CAPÍTULO DOIS

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BOAS-VINDAS À ESCOLA

Cidade de Osbrück. Verão de 1910.

Até seus quinze anos de idade, Lindsay não ia à escolas normais como os outros jovens. O medo que sua mãe, Victoria, tinha da sociedade, era intenso. Ela temia que sua filha Lindsay pudesse perder a sua inocência e ser corrompida, como muitos fanáticos políticos da região ou ser machucada, como havia acontecido com ela há uns trinta anos atrás. Então não lhe restava outra opção a não ser estudar sua casa, com um professor particular, desde Saint'Raffan até a cidade de Osbrück.
Lindsay não gostava muito da cidade de Osbrück, porque sua mãe havia ficado mais paranóica que o habitual, com todas aquelas regras. A garota  passava noventa por certo do dia dentro do seu quarto, consumindo páginas de bons livros ou estudando sobre algo relevante. Os outros dez por cento restantes, ela saía com sua mãe para colher alguns legumes na horta que havia em seu quintal, ou quase raramente, davam uma volta na cidade, que ficava há trinta minutos de onde moravam.
Havia se passado três semanas desde a mudança para a sua cidade natal, Osbrück. As coisas em Saint'Raffan pareciam não fazer sentido, fora que a agitação da cidade havia chegado onde elas moravam — Victoria detestava agito de cidade grande. Porém, a chegada em Osbrück veio na hora certa. Uma herança de uma tia-avó de Victoria, que partira há um ano, dessa para melhor, e deixara a casa para sua sobrinha-neta.
Lindsay já tinha quinze anos, desde o último outono, e esperava ansiosa pelo seu próximo aniversário, que estava se aproximando, pois Victoria lhe prometera um grande presente. Ainda que para sua mãe, Lindsay fosse uma adolescente indefesa de quinze anos de idade, a garota sustentava uma aparência de jovem segura e determinada.
Tudo o que ela sabia sobre fazer amizades em escolas, em por outros meios, também, é claro, ela estava prestes a viver uma experiência totalmente nova. Um milagre se precipita. Victoria  deixaria Lindsay frequentar pela primeira vez na vida, uma escola “normal”, com colegas e vários professores.
O motivo da mudança repentina é que o professor particular de Lindsay, o adorável e atencioso, Jeffrey, tivera que viajar inesperadamente, e por fim, ele não poderia mais prestar serviços educacionais à Lindsay. O segundo motivo era que ele já era velho, e estava adoentado. Ele era o único em que Victoria confiava os estudos de Lindsay, e também era o único que esteve sempre perto da garota, quase toda sua infância e início da adolescência. Jeffrey era uma pessoa boa e de coração gentil. Infelizmente esses seus problemas de saúde se alastrando cada vez mais, o fez se afastar. Sua despedida fora muito emocionante, pois Lindsay gostava muito dele, até porquê, quando ela não sabia algo, ele lhe ensinava de uma maneira que ela não conseguia mais esquecer. Ela o chamava de professor mágico.

— Eu não acredito! Sério, mãe?! Obrigada! — Lindsay pula no pescoço de Victoria, enchendo-a de beijos, quando ela dá a notícia que acabou se matricular a garota em uma escola pública, na cidade de Osbrück.
— Sim, sim, sim... Mas você tem que me prometer que vai se comportar e que fará as coisas do modo certo — ela passa um sermão chato, que Lindsay já ouvira a um bom tempo.
— Tudo bem... — Lindsay bufa as palavras, enquanto revira os olhos.
— Estou falando sério, garota — Victoria dá umas palmadinhas em Lindsay, fazendo-a ficar vermelha de vergonha.
— Como é mesmo o nome da escola? — Lindsay estava viajando em pensamentos diversos, imaginando como seria essa tal escola, quando Victoria pronunciou.
— Osbrück Bildungseinrichtung. (Algo como: Instituto Educacional de Osbrück). Victoria responde, enquanto arruma os cabelos da garota.
— Fascinante!
— Aproveite a grande oportunidade, filha, pois poucos têm acesso a ela. Agradeço ao seu padrinho, Antonin, ele está financiando seus estudos — Victoria começa a falar, em pausa, enquanto muda de expressão. Mas Lindsay não percebeu.
— Aquele amigo da família que não vejo desde...
— ... sete anos. Exatos — Victoria completa, indo até a janela, e observando o exterior, verde e cheios de árvores —, faz tempo que não o vemos. Ele estava na França. Mas ele me disse que se mudará para Osbrück e que tem planos.
— Ele é uma pessoa legal. O bom filho a casa torna. Engraçado, todos nós estamos voltando para Osbrück. Como dizia nossa antiga vizinha, Luci: ainda que caminhemos por terras distantes, as raízes nos atrairão para o ninho novamente — Lindsay assente, tentando recordar-se do rosto do homem.

O ESTÁGIO: InevitávelWhere stories live. Discover now