Maldito Crush

Depuis le début
                                    

— Você demorou! — a porta mal foi aberta e eu já era recebido com sua carranca, que ótimo jeito de ser recebido.

— Um bom dia para você também, esquisito. — ele revirou os olhos e me deu passagem. Dei de cara com sua sala, uma estante quase caindo aos pedaços, com uma tevê caixote, daquelas bem antigas, e por fim, um sofá preto, pelo menos um móvel ali parecia ser novo. Se aquela casa era feia por fora, acredite, por dentro conseguia ser pior.

— Será que você pode parar de me chamar de esquisito? — fechou a porta, me olhando com os braços cruzados — E de nerd também, se possível.

— Mas, você é inteligente, certo? — ele concordou, convencido — E é um dos melhores alunos da turma? — arqueei a sobrancelha e ele afirmou novamente — O queridinho do professor? Sempre o primeiro a terminar suas atividades? — engoliu seco e assentiu, o que resultou num sorriso vindo da minha parte — Então, ao que tudo indica, você é um nerd...meu parabéns!

Me ignorando por completo, ele andou pela casa e eu o segui, seguindo até cozinha, onde ele gentilmente me entregou uma maçã,e por gentilmente eu quis dizer quase acertando a minha cara. Eu não iria aceitar, vai que es tivesse envenenada, mas saí de casa sem tomar café, então qualquer tipo de alimento é bem vindo, mesmo que me mate depois, morrerei de estômago cheio.

— Então —mordi um pedaço da maçã, acho que ela não estava envenenada — sobre o que você queria saber?

— Ah sim...vem comigo — me puxou até um corredor que levava até o seu quarto, se é que podia ser chamado assim.

Era um quarto minúsculo, as paredes brancas já amareladas e encardidas, o chão de madeira rangia em algumas partes e no canto do quarto a madeira estava quebrada - tipo, afundada mesmo, um buraco no chão - e com uma fita por cima para impedir alguém de pisar lá, e eu realmente espero que aquilo no teto já descascando seja mofo, e não algo pior.

No centro do quarto estava sua cama, velha também, com um lençol - horrível - azul com listras amarelas, as estantes de livros estavam sobre uma mesinha de estudos, junto dos bonecos de ação - brinquedos - do homem de ferro, e para colocar a cereja no bolo, um notebook da época da minha avó. Conclusão, o quarto de Jeon JungKook a partir de hoje é meu maior pesadelo.

— Pode ser pobre e detonado, mas é confortável — disse num sussurro, enquanto encarava o chão e mexia os pés, ele deve ter percebido que eu fiquei encarando, me deixando completamente constrangido.— O que meu pai ganha não compra as mesmas regalias que os outros na escola tem.

Estudávamos em uma escola particular, cujo o valor da mensalidade era razoavelmente caro. Não que fosse um problema para mim, mas eu nunca parei para pensar como Jungkook teve condições de ir para lá.

— Bolsa de estudos... — sussurrou, como se acabasse de ler meus pensamentos. O clima acabou por ficar ainda mais constrangedor.

— Enfim... — desconversei — Sobre o que queria conversar comigo?

— Ah...bem... — ele suspirou e começou a tamborilar os dedos na cama, um sinal típico de que está nervoso — E-eu, preciso da sua ajuda sobre... — engoliu seco — Garotos...

— Garotos hein... — sorri e dei mais uma mordida na minha maçã — Algum garoto em especial?

— T-tem... digo, tem um sim...

— Eu não acredito — ele me olhou confuso e comecei a rir — Jeon JungKook tem um crush? — ele bufou e eu ri mais ainda — Achei que seu coração fosse de gelo!

— Não, Park, eu não tenho um coração de gelo... — retrucou —Eu gosto de alguém, e tenho sentimentos — parou e riu em deboche — Já você...

Maldita ApostaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant