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Atualmente

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Atualmente.

— Você pensou no que conversamos? — Hunter perguntou, do outro lado do saco, tentando mantê-lo no lugar enquanto eu alternava entre chutes e socos.

— Não tem o que pensar, X. — golpeei o saco com uma série de golpes rápidos, pegando-o desprevenido e fazendo-o dar um passo para trás para conseguir se firmar. Ele me deu um sorriso convencido. Sabia que eu estava tentando derrubá-lo, e isso o deixara alerta.

— Você prometeu que pararia com as lutas. — acusou, sequer se movendo com a série de socos diretos que dei no saco. — O seu joelho já está comprometido demais.

— E eu parei. — alternei para atacar com as pernas, e senti aquela maldita ardência no joelho, mostrando a minha limitação. E ainda assim, não parei, mas Hunter estava preparado, e sua postura sequer vacilou. Ele provavelmente sabia o que eu ia fazer, antes de mim. Era nisso que dava continuar lutando com o cara que te treinava desde que você era uma fedelha. — Eu estou ótima. Meu joelho está ótimo.

— O seu joelho é o menor dos seus problemas, e você sabe disso. — afastou o saco, endurecendo o tom e o semblante, como sempre fazia quando vinha com algum assunto mais sério. — Aquele cara veio te procurar de novo. Ele é policial, Leona. Você disse que não estava encrencada.

— Policial? — franzi o cenho em confusão, tirando a bandagem das mãos, e ele arqueou uma sobrancelha, esperando o meu momento de luz. E ele veio. E quando veio, revirei os olhos, indo arrumar minhas coisas. — Que cara chato. Puta que pariu.

— Ele queria saber como você está. — entregou-me a toalhinha, e sequei o rosto, mordendo as bochechas. — Por que ele está tão interessado em você?

— Porque ele é amigo do noivo da Chiara. Lembra?

Hunter assentiu com a cabeça, deixando clara a desconfiança. Ele sabia quem era. Além de treinador, Hunter era um grande amigo, a única figura paternal que eu tinha; e mesmo que não falássemos sobre isso, eu sabia que ele sentia a mesma coisa.

— Isso não é uma resposta. — Hunter me tirou dos devaneios, e eu peguei a garrafinha, colocando a toalha no ombro e tomando a água, o líquido geladíssimo descendo pela garganta seca. — Mas o foco não é esse. Por que não aceita dar aulas na academia? Vai ser ótimo. Você vai ser a melhor treinadora, Leona.

Hunter X era uma das poucas pessoas que sabiam lidar comigo. O coitado sofreu para conseguir me colocar nos eixos, porque sempre fui muito agressiva. Nenhuma criança queria lutar comigo porque eu sempre quebrava ou deslocava algum membro. Na época, fiquei até um tempo sem ter com quem lutar, porque ninguém queria me enfrentar. X precisou de muito jogo de cintura comigo.

E no fim, conseguiu. Eu era uma das melhores lutadoras que ele tinha. Muay thai, caratê, jiu-jitsu, judô e boxe, fora arco e flecha e o esgrima, que eram o que eu fazia para esfriar a cabeça.

Leona Castiglione (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora