Capítulo 11

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Henri permaneceu abraçado com Louise por mais alguns minutos enquanto ela se acalmava. Suas mãos afagavam os cabelos da menina lentamente, nunca a viu tão frágil, nunca sentiu tanta vontade de protegê-la como agora.

A senzala estava silenciosa, escura e fria. Ali era onde os demais escravos dormiam, sem o mínimo de conforto, homens, mulheres e crianças em um mesmo espaço. Louise se endireitou saindo dos braços de Henri, limpava seu rosto molhado com dorso da mão para não se sujar de terra.

-Você está bem? - Perguntou ele.

Ela balançou a cabeça positivamente.

-O senhor não devia estar aqui - disse a menina, com a voz rouca e embargada.

-Sim, eu devia. Procurei você em todo lugar e a encontrei aqui, então aqui é onde eu devo estar.

Louise levantou a cabeça timidamente enchendo os olhos d'agua, porém não permitiu derrama-las. Henri sorriu e elevou sua mão ao rosto dela acariciando-a docemente.

-Porque faz isso? Porque é gentil comigo?

Ele suspirou. Seus olhos estavam escuros, pupilas dilatadas, expressavam claramente um sentimento forte que Louise jamais pudesse descrever. O garoto aproximou-se da menina e umedeceu os lábios.

-Porque eu a amo.

Louise sentiu seu coração acelerar em uma velocidade quase imperceptível. Ficou sem ar ao ouvir aquele homem dizer que a amava, porém não esperava que seu corpo fosse reagir diferente. Em um movimento rápido ela levantou-se do chão cambaleante. Vários pensamentos lhe passavam pela cabeça. E se ele estivesse blefando? E se ele estivesse se aproveitando daquela situação? Ela estava confusa, pois outros pensamentos lhe vinham com as respostas que desejava: Henri jamais faria isso com você. Ele nunca se aproveitaria de você em uma situação como essa. Henri lhe daria todo o apoio que precisasse.

Henri levantou-se também, ficou alarmado devido a reação da menina. Talvez tenha se precipitado ao revelar seus sentimentos naquele momento.

-Louise, eu... sei como se sente e sei que agora não é hora mais adequada para dizer isso, mas eu amo você.

-C-como?

Ele estava eufórico, nunca pensou que ficaria assim por falar uma simples frase.

-Eu... posso estar sendo rápido demais, mas é verdade. Eu sempre quis lhe dar uma vida diferente de tudo isso.

-Espere... - ela colocou uma das mãos no peito, sentia seu coração bater violentamente e sem ritmo. Louise mal conseguiu falar, mal conseguia respirar - eu não entendo o que quer de mim. Simplesmente não dá para acreditar no senhor, porque... para mim não parece real.

-É real, Louise.

Henri deu alguns passos em direção a ela lentamente até ficarem próximos capazes de sentir a respiração um do outro. Louise não recuou, porém ainda duvidava de seus sentimentos.

-Eu posso lhe conceder isso porque a amo. Só o que quero é lhe fazer feliz e nada mais.

A negra balançou a cabeça negativamente. Seus olhos lacrimejaram, aquelas palavras lhe enchia de esperança, mas era essa esperança que a fazia fraquejar, pois sempre a machucava por achar que algo iria mudar quando na verdade só piorava.

-Eu tenho que ir - disse Louise, quase em um sussurro.

-Louise...

-Por favor, não me impeça. Tenho que ficar com meu primo. Ele precisa de mim.

Era uma vez uma épocaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora