Simplesmente Acontece - Lucas Olioti

CONEXÕES

- Depois a gente conversa sobre isso, mas que dia você vai voltar?

- Eu vou voltar só no fim de semana.

- Daqui dois dias! - Disse rindo.

- É! - Luisa concordou e gargalhou.

- Terminei papai! - Pietro disse enquanto empurrava o prato que estava em sua frente.

- Tá, pode deixar aí filho!

- É o Pietro? - Luisa perguntou ainda na linha.

- Sim!

- Manda um oi pra ele!

- A Luisa tá te mandando um "Oi" Pietro! - Disse afastando o celular.

- Oi tia! - Pietro gritou ainda sentado.

- Ele disse...

- Eu escutei, ele ainda me chama de tia por sua culpa! - Luisa disse gargalhando.

- Pois é!

- Então tá Lucas, a gente se vê lá em Curitiba!

- Tá bom, tchau!

- Tchau!

Encerrei a chamada e coloquei o celular em meu bolso.

- E agora Pietro?

- E agora o que? - Pietro me questionou entortando a cabeça e juntando suas sombrancelhas.

- Vamo fazer o que?

Pietro colocou seu cotovelo sobre a mesa e apoiou sua cabeça em sua mão.

- Vamo no parque! - Pietro disse sorrindo.

- Óia!

- Óia! - Pietro disse me imitando e depois gargalhando.

- Vish, vai virar papagaio denovo!

- É! - Ele disse rindo ainda mais alto.

Peguei meu celular e liguei para o Mauro, não sei por qual motivo, mas eu estava com vontade de gravar esse passeio.

- Fala Maurinho!

- Fala seu mieeerda!

- Quer ir no parque comigo e com o Pietro?

- Bora, quer gravar?

- Sim!

- Amém Deus! - Mauro berrou do outro lado da linha.

- Por que todo mundo grita comigo pelo telefone?

- Todo mundo quem?

- Aff, nada, esquece!

- Que horas a gente vai?

- Jájá, só tenho que me arrumar e arrumar a najinha.

- Siiiiii! - Pietro disse imitando o som de uma cobra.

- Oxi!

- Tio 'Quis' que ensinou! - Pietro disse sorrindo e mordendo os lábios novamente.

- Escutou Mauro?

- Escutei. - Mauro respondeu rindo.

- Enfim, daqui a pouco eu passo aí!

- Beleza!

Encerrei a chamada e coloquei o celular novamente no bolso.

- Vamo tomar um banho pra ir no parque então?

- Vamo! - Pietro disse pulando da cadeira.

⏳⌛️

Estávamos prontos. Pietro estava trajando uma calça jeans, um tênis preto, uma camisa azul com algumas estampas, um boné com estampa do exército e uma jaqueta jeans para dar um charme.

Eu estava apenas com uma camisa meio amarelada, uma calsa jogger estampa de exército, um tênis preto e um ócolos de poucos graus que usava ás vezes.

- Pronto Pietro? - Perguntei enquanto saía do banheiro e adentrava o quarto surpreendendo Pietro.

O mesmo estava se incharcando do "cheirinho", como ele mesmo chamava, o perfume infantil.

Quando Pietro percebeu minha presença imediatamente depositou o perfume em cima da comôda e sorriu me fitando.

- Pietro, você sabe que não pode!

- Mas eu quelia um pouco! - Disse desmanchando o sorriso.

- Eu ia passar um pouco em você, agora ele vai ficar aqui! - Disse e logo depois coloquei o perfume na parte de cima do guarda-roupas.

- Ah não! - Pietro disse fazendo bico e cruzando os braços.

- Anão é do seu tamanhozinho. - Disse enquanto colocava Pietro sobre o meu ombro contra a sua vontade. Fui correndo com ele assim até as escadas fazendo o mesmo rir.

⏳⌛️

- Fala seu mieeerda! - Mauro disse enquanto entrava no carro.

- Mieeerda! - Pietro disse imitando-o.

- Olha aí Maurinho! - Disse rindo enquanto acelerava o carro.

- Como cê tá Pietrinho? - Mauro perguntou fazendo cócegas na barriga de Pietro e fazendo o mesmo gargalhar.

- Pietrinho é? - Perguntei olhando rápidamente para Mauro e sorri.

- É ué, o que que tem?

- Nada, é que você agora chama ele de Pietrinho, o Chris chama ele de Pietrola... Só achei engraçado!

- Ata! - Mauro disse soltando um sorriso.

Ficamos por algum tempo em silêncio até pararmos no semáforo.

- Vou voltar amanhã!

- An? - Mauro disse tirando seus olhos do celular e aparentemente tentando entender o que eu havia dito,

- Vou voltar pra Curitiba amanhã!

- Pensei que depois disso você iria ficar...

- Não Maurinho, eu tô na mesma!

- Bom, não vou discutir com você, faz o que você achar melhor!

Aquele "apoio" do Mauro era importante para mim, por mais que eu soubesse que ele não estava entendendo o motivo de eu querer voltar para Curitiba, eu sabia que ele torcia por minha felicidade.