Silenciadores

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    Amor. Que mal o amor faz, certo? Afinal, o amor é a expressão do caráter bem formado de alguém, como pessoa. Nem todos são capazes de amar, pelo menos não de verdade.

    O amor é paciente, não se zanga, não sente ciúme, não sente medo. Poucos são capazes de amar. Acho que esses anos todos eu estive amando certo, até que os silenciadores chegaram.

    Eu nunca tive medo de perdê-los, mas agora temo que não os tenha amado certo. Mas no amor não existe medo certo? O verdadeiro amor extingue todo o medo. Então porque não consigo fechar os olhos apenas em pensar no que pode ter acontecido a eles? 

    Silenciadores matam. Eles matam tudo e todos que vêem pela frente, não será diferente com Andrew e Callie por serem meus pais. O meu medo não é que eles tenham morrido, eu sei que se foram, mas sim que tenham sofrido. Existem tantas maneiras dolorosas de perder a vida, nunca havia parado pra pensar nisso. Na verdade sim, quando fui enfeitiçada, mas pensei apenas na possibilidade de eu morrer desidratada.

    Afogamento, combustão, decapitação, enforcamento, esquartejamento, tortura, e a lista continua. Sei que existe um Criador, mas às vezes penso que ele não sabe da minha existência. Faz sentido, ele nunca me viu, ou ouviu minha voz, não seria surpresa se ele não soubesse da minha existência. É uma boa teoria, explica muita coisa, mas mesmo assim não me impede de sentir um pouco de sono. 

    O breu do quarto não transmite muito conforto, ou segurança, mas Aaron está montando guarda no quarto ao lado, o de sua protegida; isso me permite fechar os olhos com maior facilidade. Tento não cair no sono, mas o cansaço é muito forte e acabará me vencendo. 

    Como eu dizia, ouviu-se um grito.  

    Vindo do quarto ao lado de Mel, o grito de Amanda era estridente. Aaron, que guardava a porta da princesa, pela primeira vez ficou sem reação. Não podia deixar a posição que estava para ajudar Amanda, mas não podia ignorar o som advindo de seu quarto, e não iria. O príncipe, em pouco tempo, saía de seu quarto com uma besta* em mãos. Trocaram olhares, enquanto Damien se aproximava:

    - Sua sereia é complicada Bennet, complicada. 

    O guardião não respondeu, apenas deixou seu posto e seguiu em direção à porta ao lado. Deu três toque na porta, e aguardou por resposta. Nada! Se concentrou nos sons de dentro do quarto, o som de um choro era perceptível.

   Ele abriu a porta, e se deparou com algo que não esperava. Amanda ainda dormia, e chorava copiosamente enquanto o fazia. Outro pesadelo, e ele não sabia como ajudar. Diferente de Mel, Amanda não era sua protegida, e ele não queria correr o risco de assustar a sereia tentando acordá-la. Optou por acender um luzeiro no criado mudo, sentar-se ao seu lado na cama, e tentar acalmá-la sem que a acordasse. 

    Ele secou as lágrimas da morena, e acariciou seus cabelos, enquanto balbuciava um sereno "shh" repetidamente. Seu choro eventualmente cessou, mas ela ainda estava agitada. Lembrou-se de que ela era sereia, pensando que talvez uma música a acalmasse. Então assobiou a melodia de I Won't give up, uma música conhecida na dimensão de Melissa. Estranhamente, a sereia começou a se acalmar, até que acordou. 

    - Desculpe se te acordei, você chorou enquanto dormia. - justificou Aaron, com ternura. Ele tentava transmitir a ela segurança, para que voltasse a dormir. 

- Eu gritei? - perguntou, constrangida. Ele assentiu. - Sinto muito pelo incômodo, mesmo.

- Você não incomoda. Foi um pesadelo, eu entendo.  - pensou em se levantar e voltar ao seu posto, mas ela ainda tinha os olhos bem abertos e não pretendia descansar tão cedo. Lembrou-se de quando Melissa teve um pesadelo, tão assustador que ela não suportava ficar longe dele, e os druidas a marcaram. Ela estava aterrorizada, tanto quanto Amanda parecia estar agora, e a sereia nem sequer se machucou com os pesadelos. Imaginava o que teria acontecido a ela de tão assustador, que a amedrontava assim.

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