o mundo todinho é seu

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O problema todo não era realmente Jungkook. Era que eles não eram amigos, nem inimigos, muito menos desconhecidos.

Jimin sabia das manias de Jungkook, e tinha visto-o se machucar enquanto andava de bicicleta vezes demais.

E aquele era o problema. Jungkook não fingia que Jimin não existia, assim como seria mais fácil. Ele estava ali, sempre lembrando-o que eles dois se conheciam e se gostavam. Lançando-o sorrisos, tocando-o, inventando perguntas bobas só para conversar com ele.

Depois de perceber tudo, Jimin não conseguia parar de pensar sobre.

Sentado na garupa de sua própria bicicleta, mãos firmes no metal. Jungkook estava quieto, aproveitando o caminho. Jimin se perguntava se o coração dele batia tanto quanto o seu, apertava e doía.

Os brincos de Jungkook balançaram em suas orelhas quando ele virou o rosto na direção de Jimin, os cabelos subindo, bagunçando.

— O quê? — Ele indagou, risonho. 

Jimin teve dificuldade de encará-lo nos olhos sem entrar em combustão, e derreter. Por sorte, Jungkook logo virou-se de volta, prestando atenção a frente.

Arrastou as mãos pela jaqueta dele, como se não fosse nada. Ele tensionou os ombros.

— Nada, — Começou e abriu um meio sorriso — Só nunca achei que fossemos andar de bicicleta juntos. Tipo, literalmente.

Estava prestando atenção o suficiente nele para ouvir seu risinho nasal por debaixo de todo o barulho da ventania, e do seu coração martelando seu peito como se quisesse sair.

Pular fora.

Jimin nem sabia mais o que estava fazendo. Com a outra mão, apertou o outro lado do banco, tecnicamente encurralando-o em seus braços. Ele não comentou sobre.

— Mas já andamos juntos. Literalmente. — Jungkook respondeu.

Não sabia se ele relaxando os ombros significava alguma coisa. Foi exatamente por isso que deitou sua cabeça nas costas de Jungkook, deixando-o sem saída.

A não ser, parar a bicicleta e fugir.

— Uh? 

Jungkook pigarreou.

— É. — Murmurou, suas mãos relaxando ao redor do guidão da bicicleta — No fundamental. Acho que foi no quinto ano. Apostamos quem pagaria pelo lanche da cantina com uma corrida de bicicleta.

Ah.

Eles estavam em quatro. Jungkook, Jimin, Taehyung e algum garoto alto que estava sempre com Namjoon.

Não lembrava-se como tudo tinha acontecido. Afinal, por que é que Jimin não competiu com seu melhor amigo? Por que ele andou com Jungkook?

E melhor, os dois eram os donos das bicicletas. Por que é que Jungkook tinha abandonado sua bicicleta para andar com a de Jimin?

Jimin sentiu seu rosto esquentar, a jaqueta de Jungkook de repente parecendo fria. Um sorriso torto tomou conta de seus lábios e ele não conseguiu segurar.

— Não se lembra?

Era ruim quando era tudo daquele jeito. Quando gostava tanto de uma coisa, era ruim pensar que não a tinha.

Jimin estava gostando demais da sensação de Jungkook ali, perto, conversando. E o frio na barriga, o queimar nas orelhas, o palpitar do coração.

Estava gostando demais de algo que não tinha.

— Lembro. — Murmurou, fazendo Jungkook se assustar com o quão próximo estavam.

E estavam. Estavam próximos demais. Próximos demais para Jimin não pensar nos vários sinais que Jungkook lançava, e como eles se embaralhavam um no outro.

Pensou. Pensou até a cabeça doer. Até Jungkook parar a bicicleta em frente ao portão de sua casa, olhar atraído pelo quintal.

Jimin não se moveu, e não pretendia se Jungkook não percebesse. Encarou-o.

Viu como a luz do sol brilhava nos olhos dele, e deixava o rosado nas orelhas avermelhado. Os pés apoiados no chão, brincando de manter equilíbrio para a bicicleta. 

E suas mãos, agora ao lado das de Jimin, no banco.

Ele virou o rosto e, por meio segundo, Jimin segurou a respiração. Jungkook estava ali, pertíssimo, narizes a milímetros de distância.

Mordeu a pontinha dos lábios. Assistiu enquanto Jungkook lançava-o um sorriso mínimo, seu cheiro o deixando bêbado, seu olhar o destruindo.

Alguns minutinhos de caminhada, e Jimin perderia-o de vista. Sabia-se lá quando bateria de frente com ele mais uma vez.

Mesmo que estivesse evitando-o a vinte minutos atrás, o pensamento de não vê-lo outra vez era intenso e o assustava. 

Assustou-se por estar tão hipnotizado, fisgado como um peixe.

Engoliu um resmungo garganta abaixo.

Abaixou a cabeça, suas mãos formigando com o calor da proximidade de Jungkook, de sua presença. Sorriu torto.

Teve três segundos, antes de se ver se perdendo de novo. Antes de Jungkook inclinar o corpo na direção dele e plantar um beijinho em seu rosto, na maçã de sua bochecha.

Aquela área ardeu, e queimou.

— Obrigado.

Era uma simples palavra mas fez o coração de Jimin doer de tanto bater. Fez ele suar, mais um pouquinho ainda, e esquecer-se do que fazer depois.

Jungkook retirou-se do banco da bicicleta de Jimin. A mochila foi parar nos ombros. E de repente, ele tinha esse sorriso sapeca no rosto, o sol fazendo seu brilho salpicar.

— Te vejo depois?

Jimin assentiu, quase que imediatamente. Mentalmente, praguejou. E assistiu Jungkook dar as costas, andando pelo caminho que tinha calculado anteriormente.

Mas não se aguentou. Sai da bicicleta num pulo, correndo até ele. E agarrou-o, puxando pela alça da mochila, bochechas pegando fogo.

— Ei, você pode me passar seu número?

Jungkook olhou-o incrédulo, antes de dar risada.