Hoje foi um dia cansativo, não fisicamente, mas mentalmente falando. Ainda é verão, mas um verão atípico, frio e chato. E no meu caminho eu poderia encontrar com tantas falhas que essa passaria batido sem eu mesmo perceber.
Quando a noite chega eu me deito e tenho visões de um mundo paralelo. Vejo-me contente correndo em um campo verde em direção a uma pessoa distante, mas real.
Eu fui sincero com a minha realidade durante todos esses anos. Uma sequência fiel de dias tortuosos e memórias que me sustentavam em uma base sólida de sentimentos imutáveis. Eu era sim um homem feliz. Da minha maneira, mas feliz.
Contudo, o universo se dilata e o tempo é uma dimensão impenetrável. Como a gravidade de um buraco negro as vezes nossos sonhos são sugados para um espaço escuro e desconhecido. E então ali permanecem como milhões de estrelas em um céu infinitamente grande. Mas eu não me importo, nunca me importei na verdade. Sempre soube que podemos perder até mesmo aquilo que nunca tivemos. E como uma lei da física, isso é prático e absoluto.
Hoje, apesar do cansaço que sinto e das várias desafortunadas ideias que me assolam, posso compreender a realidade de uma forma diferente. Posso enxergar mais do que ver. Posso descontar minha raiva sem me culpar, ou pelo menos sem me machucar. São os indícios de que na vida aprenderemos sempre da pior forma. Aliás, não pior, mas sim mais difícil. Seja inverno, verão, dia, noite, frio, calor, estaremos sempre destinados a cumprir uma sentença. E nessa trajetória tão íngreme e escorregadia iremos da melhor forma nos moldar para aquilo que acreditamos. Ate nos tornar dignos de nosso próprio respeito e da nossa própria liberdade.
Encontre-se. Viaje ate esse mesmo campo verde onde me encontro correndo feliz em direção a alguém.
O meu alguém eu já sei quem é. Aquele distante a me esperar.
E não é segredo se eu disser que o meu alguém é um imenso espelho!
ROGER FILIPE
