@RodrigoLimaReis sugeriu: Seria muito interessante se falasse sobre gestos. Apontar, levantar o polegar, fazer uma reverência. Esse tipo de coisa. É muito difícil achar algo a respeito disso.
É uma ótima sugestão, Rodrigo! Há estudos que dizem que mais que 50% da comunicação humana é não verbal. E daí temos um bom ponto de partida.
Quando não incluímos linguagem corporal em nossos diálogos, fatalmente teremos uma sucessão de repetições de: ele disse, ela disse, ele perguntou, ela retrucou, etc. Então, até para evitar a monotonia desse tipo de diálogo, é muito interessante incluirmos a linguagem corporal.
Já falei aqui antes que uma das principais ferramentas do escritor é a observação. Tire um dia ou dois para observar a linguagem corporal, não só das pessoas próximas a você, mas também na TV, filmes, etc. Todas realizam os mesmo gestos? Há diferenças entre elas? Já viram como as mãos do "chama o Meirelles" (candidato presidencial em 2018) não param quietas e apontam para você com frequência?
A primeira dica é que podemos caracterizar melhor nossos personagens através do uso da linguagem corporal.
Outro fato sobre a linguagem corporal é que ela está intimamente ligada ao campo emocional das pessoas. Uma pessoa que está muito nervosa, ou encolerizada, certamente está mais propensa a demonstrar isso em seu gestos do que alguém que está calmo.
Veja como algumas emoções podem estar atreladas à linguagem corporal:
Timidez: ficar encostado em paredes/cantos, andar com a cabeça baixa, cruzar os braços, corar, evitar contato com os olhos, manter distância dos outros, etc.
Orgulho: peito estufado, ombros para trás, queixo erguido, aperto de mão firme, mãos na cintura, etc.
Medo: encolher as costas, abrir a boca, tremer, mãos tremulas, etc.
Cinismo: torcer os lábio, meio sorriso, balançar a cabeça, rolar os olhos, etc.
Raiva: apontar o dedo, cutucar com o dedo, bater a mão na mesa, corar, veias no pescoço, apertar os punhos, "morder" os dentes, mostrar os dentes, etc.
Nojo: torcer o nariz, lábios enrugados, virar-se, cobrir o nariz, fechar os olhos, etc.
Vergonha: corar, gaguejar, cobrir o rosto com as mãos, dificuldade de manter contato visual, etc.
Alegria: sorrir, gargalhar, cantarolar, balançar os braços, dançar, pular, abraçar, etc.
Tristeza: corpo caído, curvado, abraçar o próprio corpo, movimentos hesitantes, suspirar, chorar, soluçar, arrastar os pés, etc.
Choque/Surpresa: boca aberta, cobrir a boca com as mãos, olhos arregalados, sobrancelhas erguidas, colocar as palmas das mãos na cabeça, etc.
Frustração: balançar a cabeça, massagear as têmporas, passar as mãos nos cabelos com força, mostrar os punhos fechados, etc.
Então, pensando em suas observações, você pode ajustar seu diálogo para incluir linguagem corporal.
Exemplos:
"Meu Deus!" ele exclamou. Poderia virar: "Meu Deus!" ele cobriu a boca com as mãos. (Choque)
"Não, está tudo bem" ela disse. >> "Não, está tudo bem" seu corpo estava curvado e ela arrastava os pés no chão, como se arrastasse correntes. (Tristeza)
"Tudo bem, professora, não vai se repetir" ele disse. >> disse, mas não conseguia olhar para ela nos olhos. (Vergonha)
"Cara, vou te matar!" ele gritou. >> ele apontou o dedo na cara do irmão. (Raiva)
Aqui o foco foi discutir a linguagem corporal e como incluí-la em seus diálogos, mas lembrem-se, usem isso com moderação para não pesar no ritmo narrativo de sua história.
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