— Eu estou bem também, Nick! Ainda quero que me conte tudo o que aconteceu nessa viagem, hein!
O sorriso em meu rosto desapareceu quase que automaticamente. Eu não tinha ficado triste, entretanto, lembrar do que aconteceu entre Thomas e eu me causava um certo desânimo, sentimento do qual Gabi percebeu no mesmo instante e acrescentou:
— Ok, não precisa contar agora... pode me contar depois, ou não contar... enfim, só sei que fiz algo tão excitante que eu queria gritar pro mundo sobre o quão boa foi a experiência!
— Isso eu quero saber, Gabi!
Finalmente saímos do lugar e subimos as escadas de cimento, passamos pela porta de entrada e entramos num corredor que passava pela secretaria, depois pela entrada do auditório, e depois para o enorme pátio com uma mistura homogenia entre cinza e verde.
Durante o percurso, Gabi foi me contando que havia realizado um trabalho voluntário num asilo, como uma atividade extracurricular que era oferecida pela Dallas. Ela exaltava inúmeras vezes o quanto esta experiência foi maravilhosa para ela. Fiquei muito feliz pela felicidade de Gabi, afinal, sempre o que um sentia, o outro também sentia.
Entramos no prédio respectivo do primeiro ano do ensino médio, a fim de termos nossa primeira aula do dia, que seria com Simone — a professora de Português. Entramos no corredor de armários amarelos onde estava o meu, para que eu pudesse pegar alguns cadernos e livros do primeiro período antes do café da manhã.
No mesmo instante em que viramos o corredor, vimos que Vinicius, Antoine e toda a companhia de integrantes do clube de esportes estavam encostados em alguns armários enquanto conversavam entre sí. Todos riam e pareciam não ligar de possivelmente a altura de suas vozes estarem incomodando alguém.
Gabi e eu relembramos sobre tudo que acontecera entre Vini e nós, então, ficamos sem reação e nos olhamos inúmeras vezes.
— Nick, — ela disse — você quer passar neste corredor?
Respirei fundo, de início não sabendo o que responder, mas descobrindo momentos depois.
— Bem, eu preciso pegar meu material, certo?
— Sim, mas... seu armário está atrás deles.
O comentário de Gabi pareceu distante. Por mais que aquele corredor estivesse barulhento, em minha cabeça tudo que eu ouvia era um profundo silêncio. Tudo o que eu conseguia fazer era olhar fixadamente para Vinicius. Eu o observava rir e debochar com os amigos.
"O que será que eles estão conversando?", pensei, sendo este pensamento a única coisa que tirou o silêncio da minha cabeça.
Vinicius... embrulhado como um presente naquela jaqueta vermelha do clube de esportes... rindo encostado num armário, mãos no bolso da calça jeans e pé direito apoiado na porta de um dos armários.
— Nicholas? Niiichoolaaas! — Uma voz ecoou distante, mas se aproximando a cada segundo. — Terra para Nicholas! — Gabi disse.
Voltei para a realidade.
— Se eu quiser pegar meu material, você iria comigo? — perguntei.
— Mas é claro que sim, Nicholas! Mesmo sabendo que seria uma espécie de suicídio social e tudo mais...
Seguramos nossas mãos firmemente e quando tomei coragem, as soltamos e iniciamos nossa jornada.
Periodicamente, todos os olhos de cada um do grupo, um por um, olhavam para Gabi e eu. Os olhos de Antoine e Vinicius foram os últimos. Quando Antoine olhou para mim, abriu um enorme sorriso malicioso no rosto. Quando Vinicius olhou para mim, desviou o olhar logo em seguida, mas depois olhou para mim novamente e soltou um sorriso sincero do tipo: "Eai amigo?".
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O melhor ano do nosso colegial
Teen FictionNicholas é um garoto gay que acaba de sair da sua antiga cidade para viver uma aventura em São Paulo junto com a mãe Joana, que luta para encontrar um emprego e manter uma vida estável com o filho, logo após um trágico divórcio. O jovem amante de mú...
30 • O segundo primeiro dia de aula
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