EXTRA , EXTRA !

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Um pouco depois da festa da Casa Hastings

Em uma carruagem a caminho de Gloucestershire...

- Podemos quebrar-lhe as pernas, e deixar que morra de fome.
Os três irmãos olharam raivosos para Colin.
- E você acredita que os empregados da propriedade não o ajudariam? Disse Anthony secamente.

Sua fúria era reverberante, tomava todo seu ser, a ousadia daquele verme não ficaria impune.

- Não quero me demorar, se é que vocês me entendem. Preciso voltar para casa; lembrem-se sou um recém-casado.
- Pare de choramingar feito um bebezinho. Eloise, nossa irmã, uma Bridgerton fugiu. Você não entendeu a gravidade disto? Falou Benedict com um olhar congelante para Colin.
- Não é como se eu não estivesse tão revoltado quanto vocês, a questão é que estou com fome, irado, e insatisfeito. Peço desculpas. Seus olhos verdes sempre sorridentes ficaram nublados pela preocupação.
- O que faremos ao crápula quando colocarmos as mãos nele? Falou Gregory o mais jovem. Tinha a necessidade de também posicionar-se, afinal também era sua irmã.
- Estou pensando em diversas maneiras dolorosas de proporcioná-lo a maior quantidade de dor possível.
- Nisso estamos todos de acordo Benedict, só tenho que lembrá-los que como o chefe da família eu serei o primeiro a confrontá-lo. Espero que Eloise esteja bem com todas as partes no devido lugar, caso contrário ele será um homem morto ao amanhecer.

Todos se calaram diante da fúria do irmão mais velho. Anthony era o esteio da família desde a morte do Visconde, e aprendera cedo demais a honrar com suas responsabilidades. Parecia mais velho do que realmente era com o aspecto soturno.

- Estamos entendidos? Voltou a perguntar. Ele é meu! Depois cada um terá o seu tempo.
- Concordamos. Responderam em uníssono.

A carruagem caiu em silêncio. Os irmãos que sempre se apoiaram em qualquer circunstancia, estavam inquietos , emanando raiva em ondas.

Anthony pegou seu diário e tentou escrever, sentia-se frustrado, raivoso. Quebrou a primeira pena com a pressão de seus dedos, sem se quer perceber, jamais imaginou-se em tal situação. O que passou com Daph muitos anos antes tinha-o deixado alarmado, raivoso, mas nada se comparava ao que sentia agora.

Começou a escrever ...

Falhei. Falhei com minha família que é tudo o que mais prezo. Eloise fugiu para encontrar-se com um crápula que nem se quer conhece. Pergunto-me onde errei; na vigilância, nas conversas que deveria ter com ela, em perceber quais eram os seus anseios? Penso até me exaurir as forças e não chego a nenhuma solução plausível.

Sempre fomos uma família incomum, isso é óbvio. Tantos filhos, uma mãe amorosa, privilégios, união, mas ainda assim não entendo o que a levou a deixar o conforto de nossa residência para aventurar-se a Gloucestershire às escondidas. Obviamente eu a impediria de cometer tal disparate, mas me esforçaria para encontrar um bom marido, um que a cortejasse como se deve, mas nunca um que não se dignou a me pedir permissão para visitá-la.

Diante das evidências, só posso concluir que seja um aproveitador, afinal um homem honrado não agiria assim.

Sinto uma ira desenfreada dele e confesso que não estou satisfeito comigo mesmo, pois a falha em minha vigilância gerou este inconveniente. Agora resta-me buscá-la e levá-la de volta a mamãe. Só de pensar em minha querida mãe, fico com o coração em frangalhos, sua imagem desolada, suas lágrimas e suas palavras estão gravadas em minha memória ...
- Traga-a de volta Anthony. Sem julgamentos, independente do que seja, apenas traga-a para mim.

Cumprirei o que lhe prometi, levarei Eloise para casa sã e salva ou não me chamo Visconde Bridgerton.

Diário do Visconde Bridgerton - COMPLETA Onde as histórias ganham vida. Descobre agora