" Estar morto por dentro, é se sentir despedaçar. "
É, eu sabia como era...
Ninguém deve ter medo da morte. Quando morremos estamos apenas sob um estado de consciência permanente. Mas o que te mata e a sua vontade de matar a si mesmo, afogando a própria realidade.
Eu me suicidei, já senti a sensação de ter uma corda no pescoço, o que é muito suficocante. É engraçado usar esse verbo "sentir". Sou apenas um lago flutuante. Saber que não sinto mais nada me consome a ponto de me deixar mais profunda. Sim, eu sou profunda e invisível. Isso prova que nada muda depois da morte física, você continua sendo um mísero pedaço de grão e água. Sou mesmo invisível, e isso parece me confortar agora. Tanto viva quanto morta, fui deixada de lado. Acho que é por isso que me acostumei tão rápido com a nova forma.
Afinal, foi uma escolha minha.
A casa dos DeVoe é mais linda do que eu observava no baile. Da última vez que estive aqui, meu vestido era bordado de pedras e atingia um vermelho. Algo vivo, como sangue. Aquele traje era para combinar com o de Cher, que usava uma gravata borboleta. Meu vestido era mais cheio do que esse que visto. O branco, o vestido da noiva dele.
Sou uma boneca de porcelanato. Um móvel desta casa agora presa sob o peso dessas correntes acizentadas. Meus pulsos parecem estar mais apertados só que não tenho mais pele. Disso a garota loira esquece porque ela pensa que tudo isso é real. "Ele não é real" quero gritar. Queria poder estar sangrando. Fui burra quando amei ele, um garoto que nem sequer mais existe. Charles DeVoe é um servo da morte, assim como eu.
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Sonhadora Alma - Conto (Concluído)
Short StoryO Ensino Médio é na verdade uma etapa catastrófica e selvagem, mas também é um caminho que marca boas lembranças, melhores amigos e bilhetinhos anônimos. Brenna não é só uma patricinha, para uma garota de 17 anos e meio tem uma reputação ótima qua...