we're so starving

238 29 26
                                    

— Senhor Urie! — a mestra exclamou em advertência. — Se pegá-lo novamente escrevendo em papéis, sairá de sala!

O jovem chegou a se sentir suprimido. Procurou o garoto estranho e bonito pela sala e, assim que seus olhares se encontraram, ele desferiu um sorriso — provavelmente o sorriso mais lindo que Brendon vira — e isso motivou-o a continuar escrevendo.

Ele acabou escrevendo duas palavras, pois teve medo da professora olhar para trás e tirá-lo de classe.

— Professora, será que poderia ir no banheiro? — Dallon levantou a mão e falou.

A moça assentiu e o jovem saiu da sala, indo em direção ao banheiro, no andar de baixo. Era um caminho tanto quanto demorado.

Brendon observou cada passo dele, cada movimento que seu tecido ósseo fazia para realizar um mísero passo. Era tão belo.

— Professora, posso ir jogar este papel no lixo? — Brendon levantou a mão e disse, um pouco mais baixo. — A moça da limpeza levou-o.

Ela olhou-o desacreditada e duvidosa. Pensou se realmente deveria e acabou por deixar, o que fez o garoto pular mentalmente e ir para fora. Encontrou Dallon ainda nas escadas, parado, subindo lentamente, mexendo no celular.

Foi aí que Brendon se tocou: ele havia falado "lixo". Brendon não conseguia falar essa palavra.

Então, observando bem, ele não viu uma lixeira por perto. Decidiu que o certo seria descer um andar e jogar no banheiro. O banheiro que Dallon iria. Ele gostou da ideia.

Assim que seus passos rápidos e preocupados tocaram o piso do banheiro, ele sentiu vontade de procurar o estranho-bonito por cada cabine daquele local.

— Hey, menino — uma voz chamou, do último compartimento. — Lixo? Tem aqui.

Brendon ficou pensando em como aquela pessoa descobrira como precisava de um lixeiro. Aí, ele notou que estava com a bolinha de papel pulando em suas mãos.

— Quem está aí? — Brendon perguntou baixo, na esperança de quem que estivesse ali escutasse.

— É o Dallon — a voz respondeu, e Brendon apressou o passo. — Você anda mais rápido, que tem a minha voz que acabou por atraí-lo?

Brendon travou. Ele nem notara que andava mais rápido e que já estava na frente da cabine do Weekes, que era bonito até de trás.

— Ela é... bonita. Eu gosto de vozes bonitas — Urie achou uma desculpa e observou o outro virar-se, abotoando seu cinto e fazendo Brendon lutar na sua mente para não olhar para baixo. — Deve ser porque sua boca é bela, então...

Brendon parou por um segundo, quando caiu a ficha do que tinha falado. Dallon encolheu os ombros e ergueu um braço até a parede.

— Quer vê-la mais de perto? — Dallon flertou, colocando a mão vaga no bolso. — Eu deixo.

Brendon sentiu um nervosismo, lembrou-se de Paris e pensou em negar. Mas ele queria, queria muito, mesmo que fosse coisa pouca.

Ele subiu o rosto até suas bocas roçarem-se umas nas outras, provocando um certo êxtase nos dois. Dallon avançou seu rosto e fez os dois selarem seus lábios por breves segundos, que se estenderam como uma eternidade para Brendon.

— Quer mais ou voltará para a aula de literatura? — Dallon seduziu mais uma vez.

Brendon não tinha experiência para mais que aquilo, então previu péssimas situações e decidiu recusar.

— Está bom por hoje — ele gaguejou. — Obrigado, podemos repetir outro dia.

Brendon correu corado. Ele não sabia porque havia falado a última frase. Meu Deus, ele pareceu ser tão idiota.

Dallon pegou o papel do lixo e abriu, encontrando uma bela música chamada "St for DW". Ele não sabia bem o que poderia ser, mas achou tão lindo e inacabado o que lia. Ele criou ainda mais uma certeza de que Brendon havia escrito aquela carta da natureza.

E ele se apaixonou 1% a mais por ele, sem saber.

Apaixonou-se pelo garotinho pálido, baixo e tímido.

Porém, o garotinho pálido, baixo e tímido não conseguiu ficar na escola por tanto tempo com aquela cena em sua cabeça. Simplesmente fugiu, foi para casa e passou horas pensando no que aconteceu.

Sua cabeça girava a turbilhões. A velocidade a qual sua mente rodava era maior do que batidas de seu coração. Os hormônios liberados naquele momento certamente estipularam o nível comum, fazendo-o lembrar de um livro que ganhara quando tinha oito anos: Ciências para Bebês.

Nesse livro, ele aprendeu várias coisas sobre hormônios. Como a ocitocina, liberada pela hipófise, e outras que ele não lembrava bem o nome.

Ele riu um pouco. O modo como sua cabeça assemelhava as coisas era surpreendente. Que raios um beijo tem a ver com hormônios liberados pela hipófise?

Dallon também foi para casa depois de algumas aulas. Ele não sentia a cabeça girar tanto quando Urie, mas certamente ela girava. Ele acariciava os lábios com a língua, em tentativas falhas de sentir o gosto dos lábios de Brendon novamente.

Ele queria que Brendon tivesse aceitado. Ele passaria as aulas todas ali, se beijando. Nenhum dos dois reclamariam. Mas, ao mesmo tempo, Weekes sabia que o garoto não era tão confiante, então deixou ele próprio ser natural, seguir seu próprio rumo.

Afinal, se ele estivesse no lugar dele, ele também gostaria de ser tratado assim.

Ademais, o dia não foi o fim. Dallon planejava ainda mais e obviamente Brendon também. Os dois eram extremamente reclusos acerca de si mesmos, e isso poderia não permitir eventos futuros, mas, pelo menos pela parte do Weekes, isso não aconteceria.

Os dois estavam tão felizes. Eles podiam explodir de emoção.

[notas finais]
com medo do resultado disso
mas vamo que vamo

pretty odd • brallonWhere stories live. Discover now