6° capítulo

Depuis le début
                                    

Ele vira o restante na boca e deixa o copo em cima da bancada, depois se volta para mim sorrindo, como se tudo isso fosse bastante natural.

Meu rosto queima de raiva por ele ser tão abusado.

Quem ele pensa que é para invadir a casa dos outros assim?

— Você é um abusado! — O empurro com toda a força que tenho. Ele cambaleia incerto para trás. — Como entrou aqui?

Rafael se recompõe rapidamente, rindo de si mesmo.

— Dã, pela porta — gargalha. — Meu Deus, você só faz perguntas óbvias!

— Eu vou te dar dez segundos pra você sair daqui, senão, vou chamar a polícia — digo entredentes, sem nenhuma vontade de entrar em seu joguinho doentio.

Para me contrariar, Rafael se escora na parede, cruzando as pernas e os braços, como se duvidasse se realmente tenho coragem.

Eu tenho!

Corro até o telefone fixo que fica em cima de uma mesinha ao lado do sofá. Quando as pontas dos meus dedos raspam nele, sou puxada bruscamente para longe do mesmo. Rafael gira meu corpo para que eu fique de frente para ele. Seu aperto em minha cintura se intensifica, colando ainda mais nossos corpos, me causando arrepios.

Droga. Lembra da lista, Luisa. É só lembrar da lista.

Ele está tão perto que posso ver a íris dos seus olhos dilatarem rapidamente. O seu perfume invade minhas narinas e eu rezo mentalmente para não fraquejar em seus braços.

— Me solta agora, se não vou começar a gri... — Rafael força sua mão contra minha boca, me impedindo de terminar a frase.

— Eu vou soltar você, tá bem? Mas não grita — avisa. — Eu vim em paz!

Rafael retira a mão da minha boca e seu aperto em minha cintura se afrouxa.

— Nunca é paz quando se trata de você!

— Tem razão — concorda. — Mas hoje é, pode acreditar em mim.

Rafael se joga em meu sofá, como se estivesse em sua própria casa.

— Você tem que ir, se meus pais acordarem... — Eu nem preciso terminar de falar, pois Rafael sabe o que aconteceria.

Não gosto nem de imaginar, se meu pai resolve beber água ou sei lá o que e dá de cara com este folgado jogado no nosso sofá.

— Eu sei, eu sei! — Rafael inclina a cabeça no encosto do sofá, parecendo entediado. — Por isso a gente vai falar baixinho — sussurra, rindo de si mesmo. Claramente a bebida já subiu para seu cérebro.

Suspiro fundo, tentando ter paciência para aturar toda esta situação e não perder a cabeça para não acordar meus pais.

— Temos alguns assuntos pendentes, não? — anuncia, sério. Sem brincadeira, sem risadas, sem ironias, sem desdém.

E aqui está ele tentando tocar em minha ferida outra vez.

E aqui estou eu doida para me esconder no quarto outra vez.

Como não se apaixonar Où les histoires vivent. Découvrez maintenant