Segunda chance

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Contra a minha vontade, entro na escola na manhã seguinte. Suspiro e bebo do meu copo de café enquanto vou rumo à minha sala. Sem olhar para os lados, vou apressadamente aonde tenho que ir, mesmo que eu não esteja atrasada.

Assim que chego à meu destino, me pergunto se Angela virá. Sem demora, a porta se abre respondendo minha pergunta e dou de cara com minha antiga amiga.

— Angel! – Eu exclamo em surpresa e em excitação misturada com medo. Como resposta, ela apenas entra de volta na sala. Sem pensar duas vezes, a sigo. Ela vira para trás irritada por isso e eu apenas dou nos ombros. – Ora, essa é minha sala também.

Coloco minhas coisas do lado da carteira dela e fico na sua frente a impedindo de sair.

— O que você quer? –Angela diz com a chateação refletida em seu rosto.

— Eu gostaria de me desculpar pessoalmente por não ter ido, mas... – começo, mas sou interrompida.

— Mas nada, tá bom? – responde se esquivando de mim. – Você teve um bom tempo para se justificar, agora é tarde demais.

Não desisto e a impeço de ir segurando sua mão.

— Eu me justifiquei sim, à três dias atrás!

— Não brinca comigo, Emilly! –diz, visivelmente magoada. – Eu realmente achei que daria tudo certo, você não tem ideia do quanto eu te esperei.

— Eu iria, eu prometo, mas houve  incidentes e... Enfim, eu te mandei mensagem! E falei para o Gustavo, eu... eu tentei.

— O Gustavo me falaria. – Isso é tudo o que ela diz e sinto como se fosse um tapa no meu rosto.

— Ângela, não faz isso. – Digo decepcionada. – Eu mandei áudio no seu celular e ele respondeu falando que te mostraria.

— Ele me falaria se isso tivesse acontecido, okay? –  Ela diz irritada e, nesse momento o professor chega a nossa sala. –  Se você mandou para mim, estaria no meu celular. Ele viu o quanto eu fiquei triste por você não ter dado sinal, ele não faria isso comigo!

Fico tão incrédula que nem consigo responder. Eu desisto.

— Calma aí, pessoal. Vamos acalmar os ânimos. Considerando a etapa decisiva da vida de vocês, creio que aprender sociologia é mais importante. – O professor diz rindo enquanto senta na sua cadeira.

Decido que vou esquecer minha amizade com ela. "Eu vou. Totalmente vou." Repito na minha cabeça.

No entanto, antes que eu veja, estou escrevendo um bilhete para Ângela.

"Sabe, foi por isso que eu não consegui te avisar da traição. A palavra dele sempre valeu mais que a minha. Não seria diferente. Não foi"

Escrevo meu último desabafo e coloco em sua carteira sem qualquer discrição.

Começo a pensar em tudo que houve na minha vida escolar e em como me prendi em apenas uma pessoa. É de imaginar que eu ficaria sozinha. A vida não é como nos livros, na realidade, normalmente a Vanellope não volta a ser amiga do Ralph, nem o Mike Wasaoski do James Sullivan.

Mesmo assim, está tudo bem. A vida é assim. Pessoas vão e vem.

— Emilly Watson! – Meu nome sendo chamado pelo professor finalmente me acorda dos meus pensamentos. –  Preste atenção, isso é importante!

Como resposta, apenas assinto com a cabeça.

O toque para o recreio soa pela sala e a professora sai com uma velocidade maior até mesmo que dos alunos, que se juntam com seus amigos antes de irem para fora. Bem, esse não é o meu caso, então decido não perder mais meu tempo naquele ambiente.

A Segunda [Conto]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora