Capítulo 3: escolhas

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Os acontecimentos que serão contados a seguir, podem ser o início do fim, o divisor de águas, ou apenas uma parte do passado.

Os ditados populares, carregam uma grande dose de veracidade, contudo, essa dose pode ser alternada entre a fantasia e a realidade.

Sabe aquele momento em que você sabe que a voz da razão deve ser seguida? E que de alguma forma seu coração está na direção errada. Me sinto assim desde o fatídico dia em que descobri que realmente estava apaixonada pelo Hércules.

Entretanto, existem coisas que precisam ser abordadas antes disso.

O curso ia maravilhosamente bem, ou melhor, era a melhor parte de minha vida, emocionalmente eu navegava em uma mente tempestuosa. Meu bilhete único de estudante com integração chegou e não precisaria voltar de ônibus, eu economizaria alguns minutos do meu dia e também era mais favorável do que passar quase três horas em ônibus na volta e eu até tinha sorte por poder ir de trem e ônibus. Minha prima Ângela desistiu do curso. Eu ia sozinha e voltava sozinha.

Eu morava muito longe do lugar do curso. Se eu já disse isso, pode apostar que não poderei mentir sobre.

Às vezes sinto que eu sou muito inocente com a vida, com as pessoas e com a realidade.

Não riam de mim, mas eu era bem mais ingênua naquela época do que sou atualmente.

Eu cheguei até pensar que eu estava grávida, não eu não estava, não tinha feito nada para estar (é sério) ainda sim achava que estava apenas pelo fato de minha menstruação ter atrasado. Acontece com a melhores pessoas.

— Ei, você não pode fazer aula desse jeito?

A professora de educação física me falou, ao olhar que eu estava de sandálias no pé.

Obviamente, eu sabia que não poderia fazer a aula daquele jeito, isso foi a única solução rápida que apareceu para que eu não faltasse na aula e não contasse que eu estava grávida, e por um lado foi bom, eu não estava, sentia que estivesse, posso dizer que vivi mesmo que hipoteticamente uma gravidez inesperada na adolescência.

Não achando outra solução, comecei a faltar nas aulas de sábado que eram destinadas a educação física, eu estudava na semana de noite e por algum acaso a professora era mesma que dava aula para mim no ano anterior àquele, na turma da manhã não éramos forçados a fazer educação física, fazíamos alguns trabalhos, íamos bem nas provas e conseguíamos uma nota boa e isso era diferente para quem estudava no período noturno.

O meu problema com as aulas de educação física era basicamente o fato de eu ser ruim e de ter sido muito zoada pelos meus amigos alguns anos antes.

— O que aconteceu com você? Suas notas não eram assim?

Um dos meus professores falou, aquele que era o meu favorito, que dava aula de filosofia. Fiquei triste, de alguma forma eu não conseguia saber ao certo como as coisas ficaram tão complicadas, minha vida que era boa, parecia caótica, nem eu reconhecia as minhas atitudes.

— Não sei, acho que não consegui conciliar o curso com a escola.

Tentei falar, porém, minha voz saiu mais baixa do desejava e devo admitir que a veracidade ou uma total semelhança com as palavras ditas naquele dia, ou até mesmo nestes diálogos desta história, escapam entre minha memórias arranhadas com a falta de detalhes. Ainda sim, continuemos.

Eu conversava com minha mãe sobre parar com o curso e focar no ensino médio, aquele era um ano decisivo.

Ela me apoiou nessa decisão, eu precisava daquilo, não só pelas minhas notas, mas pela minha alma.

Trágica ilusãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora