5. coraline

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FLASHBACK
(HÁ 30 ANOS ATRÁS)

NARRADOR

Na vila de Behlis, do outro lado do castelo de Odalin, em uma cabana de madeira estofada, vivia Coraline e suas duas filhas; Melinda, a mais velha, e Tellah, a mais nova.

Melinda era filha de um dos maiores lordes de Espalidir, e Tellah, filha de um moleiro qualquer. Qualquer um que passasse em qualquer hora na porta da casa, conseguia ouvir os gritos e os choros altos de todas as mulheres ali presentes.

Coraline era uma bruxa muito poderosa que usava elementos para conseguir conservar a beleza de suas queridas filhas. Mas isso vinha com um preço, tudo tinha um preço, principalmente para as crianças.

- Mamãe... Estou com fome... - a criança mais velha, com longos cabelos cor de ouro pedia, com os olhos fundos. - Quando teremos pão?

- Quando vocês crescerem, vocês não vão pedir apenas pão. - a mulher cortava mais um fio do cabelo da mais nova, que dormia no chão áspero e frio. - Pedirão aos guardas as maiores e melhores farturas de seu reino, e irão me agradecer por ter as deixado com fome esse tempo todo.

- Mas isso vai demorar, mamãe. - a mais velha resmungava e sentava no chão, vendo sua mãe fazer o ritual.

- Não minha querida... - ela mexia no caldeirão. - Só basta ter o vinho certo, na taça do homem errado.

HÁ 25 ANOS...

- Lembre-se do que nossa mãe nos disse. - Melinda arrumava o vestido no corpo de sua irmã. - Não tente os barrar se tentarem algo a mais.

- Como vocês têm tanta convicção que eles vão querer algo a mais? - Tellah perguntava a irmã mais velha. A mesma virou Tellah para si, e a fez olhar em seus lindos olhos azuis.

- Não duvide da capacidade de nossa mãe! - ela apertava os ombros da irmã. - Lembre-se, somos filhas do mesmo pai, um fazendeiro que oferece tomates para o castelo. Qual é nome dele?

- Stephen Ulric, das terras de Dealand... - a mais nova tentava lembrar o nome fictício de um cara que sua irmã e sua mãe tinha inventado para entrarem no castelo de Odalin e seduzirem os príncipes.

Quando souberam que a comitiva de Espalidir estava vindo juntamente ao seu príncipe e futuro rei, os planos foram mais rápidos que as irmãs poderiam imaginar. Dentro de uma semana depois, já estavam sendo servas no castelo.

- Isso. Vamos.

HÁ 11 ANOS ATRÁS...

- Elliot, temos que conversar... - Tellah falava, entrando em seus aposentos. Foi até sua penteadeira e tirou sua coroa, a deixando por cima da mesma.

- Porque não se deita aqui e falamos disso depois de eu recompensar todo o meu tempo em Odalin? - ele, seu marido e rei, falava manhoso na cama. - Vamos fazer mais um filho!

- Rhaenna tem chorado todas as noites, enquanto Stuart tem faltado às aulas de esgrima. Quer realmente ter outro filho quando não consegue cuidar dos únicos que temos? - ela disparava, sentando ao lado do marido na cama. Elliot se ajeitou, até também estar sentado. Deu uma respirada longa e pegou nas mãos da esposa.

- Eles são crianças, querida. Rhaenna chora por ter medo do escuro e Stuart... - ele tentava pensar em um argumento convidativo. - Bom, eu conheço vários reis que nunca nem sequer pegaram em uma espada. Tellah deu uma risada, seguida de um selinho no esposo.

- Eu sei que está cansado, uma viagem de Odalin para o Exílio não é curta. Mas temos nossa vida. - ele revirava os olhos e levantava da cama, indo servir duas taças de vinho. Ela acompanhava todos seus movimentos. - Stuart está ficando cada dia mais difícil.

- Ele é o futuro rei! Não podemos culpá-lo. - o marido a entregava a taça.

- Ele é um menino, Elliot. Eles são tão jovens e já carregam tanta responsabilidades, porque não conversa com eles? Você sabe que eles preferem mais a conversa do papai que traz presentes da viagem, do que da mamãe que fica cuidando do trono. - ela ironizava e tomava um gole de vinho.

- O que você quer que eu faça, Tellah? - ele exaltava. - Eu chego de uma viagem, uma viagem para o bem do reino, e eu mal tenho descanso! Eu queria que apenas uma vez você pensasse como eu. - o rei desistia do vinho e o colocava na mesinha ao lado da cama.

- E-E-lliot... - ouviu a voz de sua mulher e quando olhou para trás, a via com o rosto roxo e boca inchada. Ela estava sem ar.

- Tellah? - ele ia até a mesma e a balançava. - Tellah, pare de brincar!

Quando olhou para sua mulher novamente, ela já não lhe respondia mais. Sangue saia do seu nariz e ouvidos, seu angelical rosto estava roxo e seus lábios tão inchados. Ele gritou os guardas tão alto quanto podia, e assistiu o corpo de sua mulher sendo levado.

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- Coraline, entendo que esteja triste, mas eu também amava Tellah. - Elliot dizia ao seu lado, com sua coroa de rei, sua roupa preta e olheiras profundas. - Eu a fiz rainha de algo que August nunca seria capaz de proporcioná-la , temos um filho e uma filha. Acredite em mim quando eu digo que irei pegar o desgraçado que a tirou de mim.

- Não acredito que eu entreguei minha filha para um rei que estava com o vinho envenenado. - Coraline dizia, vestida com seu melhor vestido preto do melhor tecido de Odalin e pegava na mão gélida da filha. - Ela deveria ter ficado com August!

Ele se virava para sogra, chorando por ter que falar aquilo de sua amada.

- E quando eu pegar, ele irá queimar no fogo dos Onze Reinos por isso. - ele saia, indo de encontro aos filhos, que agora precisavam dele. 

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e ai, gostaram?

esse capítulo vai ser MUITO importante 

para o caminhar da história...

estão ansiosos pra ver a vovó cora na história? 

Bound Queens | medieval.Where stories live. Discover now