Capítulo VI

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15 dias após o casamento de Daphne

Inacreditável, com mil demônios!!! Acreditava que os dramas com Hastings haviam sido superados após o casamento, pois bem, aquele crápula voltou a fazer minha irmã sofrer. Ela está em Londres e SOZINHA! Esperei duas semanas inteiras antes de invadir sua casa e questionar onde havia se escondido aquele infeliz, e com toda certeza essa espera será cobrada em forma de socos e desmembramento. Arrependimento é o que sinto, deveria tê-lo acertado no duelo, pouparia a dor que ele está causando a Daff.

A raiva fazia torvelinho em meu corpo, consumindo minha razão, enfrentei e despejei um pouco de meu ódio nos empregados da casa Hastings- mamãe se sentiria envergonhada diante de minha postura - , mas meu foco estava em minha irmã, em seu sofrimento, em tudo que ela teria de enfrentar. Mas meu ódio se abrandou quando a vi, em sua sala particular selando uma carta. Sua postura derrotada deixou-me em alerta, e senti meu corpo ser tomado por outra coisa, já não importava Hastings, eu queria trazer o sorriso a seus lábios de novo. E isso eu farei.

Questionei sobre o canalha de seu marido, e ela ainda o protegeu, o PROTEGEU, aquele que a tinha abandonado em Londres e estava sabe-se lá onde. Tenho de dar créditos a ela, sua postura desarmou-me, minha raiva assassina diminuiu um pouco, lembrei das inúmeras vezes que a tive em meus braços por conta de um arranhão, uma briga com Colin, antes de ela aprender a se defender, aquela garotinha se tornou uma mulher, determinada e forte. Mais uma vez em menos de um mês me sinto velho, esgotado, impotente.

Aceitei seus argumentos para não agir com violência com Hastings, não que sua imagem em diferentes graus de esfoliações não continuem a povoar minha mente, mas diante de minha promessa irei me refrear, Daphne havia me feito prometer. Parti em seguida de sua casa para a propriedade nos confins da Inglaterra para achar o biltre.

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40 horas depois, frustrado e pensativo, e sacolejando em uma estradinha longe de Londres...

Quilos de pó me distanciam do que seria a imagem de um Visconde respeitável, mas sinto que finalmente pus juízo na cabeça de Hastings. Não entendo... Estava tão desolado quanto Daphne e ainda assim, se mantinha em uma propriedade sem importância, e longe do objeto de sua desolação.

A vontade de trucidá-lo também se esvaiu - não esvair é um exagero - ela arrefeceu , quando vi meu amigo de outrora jogado em sua biblioteca. Suas feições estavam desfeitas, e quando conversamos, não tratou de esconder-se em uma fachada de indiferença. Quando sinalizei que havia trazido junto comigo uma carta, percebi seu leve tremor de mãos, não poderia ser uma reação fingida. Ele estava sofrendo. Seus olhos estavam confusos, nunca o vi em todos os anos que passamos juntos daquele jeito. Até senti pena por alguns minutos, só por alguns minutos claro, ele está fazendo minha irmã se tornar alvo de escárnio com suas atitudes. Não o deixaria se safar, chamei-o a consciência, se aquilo que se apresentou na casa Hastings era amor, e o que esteve a poucos minutos bem a minha frente também era, eles teriam que arrumar a situação o quanto antes.

Fiz o que era esperado de mim, coloquei juízo em sua cabeça dura, mas não iria fazê-lo voltar com uma pistola a suas costas, ele voltaria para provar a Daphne que a ama de verdade. Cansado e com o humor de cão voltarei a Londres e tentarei acalmar mamãe. Ele realmente está sofrendo, se isso não é um bom sinal, não sei o que é.

#AntonyBridgerton

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