Terceiro capítulo

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Após recolher as nozes que caíram, começamos a caminhar.

O esquilo não parou de falar, nem por um segundo, enquanto caminhávamos em direção à sua toca. Porém, não lhe dei muita atenção, pois estava ocupada admirando os lugares em que passávamos.

Reparei que andávamos sobre uma estradinha de pedras coloridas, ele deve ter percebido minha curiosidade, pois contou-me:

- Esta é a estrada das pedras coloridas, existem outras espalhadas pelo reino. Dizem que criada foi ela para guiar os viajantes perdidos até a capital, para que fossem bem recebidos pelos reis e rainhas no castelo de pedra. Bons tempos. – ele relata com um olhar nostálgico.

Apenas assenti, guardaria minhas perguntas para mais tarde. Ainda estava passando por um processo em minha mente, diferenciando o que era sonho de realidade.

Saímos da estradinha e andamos mais um pouco pela floresta.

- Chegamos! –ele disse saltitando – Seja bem vinda... Minhas nozes!!! Perdão, senhorita, não apresentei-me corretamente, nome meu é Buddy- ele disse apressadamente inclinando-se em um cumprimento antigo.

- Prazer Buddy, mas acho que já desconfiava- disse rindo levemente.

Havia uma portinha de madeira inclinada sobre uma pequena encosta e, em sua volta, haviam algumas pedras e flores postas a fim de decorá-la.

Ele abriu a portinha e descemos uma escada que nos levou até uma toca subterrânea.

Estava –acredito eu- em uma sala que continha uma pequena poltrona atrás de uma mesinha de centro. Do lado esquerdo da sala, havia uma lareira com uma pintura de três esquilos – um casal e um filhote- pendurada, logo, acima.

Do lado direito, uma cama de solteiro feita de madeira e bem arrumada, encostava-se na parede. E uma mini cozinha abria-se para a sala.

Todo o espaço era completamente rústico, no entanto, o tamanho da toca era, obviamente, proporcional ao morador, de forma que minha cabeça tinha que ficar abaixada.

Enquanto inspecionava o local, o esquilo já encontrava-se na cozinha preparando o chá.

- Fique à vontade, senhorita. Não repare na bagunça, Buddy não esperava visitas esta manhã. Sente-se na poltrona – inclinou a cabeça em direção ao móvel e, por incrível que pareça, eu coube. Então, pude, finalmente, aconchegar-me.

- A senhorita gostaria de comer algo também?

Eu até recusaria, porém, no momento em que ele falou em comida, ouvimos meu estômago roncar alto.

Corei levemente:

- Na verdade, eu gostaria sim, se não for incômodo. – eu disse timidamente.

- Incômodo algum! Pois bem, do que gosta a senhorita...

- Cupcake – falei a primeira coisa que veio à minha mente, minha receita favorita, afinal.

- Então, do que gosta a senhorita Cupcake?

- O que? – só, então, entendi que ele se referia ao meu nome. – Não, espere, é Anora! – disse apressadamente.

- Anora? Buddy nunca ouviu falar desta receita, a senhorita Cupcake sabe fazê-la?

- O senhor entendeu errado. Meu nome é Anora e eu gosto de cupcakes!

Acho que ele não prestou atenção no que eu disse posteriormente, pois argumentou logo em seguida:

- Bom, há uma receita deliciosa que Buddy preparou semana passada. Aliás, meu nome é Buddy.

- O senhor já me disse isso –retruquei com um leve sorriso, ele parecia ser um pouco lerdo, confesso. – Mas eu quis dizer que me chamo Anora!

-Buddy não entende mais os jovens de hoje em dia, uma hora dizem Cupcake, outra hora dizem Amora...

-ANORA!

-Como é?

- Quer saber?! Eu desisto- murmurei, tentando poupar algum resquício de paciência que em mim restava.

- Buddy fará um bolo de nozes, que tal? – Disse sorridente, propondo uma solução.

Ele está sempre de bom humor ou atua?

- O senhor conhece outra receita que não envolta nozes? –perguntei ironicamente.

-Quem é Senhor? Nome meu é Buddy, senhorita Cupcake. Esses jovens... –comentou dando leves tapinhas na cabeça – Enfim, na verdade, Buddy sabe fazer algumas receitas com castanhas do sul, avelãs e, tantas outras, com amêndoas. –disse enquanto picava algumas nozes.

- Claro – sussurrei revirando os olhos.

Depois de pronto, comemos e conversamos mais um pouco. Buddy mostrou ser alguém muito simpático, apesar da lentidão.

Sem perceber, fui fechando os olhos e, lentamente adormeci sobre a poltrona.  

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⏰ Last updated: Sep 18, 2018 ⏰

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As crônicas de AislinnWhere stories live. Discover now