Sépia

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O público gritava. Meu sangue corria rápido por minhas veias e meu coração parecia pular no peito. Continuei sorrindo sentindo toda a adrenalina daquele momento. Toda a energia que os fãs traziam naquele coral de vozes emocionadas.
De repente todas as luzes se apagaram após Suho se pronunciar. O show havia terminado, mas eu ainda o sentia em cada célula. Eu tinha feito parte daquilo e seria difícil me desligar.
Um segurança me guiou pra fora do palco, como em qualquer outro show. Segui os meninos que não podiam estar mais animados que eu.
-Estou morrendo de fome! -Jongin foi o primeiro a se pronunciar sobre algo que todos nós sentíamos.
-alguém jogou um sutiã pra mim. -Chan comentou de forma animada como se aquilo fosse uma coisa tão incomum.
-O que será que tem pra comer? Estou com muita fome mesmo.
-Okay, Kai, cale a boca e já vamos ver o que tem pra você comer. -Soo se pronunciou fazendo careta pro moreno.
Rio baixo da forma como eles falam, eu amava aquele clima, amava a satisfação de ter finalmente completado mais um show e de ter feito milhares de pessoas gritarem as nossas músicas.
-Sehun. -Uma voz baixa me chamou a atenção e então olhei pra trás. Suho estava lá, com aquele sorriso de satisfação estampado. -Quer ir comer comigo? Não quero comer lanche e tenho certeza de que eles pediram algum lanche.
-Claro, vamos pra casa.
O sigo até um carro e peço pra que nos guiem pra casa que alugaram pra nós durante aqueles dois dias de show na cidade. Me jogo no banco e fecho os olhos respirando fundo e sentindo toda aquela adrenalina se dissipar conforme vamos nos acalmando.
-Foi um ótimo show.
-Foi sim... você foi ótimo falando, as pessoas te amam.
Ele sorri e se aproxima, deixando nossos corpos suados se encostando. Não é uma sensação ruim quando é ele ali.
Sinto o carro freiar suavemente e logo a porta se abre. Desço logo após o mais velho e o sigo pra dentro da casa onde está tudo aceso.
-Preciso muito de um banho!
-eu também.
Ele me olha envergonhado.
-Vou pedir pra ligarem pra algum restaurante enquanto isso... pode ir primeiro
Assinto e sigo pra cima. Está tudo tão silencioso e meus ouvidos parecem zunir, mas não é uma sensação ruim. É a sensação de que aquele dia tinha sido incrível.
Sinto a água me lavar, levando o suor, o cansaço e o medo de que não daria certo, o pequeno medo que se instalava em mim mesmo sem motivo.
Desligo o chuveiro após um bom tempo e saio do banheiro seguindo para o quarto. Vejo Suho procurar uma roupa e o observo por um segundo. Eu sempre o havia admirado e não deixaria de admirar. Ele era bonito e engraçado. Ele era muito bonito.
-Sehun?
Escuto meu nome sair de seus lábios em voz baixa e olho seu rosto percebendo as bochechas rubras.
-Oi
-Está tudo bem? Você estava me olhando e parecia pensativo...
-não é nada, acho que estou cansado
-Eu Também, vamos descer, daqui a pouco a comida chega
Assinto e vou pro guarda-roupa me vestir. O vejo ir pro banheiro com as peças que ele pegou e rio baixo por ele ainda sentir vergonha de mostrar o próprio corpo depois de anos trabalhando juntos.
Visto uma calça confortável e uma camisa de mangas. Me sento na cama e o espero vendo que ele não vestiu nada muito diferente de mim. Calço minhas pantufas e desço sentindo cheiro de sopa e carne.
-Hum... estou morrendo de fome
-Eu Também, vir pra cá foi uma boa ideia, isso é bem melhor que lanche.
Me sento a mesa e pego um dos pratos. Observo Suho fazer o mesmo e começo a comer.
-Isso está delicioso! -Ele exclama enquanto enfia mais comida na boca me fazendo rir. Ele me olha e ri também pelo fato de eu estar quase engasgando. Passar o tempo com ele era bom.

Me jogo na cama e suspiro satisfeito. Suho cuidava de deixar os outros quartos arrumados pra quando os outros chegassem.
-Posso dormir aqui hoje? Não quero acordar com o barulho.
-Claro, deita um pouco aqui, faz tempo que não conversamos.
Ele fecha a porta do quarto e ando até a cama que estou ocupando, logo deitando no espaço que deixei. Me viro pra ele que faz o mesmo me olhando com um sorriso despontando no canto dos lábios.
-Voce está tão maduro agora Sehun.
-Há quem ache o contrário.
-não, eu te vi mudar, tenho certeza do que estou falando, você está bem diferente... eu gosto dessa mudança em você.
-Gosto que tenha notado isso, Suho... sua opinião é importante pra mim, você sabe, não?
-Voce faz questão de me lembrar sempre que pode.
Sorrio e afasto os fios de cabelo da testa dele. Eu sabia o que sentia por ele a algum tempo e ele também desde que ficamos naquela casa de inverno no ano que havia passado, talvez esse fosse um dos motivos de ele me evitar por algum tempo e por isso eu tinha medo de agora ir rápido demais e perder novamente todo aquele contato.
Apesar do contato incomum ele não se afastou dessa vez, ele ficou me observando com aqueles olhos brilhantes e animados que me faziam querer sorrir.
-Eu acho que descobri muitas coisas sobre mim mesmo no tempo em que nós dois amadurecemos, Sehun.
-E o que você descobriu?
-Que gosto de chocolate amargo misturado ao leite...
Rio baixo e deixo que ele continue.
-que gosto de comer em áreas abertas, mesmo no frio...
Acaricio o rosto dele enquanto ele numera as coisas que ele aprendeu sobre si mesmo e sinto meu coração se aquecer ao que ele deixa sua última descoberta escapar pelos seus lábios.
-eu amo você.
O olho e sorrio sentindo que tudo está se encaixando.
-me ama?
-mais do que posso entender ou explicar.
Tento não sorrir tanto, mas parece impossível ao ter a confissão da pessoa que eu também amo. Suho havia me conquistado de tantas formas e ter meu amor retribuído era simplesmente indescritível.
Continuo acariciando as bochechas dele e tomei coragem pra me aproximar o suficiente pra sentir sua respiração em meu rosto. O medo de ir rápido demais ou de acordar com um movimento brusco me assombravam no canto da minha mente, por isso tentei ser calmo e gentil.
-Sehun... quero sentir como é te beijar agora que sei o que sinto... por favor, me beije.
Talvez todo o medo do mundo não fosse o suficiente pra me parar naquele momento. Em um segundo eu estava beijando aqueles lábios que eu tanto desejará a muito tempo.
Beijar Suho era como tocar uma pétala de flor. Era fresco, macio e cheiroso. Eu conseguia sentir seu perfume que se assemelhava-se tanto ao cheiro de um pêssego.
Tudo nele era arrepiante, alucinante. Tudo nele era delicioso de uma forma inexplicável.
Nossos lábios se moviam agora sem qualquer sincronia, movidos apenas pelo desejo de mais, pelo desejo de que não acabasse e, se acabasse, fosse numa explosão de prazer.
Meu corpo já estava sobre o dele e meus dedos apertavam sua cintura enquanto os dele apertavam meus fios de uma forma dolorosamente gostosa.
Suho era dolorosamente gostoso e eu queria provar toda aquela dor mesclada em seu sabor.
Sua pele se arrepiou ao toque de meus lábios e esquentou enquanto eu a marcava, sem pudores e sem medos. Já bastava de medo. Eu não o sentiria enquanto fosse dele e ele fosse meu daquela forma tão íntima.
-Sehun... -Era um sussurro, um pedido por mais e eu dei mais, dei tudo.
Nossos corpos roçando, praticamente causando estática, causando arrepios e choques.
Suho era meu.
Suas coxas se abriram pra mim e eu o beijei, beijei de todas as formas que pude. Seu cheiro de pêssego impregnando meus sentidos.
Seus gemidos não carregavam pudor, eram altos. Eu me afundei nele, me afundei como nunca havia feito. Dolorosamente doce, dolorosamente bom. Apertando e arrastando. Cobrindo de tesão.
Nossos dedos entrelaçados e os lábios tentando dizer coisas inexplicáveis.
O suor nos cobrindo, nos unindo. Testas juntas e respirações ofegantes. E finalmente a explosão. O orgasmo. O prazer final de todo um ato de puro desejo.
Eu sorri e ele também. Estávamos juntos e Suho estava sorrindo pra mim, aquele sorriso só meu.
Nossos corpos finalmente descansaram, mas nossas mentes ainda lembravam do sorriso.

Era manhã. Meu corpo doía de uma forma revigorante. Eu estava totalmente acordado, mas o vazio na cama me incomodava.
Me levantei e tomei um banho antes de olhar o horário. Já era tarde, mas eu tinha tempo pra fazer o que precisasse.
Desci procurando Suho, tentando não pensar que tudo aquilo poderia ter sido um sonho bom apesar das marcas.
Ele estava na parte de fora. Coberto por um sobretudo sépia, observando o mar lá fora. Me aproximei e ao me ouvir ele se virou. Ele voltou a sorrir.
-Nosso almoço já está aqui... achei que não fosse acordar tão cedo.
Tudo parecia como antes, mas algo tinha mudado e era bom.
-Senta aqui, Sehun, seu lanche já está esfriando.
Andei até a mesa e me sentei vendo os lanches dispostos pela mesa. O observei por um tempo e peguei meu celular. Me permiti tirar uma foto.
Aquela seria a primeira entre muitas e eu estava feliz.

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⏰ Last updated: Oct 23, 2018 ⏰

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