Prólogo

453 39 3
                                    

Althea, Muíça


Os soldados gritavam e eram muitos. O campo de batalha se estendia para o horizonte em todas as direções, menos às suas costas, onde ficava a fortaleza.

Juliet não tinha previsto como a cena seria aterradora. A guerra nua e crua. Havia muitos soldados, em ambos os lados. Ela pensou que seriam linhas de exército, fileiras avançando sobre a terra batida da ilha, e não caos generalizado em todos os lugares. Definitivamente, não soldados no porto e na costa, explodindo o seu poder de fogo contra o exército inimigo que brotavam dos navios para a terra firme.

Tinha até mesmo um navio enganchado em direção ao horizonte, cercando qualquer saída que ligava a ilha de Althea a sua capital. E na baía... As águas da baía estavam vermelhas. Pedaços sombrios do que uma vez foram soldados.

Seu olhar se perdeu no horizonte, na linha entre as águas escuras e as terras para o lado de lá da capital, um segundo a mais do que devia. Nenhum sinal de Liam, do seu pai tampouco.

Ela assentiu com a cabeça. Estava sozinha nessa. Seu coração batia a galope, as suas palmas se tornando suadas, o cheiro fétido da morte e pólvora, mas ela tinha nas mãos um arco e uma aljava nas costas, não era mesmo? Não estava tão completamente indefesa, nem tampouco indisposta a fazer algo.

Avaliou o aperto que mantinha no arco. Nunca havia matado um ser humano, nem ao menos tinha ferido algum, mas ela estava disposta a mergulhar na guerra que batia à sua porta. Por causa da Muíça e pelo povo que aprendera a amar, faria isso.

Pensando sobre isso, Juliet atirou no navio a primeira da sucessão de flechas de fogo que tinha consigo. Roberta lhe disse que se há uma coisa que coloca o medo do futuro num marinheiro, é incêndio a bordo em seu navio. Navios estão cheios de corda alcatroada e lona seca e pinhal. Eles queimam ao primeiro sinal de uma chama.

Então, que essa chama fosse ela.

A Joia da RainhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora