1- a m n e s i a

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Capítulo Um.

I wish that I could wake up with amnesia
And forget about the stupid little things
Like the way it felt to fall asleep next to you
And the memories I never can escape
Cuz' I'm not fine at all
5 Seconds Of Summer – Amnesia

17 De Julho, 2014.

"Querido diário,

Faz hoje precisamente sete meses. Sete meses desde que saíra de Bradford. Sete meses, desde que eu deixara para trás o meu melhor amigo. Sete meses desde que deixara para trás o grupo. Sete meses desde que ele se fora embora. 

Sete meses. 

Não consigo descrever a minha dor. Não consigo expressá-la, muito menos escrevê-la. Gostava de o conseguir fazer. Dizem que se não conseguirmos falar sobre ela, descrevê-la no papel era a melhor maneira de lidarmos com isso. Porém, acho que estavam enganados. 

Quando a dor se instala na nossa mente, não há nada que possamos fazer para a afastar. Por muito tempo que passe. É bem capaz de ficar guardada no nosso subconsciente enquanto estamos ocupados a realizar outras tarefas, ou até a divertirmo-nos. Dá para nos esquecermos um pouco. Mas a dura realidade é que ela acaba sempre por voltar. 

No meu caso, é impossível tirá-lo dos meus pensamentos. 

Metade da minha vida foi passada num orfanato pacato onde fazíamos as nossas tarefas diárias e tinha apenas dois amigos em quem nunca mais pensei desde que saí de lá. Pelo menos até agora. 

A vida que estou a levar agora é melhor. Muito melhor. A Lyn recuperou passado alguns meses, recorrendo também à medicina e apesar de ter ficado com as marcas das queimaduras no seu corpo, felizmente não foi tão grave quanto parecera no dia em que me fui embora para a Escócia. Com ele. 

A Scarlet e o Harry já eram pais oficialmente. Chamaram o pequeno bebé de cinco meses, Ryan James Styles e apesar de já não os ver desde que saíra de Bradford, apostava que era a riqueza de ambos. O grupo devia estar encantado também por serem considerados tios e tias do pequeno. Apostava que se ele estivesse aqui, também ia adorar vê-lo. 

Scarlet mantinha contacto comigo desde que tudo aconteceu. Mas não era o mesmo. O grupo parecia ter receio de falar comigo e era compreensível visto que só nos aproximámos por causa dele. 

Ele. Ele. Ele. Ele. Ele. Sempre Ele. 

Não consigo tirar da minha mente a noite em que fui espancada por Zach e ele surgiu do nada, matando quem se encontrava ali menos a verdadeira ameaça, que escapara. Lembro-me de como ele cuidou de mim, de como prometeu que não se iria embora à procura de vingança. De quando ele disse que me adorava e para nunca me esquecer disso. 

Como uma despedida. 

Até ter desaparecido na manhã seguinte. E nunca mais ter voltado."

 Apercebi-me que estava a chorar quando uma lágrima molhou uma das páginas do diário. Apressei-me a secar as que se seguiam, porém não fui forte o suficiente para o fazer. Deixei que as mesmas molhassem o meu rosto e chorei com vontade soltando gemidos de dor. Um grito involuntário saiu do fundo da minha garganta e levantei-me, atirando o diário para o chão. O mesmo aconteceu com alguns acessórios que se encontravam em cima da minha secretária, até que a porta do meu quarto se abriu de rompante e senti uns braços a prender o meu corpo. Continuei a debater-me, gritando e chorando. 

 - Charlotte calma! - Reconheci a voz de Lyn mas não me conseguia acalmar. Relembrar Zayn apenas me quebrava mais por dentro e não saber se ele estava bem ou não deixava-me perto do abismo. Ela apressou-se a deitar-me na cama e quando estava prestes a levantar-me Lyn injetou-me com um líquido. 

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