom se encolhe com medo de mim. A sua reação me faz perceber que está dizendo a verdade.

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